A 38ª Vara Criminal do Rio determinou na tarde desta quinta-feira (8) a transferência do goleiro Bruno e seu amigo Luiz Henrique Romão, conhecido como Macarrão, para Minas Gerais, onde está sendo investigado o desaparecimento de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. O pedido havia sido feito pela Polícia Civil mineira.

A decisão é do juiz Jorge Luiz Le Cocq. Bruno e Macarrão estão no presídio Bangu 2, na Zona Oeste da cidade. “No sentido que o crime de sequestro é conexo com o homicídio, a competência é do Tribunal do Júri de Contagem, Minas Gerais” disse em sua decisão.

“A Justiça do Rio acaba de determinar, atendendo ao nosso anseio, o recambiamento de Bruno e Macarrão para Minas”, confirmou a chefe da Divisão de Homicídios de Contagem, Ana Maria dos Santos. Ela não descarta a participação dos suspeitos em acareações e reconstituições no decorrer do caso. Ainda segundo Santos, um pedido de transferência semelhante já está em curso na Vara da Infância e Juventude do Rio para que o menor, que foi ouvido na terça-feira (6), também seja levado para Minas.

Segundo a delegada-adjunta da Delegacia de Homicídios de Contagem, Alessandra Wilke, há um mandado de prisão temporária contra Bruno expedido em Minas Gerais. “Temos um mandado de prisão temporária expedida pela vara do Tribunal de Justiça de Contagem com prazo de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias”, afirmou.

Suspeitos chegam a Bangu

Bruno e Macarrão chegaram pouco antes das 14h30 ao Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu. Na entrada, pessoas gritavam “assassino”.

Eles antes passaram no Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro (IML), onde fizeram exame de corpo de delito. Os dois, suspeitos de envolvimento no desaparecimento de Eliza Samudio, ex-amante do jogador, foram transferidos da Divisão de Homicídios do Rio pouco antes das 13h desta quinta-feira (8).

Segundo a Secretaria de estado de Administração Penitenciária (Seap), Bruno e Macarrão estão na Penitenciária Alfredo Tranjan (Bangu 2). A prisão é temporária e, a princípio, Bruno e Luiz Henrique devem ficar na unidade prisional durante cinco dias.

A Seap informou que a penitenciária dispõe de celas individuais. Por isso, eles ficarão isolados, com o objetivo de zelar pela integridade física de ambos. A unidade tem mais dez presos em celas idênticas, na mesma galeria, tendo em vista o tipo de delito cometido. O efetivo geral da unidade é de 950 presos e todos têm o mesmo tratamento, independentemente de estarem em celas coletivas ou individuais.

Segundo depoimento de um menor também envolvido no caso, Eliza teria sido levado do Rio para Minas Gerais e morta. O menor, que foi até Minas ajudar nas investigações, já retornou ao Rio e está em um centro de triagem e recuperação na Ilha do Governador.

Novo advogado

O advogado que defendia o goleiro, Michel Assef Filho, afirmou nesta manhã que está deixando o cargo. Assef disse que estava defendendo os interesses de Bruno porque ele era um “patrimônio do clube e um dos atletas mais caros do Flamengo”. Uma vez que o advogado trabalha para o Flamengo e o clube decidiu pela suspensão do contrato dele, há conflito de interesses, segundo Assef.

Segundo o advogado, ele não entrou com pedido de habeas corpus para o goleiro. Assef informou ainda que quem assume a defesa do goleiro é o advogado Ércio Quaresma, de Minas Gerais, que já defende a mulher de Bruno e Macarrão.

Bruno nega as acusações

Michel Assef Filho disse que o atleta negou, na noite desta quarta-feira (7), acusações contra ele feitas por um menor de idade. Ele disse que o goleiro está “estarrecido” e afirmou desconhecer os fatos contados em depoimento pelo menor ouvido na terça.

As declarações do advogado foram dadas em frente à DH pouco antes das 22h de quarta. “Ele respondeu a todas as perguntas, mas se limitou a dizer que desconhece os fatos e não tem nada a dizer sobre o inquérito que está instaurado aqui. Sobre o de Belo Horizonte, vou tomar conhecimento dos autos amanhã”, disse Assef. Ele disse ainda que o goleiro deverá ser levado para Minas Gerais. Segundo o advogado, o menor morava na casa de Bruno na Barra da Tijuca.

Denúncia

O Ministério Público do Rio de Janeiro ( MP-RJ) denunciou na quarta Bruno e Macarrão por sequestro e lesão corporal, no ano passado, de Eliza Samudio. Na denúncia, o promotor Alexandre Murilo Graça, da 17ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal da 1ª Central de Inquéritos, alegou que, em outubro de 2009, os dois sequestraram Eliza Samudio, que estava grávida, e tentaram forçá-la a abortar.

Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), se condenados, Bruno e Macarrão podem pegar de dois e a oito anos de prisão, pelo crime de sequestro e cárcere privado, agravado pelos maus-tratos contra a vítima, e de três meses a um ano, por lesão corporal.