Desde sua interdição, o Edifício Anache começou a despertar a cobiça de vândalos que enxergam no local uma oportunidade para abrigo e realização de furtos. No final de abril deste ano, as sessenta famílias que moravam no prédio tiveram que desocupar os apartamentos, seguindo uma decisão judicial da Vara de Fazenda Pública e Registros Públicos, que tem à frente, o juiz Eduardo Eugênio Siravegna Júnior. A decisão foi baseada em laudos técnicos que explicavam a grave situação da construção em razão dos problemas estruturais, hidráulicos, elétricos e de segurança.

Nos últimos dias, o prédio sofreu invasão e, se o estado de conservação já era ruim, tornou-se crítico. Para entrar no local, os vândalos quebraram vidros e retorceram grades da área do cinema que fica instalado no térreo, de onde tiveram acesso ao interior de todos os andares.

Em cada piso, portas arrombadas, algumas retiradas, destruição e sujeira. Mesmo não estando em condições ideais, a fiação elétrica foi furtada, assim como a bomba d’água, padrões de energia elétrica e objetos do interior de alguns apartamentos.

Sebastião Meneguella, um dos mais antigos moradores do edifício, conta que o imóvel dele só não foi alvo dos furtos porque reforçou as fechaduras antes de desocupá-lo. Ele disse que os proprietários temem que a presença dos vândalos no local cause problemas mais graves ainda.

“A gente encontra aqui vestígios de que queimaram alguma coisa, que teve fogo e se isso gerar um incêndio? Vai ser catastrófico porque é um espaço cercado de outras residências e prédios públicos, no centro da cidade”, disse ao Diário.
O advogado Fernando Cavalcante, proprietário de apartamento e gestor para reforma do prédio, contou que presenciou um homem levando uma das portas pela rua Delamare. “Fui atrás e fiz o cara devolver a porta”, disse ao explicar que, há cerca de um mês, foi realizada uma reunião preliminar com os proprietários a fim de traçar diretrizes para a reforma.

Devido aos episódios de depredação, ele afirma que uma nova reunião será convocada em caráter de urgência com o objetivo de que se aprove a convenção de condomínio, que não existia no prédio.

“Não podemos fazer nada sem que seja constituída a convenção. A primeira coisa que vamos fazer é contratar três empresas para fazer um orçamento e começarmos a reforma”, falou ao ver como opções para impedir, de forma imediata, o acesso ao local a contratação de um guarda ou o início das obras, tendo como ponto de partida a substituição das portas e grades danificadas no térreo.