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Transparência

Empresa que fraudou vistoria nega que ex-diretor do Detran-MS seja o dono ‘verdadeiro’

Mais um capítulo na ‘novela’ das vistorias veiculares em Mato Grosso do Sul. Desta vez, a empresa Focar, protagonista no inquérito civil que apura denúncias de irregularidades e suposta omissão do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito) na fiscalização das credenciadas, negou que um ex-diretor do órgão estadual seja o verdadeiro dono. Também alegou perdas financeiras […]
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Mais um capítulo na ‘novela’ das vistorias veiculares em Mato Grosso do Sul. Desta vez, a empresa Focar, protagonista no inquérito civil que apura denúncias de irregularidades e suposta omissão do (Departamento Estadual de Trânsito) na fiscalização das credenciadas, negou que um ex-diretor do órgão estadual seja o verdadeiro dono. Também alegou perdas financeiras e desgaste com a diretoria do órgão para pedir, no fim do ano passado, a mudança no quadro societário.

Funcionários da empresa foram filmados ‘dando um jeitinho’ para aprovar, em poucos minutos, carro com motor fundido, sem bateria, guinchado até o pátio e que sequer tinha equipamentos elétricos, como luzes de sinalização, funcionando em vistoria para emissão de segunda via, em 30 de maio.

Após a veiculação da reportagem, a empresa teve as atividades suspensas por duas ocasiões, primeiro por 15 e depois por 45 dias, viu-se alvo de inquérito ‘desarquivado’ pelo MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e levou a suspensão de todas as credenciadas do Estado, até que, dias depois, a liminar foi derrubada pelo presidente do TJ-MS (Tribunal de Justiça), desembargador Divoncir Schreiner Maran.

O então dono oficial da empresa, Antônio Gregório, chegou a admitir que o procedimento irregular foi feito e que não foi um caso isolado. “Às vezes a gente até faz, como o carro é novo, o motor tá [sic] estragado, às vezes até isso aí. Não é um procedimento certo, mas às vezes acontece, admite”. “Às vezes a gente até faz uma vista grossa”, confirmou.

Já no fim de 2018, meses após a divulgação das imagens, Gregório informou ao MP-MS que o “jeitinho” não teria causado nenhum prejuízo às partes, e disse que “sempre zelou” pelas normas do Detran-MS. Ainda reclamou que, com o caso se tornando público, a empresa estaria sofrendo “desgastes”. Gravado em vídeo, o flagrante não deixa margem para dúvidas: mostra o carro entrando na carroceria de um guincho para ser ‘aprovado’.

Nega ser ‘laranja’ de ex-diretor do Departamento

Em sua defesa, Gregório negou ser ‘laranja’ do ex-diretor de Registro e Controle de Veículos do Detran-MS, Nelson Gonçalves Lemes, argumentando que ele seria apenas “assessor empresarial” da Focar, negando suposto conflito de interesses em sua contratação, já que teria respeitado a “quarentena” de seis mesmo prevista na Lei 12.813/2013, não restando, desta forma, nenhum impedimento.

Nelson Gonçalves foi nomeado para o cargo em comissão de diretor para gerência de segurança de trânsito e registro de veículos no Detran-MS em fevereiro de 2007 e exonerado em julho de 2014.

A suspeita de que Nelson seria o verdadeiro dono da empresa já tinha sido levada às autoridades, e chegou a ser apurada pela Corregedoria de Trânsito do Detran-MS, cuja titular à época, Alexandra Maria Favaro, concluiu, em janeiro de 2016, ‘não ser possível comprovar’. O trabalho da Cotra antecipou o que disse a empresa agora: que ele seria apenas “assessor empresarial” da empresa, com capital social de R$ 72,4 mil.

Desgaste com a diretoria do Detran-MS

No pedido de alteração no quatro societário, os representantes da empresa alegam desgaste com o Detran-MS, tanto instituição quanto diretoria, pela repercussão das reportagens, além de gastos até então não esperados para contratação de funcionários para atender novas exigências da inspeção, como filmagem de todo procedimento, moldadas justamente após os flagrantes.

A empresa também alega “constrangimento do proprietário”, prejuízos causados a marca Focar pela repercussão negativa dos ‘acontecimentos’, perda de clientes e dificuldade de relacionamento com membros da Assovis, pelo aumento no valor repassado a OXXY para utilização do Sistema de Vistorias.

Ainda lista “instabilidades financeiras e emocionais” no quadro de pessoal pela paralisação por 60 dias, como punição pela irregularidade constatada pela investigação interna do órgão, consequente perda de produtividade, além de despesas indenizatórias pela demissão de dois funcionários.

Com a troca de sócios, e empresa quer garantir que o que chamou de “fato” não prejudique o recredenciamento no Detran-MS, previsto para novembro de 2019. O inquérito ainda está em curso, mas corre em sigilo. A reportagem tentou contato, por telefone, com Antônio Gregório e Nelson Gonçalves, mas até a publicação deste material não obteve sucesso e aguarda posicionamento.

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