Deputado deve ser ouvido como testemunha de ex-segurança da Governadoria
Deputado estadual Barbosinha foi secretário de Segurança no mesmo período das investigações. (Foto: Luciana Nassar/ALMS)

O deputado estadual José Carlos Barbosa, o Barbosinha (DEM), foi intimado pela Auditoria Militar a depor como testemunha convocada pela defesa do 2º sargento da Polícia Militar Ricardo Campos Figueiredo. O depoimento está marcado para o próximo dia 1º de outubro, e será feito por videoconferência de Dourados.

Ex-agente de segurança velada do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), Ricardo Campos responde a processo pela prática dos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, após denúncia do Ministério Público e da Justiça Militar Estadual.

A ação é decorrente das investigações relativas à Operação Oiketicus, deflagrada em maio deste ano pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que apurou delitos praticados por policiais militares do Estado que atuavam na chamada “Máfia dos Cigarreiros”, formada para dar suporte a contrabandistas de cigarros.

As apurações começaram em abril de 2017 e, conforme a denúncia do Gaeco, concluíram que os cigarreiros agiam associados desde o início de 2015. Neste período, Barbosinha comanda a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). Ele deixou o cargo no fim do ano passado para retornar à Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

Como tem domicílio em Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande, Barbosinha prestará depoimento na sala de videoconferência da vara criminal do município douradense. Além do deputado, os advogados das partes, a Defensoria Pública e o Ministério Público também foram intimados pelo juiz Alexandre Antunes da Silva, da Auditoria Militar de Campo Grande.

A reportagem tentou contato com o deputado Barbosinha para saber os motivos de ter sido convocado pela defesa de Ricardo Campos, porém, as ligações não foram atendidas.

Prisão

Figueiredo foi preso no dia 16 de maio acusado de obstrução de Justiça e por porte ilegal de armas. Chegou a ser solto no dia 19, mas voltou à prisão no dia 24 de maio, quando o MP-MS (Ministério Público Estadual) recorreu e requereu a detenção, alegando que ele destruiu celulares enquanto agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) cumpriam mandado de busca e apreensão na residência do PM.

Ao todo, a Operação Oiketicus prendeu 29 policiais militares, entre praças e oficiais, por supostamente integrarem esquema de contrabando de cigarro na região fronteiriça.  Eles foram acusados dos crimes de corrupção passiva, cuja previsão de pena é 12 anos de prisão mais multa, e organização criminosa com pena de até 8 anos de reclusão.

Outros processos

Ricardo Campos Figueiredo reponde a processo por obstrução de Justiça ao destruir celulares que deveriam ser apreendidos no dia da operação e tem uma segunda denúncia por porte ilegal de armas apresentada pelo promotor Clóvis Amauri Smaniotto em 15 de junho.

O promotor afirma que no dia da operação em que o sargento destruiu os celulares, no dia 16 de maio, ele tinha em sua posse um revólver calibre .44 de fabricação espanhola, nove munições de fuzil 762 e uma pistola calibre .40 niquelada com dois carregadores e sem munições.

Todas as ações correm em segredo de Justiça.