Alvo do Gaeco, Minerworld é questionada na Justiça por prejuízo de investidor

Aposentado investiu em novembro de 2017 e só recebeu rendimentos uma vez

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Aposentado investiu em novembro de 2017 e só recebeu rendimentos uma vez

Desde que a empresa Minerworld deixou de pagar rendimentos a associados que investiram dinheiro em troca de bitcoins, em outubro do ano passado, a insatisfação dos usuários começou a crescer. Além de desabafos em rede social e sites especializados em reclamações, muita gente iniciou mobilização para ingressar na Justiça com ações contra a empresa. Enquanto as ações coletivas não são ajuizadas, já tem campo-grandense recorrendo ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) contra os prejuízos causados pela mineradora de moeda digital.

Nesta terça-feira (17), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) deflagrou a Operação Lucro Fácil, que cumpriu oito mandados de busca e apreensão em Campo Grande e São Paulo. Os endereços eram todos ligados à Minerworld e para o promotor  Luiz Eduardo Lemos de Almeida, há indícios de que a empresa operava no modelo de pirâmide financeira.

Em consulta no sistema do TJMS, já é possível encontrar uma ação judicial de associado à empresa que se viu no prejuízo após investir em bitcoins por meio da Minerworld.

O Jornal Midiamax apurou que aposentado de 69 anos procurou a 7ª Vara do Juizado Especial em Campo Grande para ingressar com ação de obrigação de fazer. O aposentado conta ter investido R$ 8,8 mil em bitcoins em novembro do ano passado.

A promessa da Minerworld era que mensalmente o associado receberia R$ 1,4 mil e que ao final de 12 meses o valor investido teria rendido o dobro. No entanto, o aposentado recebeu apenas R$ 1,3 mil uma vez, e até este mês de abril nenhum novo pagamento foi feito pela empresa.

Sobre o atraso, a justificativa da mineradora ao aposentado, assim como para outras centenas de associados, foi de que valores investidos na Miner teriam sido roubados em ataque hacker.

Diante do impasse, a juíza Patrícia Kelling Karloh marcou para o próximo dia 8 de maio audiência de conciliação entre o aposentado e representante da mineradora. De acordo com o sistema do TJMS, essa é a primeira ação de associado da mineradora que questiona judicialmente os prejuízos.

Outro lado

Em resposta à ação do Gaeco, a assessoria de imprensa da Minerworld informou que “não é, nem nunca foi, uma pirâmide financeira. A empresa foi, sim, vítima de uma fraude no trader americano Poloniex, em outubro do ano passado, no valor total de 851 bitcoins – cerca de R$ 23, 8 milhões pelo câmbio de hoje, 17 de abril de 2018. Desde então, a Miner passou a ter dificuldades para realizar seus pagamentos em dia”. 

Alvo do Gaeco, Minerworld é questionada na Justiça por prejuízo de investidor

Investigações e denúncias

Desde que surgiu em Mato Grosso do Sul com promessa de lucros de 100% e recuperação do investimento inicial em até um ano, a empresa Minerworld Company tem sido acusada de ser um esquema ponzi, ou seja, uma pirâmide financeira na qual o dinheiro dos novos integrantes ‘alimenta’ as recompensas das pessoas que estariam no topo. Não é à toa que os donos da empresa costumam ser chamados de faraós nas redes sociais e em grupos virtuais que efetuam denúncias. A empresa, no entanto, nega que seja pirâmide e diz que atua em esquema de MMN (Marketing Multinível), no qual os rendimentos seriam proporcionais ao número de envolvidos na rede de cada investidor.

A Minerworld se tornou alvo de investigação da polícia paraguaia em maio de 2017, a partir de acusação de que teria aberto empresa de fachada no país vizinho, além de estabelecer contratos sem respaldo legal. É onde a empresa afirma ter sede. O CNPJ brasileiro, no entanto, oculta que a companhia atue no ramo de mineração de bitcoins e informa apenas oferecer suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia de informação.

Em suas notas oficiais, a Minerworld afirma que sua sede é no Paraguai. No entanto, além da Minerworld, uma outra empresa, Bit Ofertas de Informática, que é o exchange (o câmbio) da troca de bitcoins da empresa por dinheiro estatal, funciona em um edifício empresarial, localizado na rua 15 de Novembro, em Campo Grande.

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