Corregedoria do CNJ dá prazo de 5 dias para TJ-MS explicar citações de Rigo no youtube

Órgão que controla a atuação administrativa e financeira dos tribunais quer justificativa da corte de MS que, segundo o parlamentar, teria trocado dinheiro por “favor”

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Órgão que controla a atuação administrativa e financeira dos tribunais quer justificativa da corte de MS que, segundo o parlamentar, teria trocado dinheiro por “favor”

A corregedoria do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), órgão que supervisiona a atuação dos magistrados brasileiros, pediu providências ao TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) acerca do vídeo exibido no youtube em que o deputado estadual Ary Rigo, do PSDB, disse que dinheiro da Assembleia Legislativa era trocado por favores com um desembargador da corte estadual. O procedimento deve ser cumprindo, segundo o órgão, num prazo de cinco dias.

A assessoria de imprensa do TJ-MS confirmou o comunicado do CNJ, mas não comentou o caso.

A solicitação da corregedoria foi anunciada nesta segunda-feira pela assessoria de imprensa do órgão, em Brasília. A questão será tratada em sigilo.

O vídeo que foi parar no youtube, maior rede de compartilhamento de vídeos pela internet, foi gravado pelo jornalista Eleandro Passaia, ex-secretário de Governo de Dourados.

Passaia gravou o material com equipamentos da Polícia Federal. Ele agiu como infiltrado.

Note alguns dos trechos que o parlamentar insinua que possuiria influência sobre o Poder Judiciário.

“Então o que o Ari Artuzi [prefeito de Dourados, preso no início do mês por corrupção] precisa… O grande trabalho que acho que fiz pro Artuzi além de segurar ele juridicamente foi fazer que André (Puccinelli) acreditasse nele.”.

Artuzi era aliado de Ary Rigo. Logo adiante, na gravação, Rigo afirma ao jornalista: “Lá na fazenda ele (Artuzi) ficou recuado, chorou. Porque o Claudionor, o Nildo. Não vou dar as caras de todo mundo. Mas ele falou que o governador estava por trás pedindo a denúncia. Para você ter uma ideia na quarta-feira, eu e o Coronel Aires, em nome do Londres [deputado estadual] estávamos na frente do Claudionor quando o Alziro me ligou 11h da manhã e me disse há um “zum-zum-zum” aí que o Artuzi vai ser preso. Eu digo: ‘meia hora atrás ele ia, agora não vai mais’. O Claudionor tava sentado assim e o Coronel Aires, que trabalha pro Londres, depois de dois dias o cara (Artuzi) fala que eu e o André queria f…. ele!”.

No diálogo, o deputado teria citado o nome de dois desembargadores, que seriam Claudionor e Nildo. O parlamentar recorda a operação Owari, da PF, imposta no ano passado, em Dourados.

À época, o prefeito Artuzi foi citado como suposto envolvido num esquema de fraude em licitações, entre outros crimes. Mas ele não foi detido. Artuzi foi preso no início deste mês, noutra operação da PF, a Uragano, que pôs na cadeia 28 pessoas, entre elas o prefeito, o vice-prefeito e nove dos 12 vereadores da cidade.

Dinheiro

Perto do fim da gravação, o parlamentar fala em dinheiro num trecho, como se vê agora: “Você sabe o seguinte, na Assembleia cada deputado não ganhava menos de R$ 120 mil, agora os deputados vão ter que se contentar com R$ 42. Não tem como fazer. Para você ter ideia nós devolvíamos R$ 2 milhões em dinheiro para o André (governador e candidato a reeleição pelo PMDB). R$ 900 (mil) para o desembargador do Tribunal de Justiça e R$ 300 (mil) para o Ministério Público. Cortou tudo! Nós vamos devolver R$ 6 milhões para o governo. Por isso que eu ando sumido”.

O desembargador Claudionor Abss Duarte interpelou judicialmente o parlamentar. O governador André Puccinelli, e o Ministério Público Estadual, também.

 

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