Justiça deve receber na 2ª feira inquérito sobre matança de onças no Pantanal

Deve ser encaminhado para a Justiça Federal na próxima segunda-feira, 02 de agosto, o inquérito da Polícia Federal de Corumbá que investiga a matança de onças no Pantanal de Mato Grosso do Sul e em outros dois estados brasileiros. Onze pessoas estão presas, duas delas na delegacia da PF corumbaense, outros dois acusados permanecem foragidos. […]

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Deve ser encaminhado para a Justiça Federal na próxima segunda-feira, 02 de agosto, o inquérito da Polícia Federal de Corumbá que investiga a matança de onças no Pantanal de Mato Grosso do Sul e em outros dois estados brasileiros. Onze pessoas estão presas, duas delas na delegacia da PF corumbaense, outros dois acusados permanecem foragidos. A partir da prisão, o prazo de conclusão das investigações – na esfera federal – é de 15 dias.

“O inquérito está sendo preparado com todas as provas colhidas e devo relatar até segunda-feira da semana que vem”, disse a este Diário o delegado Alexandre Nascimento, responsável pelo caso. Depois de concluído, o processo segue para a Justiça Federal, que o repassa ao Ministério Público Federal (MPF). O órgão avalia os autos e decide se oferece ou não a denúncia à Justiça.

Entre os 11 presos – sendo quatro argentinos e um paraguaio –, oito estão em Sinop (MT) e um em Curitiba (PR), além dos dois presos nas celas da Polícia Federal de Corumbá. “Todos vão permanecer nos locais onde estão presos até a Justiça decidir pela conveniência ou não da remoção deles” esclareceu o delegado.

Nascimento adiantou que até a entrega do inquérito, novos elementos podem surgir. “Ainda não está fechado, podem ser abertas novas investigações sobre outras pessoas que forem surgindo no decorrer da investigação”, argumentou o delegado responsável pela condução do caso.

Um biólogo do Ibama, de Brasília, virá a Corumbá para periciar o material apreendido. “Ele vem para fazer levantamento do material que foi apreendido e dos animais, para lavrarmos os autos de infração e verificarmos as origens”, explicou o delegado da PF. Ele deve estar na cidade nesta quinta-feira, 29 de julho.

Operação Jaguar

Batizada de Operação Jaguar, a ação foi deflagrada no dia 20 de julho em Curitiba, Cascavel e Corbélia, cidades do Paraná; em Rondonópolis, Mato Grosso; Miranda e Bodoquena, em Mato Grosso do Sul. Toda a operação foi coordenada de Corumbá, onde começaram as investigações.

Durante quase um ano, o grupo foi monitorado pelos agentes da PF. Ficou constatado que eles traziam europeus e sul-americanos ao Pantanal, especificamente para caçar a onça, um dos maiores felinos das Américas. Só o chefe da quadrilha, Eliseu Augusto Sicoli, é acusado de ter matado 28 animais no ano passado. Somados os demais integrantes, a matança pode superar os 100 animais.

Sicoli é apontado como dono de uma empresa especializada em organizar safáris na África. Seus clientes pagavam até 1.500 dólares pelos safáris em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Se desejassem levar os animais como troféus pagavam mais.

Segundo o delegado responsável pelo inquérito, boa parte do grupo é de pessoas com alto poder aquisitivo. Eles vão responder por crimes de matança e perseguição de animais silvestres no exercício da caça profissional; maus tratos a animais silvestres; porte e posse de arma de fogo de uso proibido; formação de quadrilha e receptação. Se condenados, a pena mínima é de 8 anos de reclusão. Durante a ação, os investigadores também apreenderam mais de 60 armas de grosso calibre e uso restrito; munição; computadores; além de animais empalhados e couro de espécies da fauna brasileira e de outros países.

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