Vereadora lista falhas do Consórcio Guaicurus e faz abaixo-assinado para revogar aumento da tarifa
Abaixo-assinado coleta assinaturas para pressionar a revogação do aumento
Dândara Genelhú –
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Após ato no Terminal Morenão em Campo Grande, usuários do transporte público e a vereadora Luiza Ribeiro (PT) listaram pelo menos 10 ‘falhas’ e problemas do Consórcio Guaicurus. Assim, formam abaixo-assinado para pressionar a revogação do aumento da tarifa na Capital.
Os problemas listados pelos usuários vão desde técnicos, com falta de acessibilidade e conforto nos veículos, até o preço da tarifa cobrada em Campo Grande. O documento foi aberto nesta quinta-feira (30) pela vereadora Luiza Ribeira (PT).
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Usuários podem assinar o abaixo-assinado de forma online. Estão no movimento contra o aumento da tarifa do Consórcio Guaicurus: Coletivo Linha Popular, Ligados no transporte, União Juventude Comunista, Juventude Socialista Brasileira, Juventude Petista, União da Juventude Revolucionaria, Coletivo Vamos à Luta, Movimento Negro, trabalhadores e usuários do transporte publico.
Na quarta-feira (29), usuários afirmaram que é inconcebível o reajuste, considerando o serviço prestado pelo Consórcio Guaicurus há anos.
Confira a lista publicada pelos movimentos:
- Falta de manutenção adequada dos veículos, o que pode causar problemas de segurança e conforto para os passageiros.
- Gestão ineficiente do sistema, levando a atrasos e cancelamentos de viagens.
- Preços altos e frequentes aumentos de tarifa, que afetam principalmente os trabalhadores e estudantes de baixa renda.
- Falta de transparência na definição dos preços e na gestão dos recursos.
- Veículos inadequados para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
- Condições precárias de conforto, como assentos quebrados, ar condicionado inoperante, etc.
- Uso de veículos que emitem altos níveis de poluentes, contribuindo para a degradação ambiental.
- Falta de investimentos em tecnologias mais limpas e sustentáveis.
- Decisões tomadas sem a participação da comunidade, ignorando as necessidades e demandas dos usuários.
- Falta de mecanismos de controle e fiscalização eficazes.
Sobre o aumento do Consórcio Guaicurus
A Prefeitura de Campo Grande divulgou o novo valor da tarifa de ônibus na noite da última quinta-feira (23). Com reajuste após determinação judicial, um passe do transporte coletivo na Capital de Mato Grosso do Sul passou a custar R$ 4,95, o que representa um aumento de 3,51%.
Receita bilionária
Os empresários de ônibus de Campo Grande são o verdadeiro exemplo do ‘mau negócio’ que rende milhões. Na verdade, bilhões. Isso porque equipe técnica da prefeitura da Capital certificou auditoria contábil nas planilhas do Consórcio Guaicurus e atestou que a concessionária teve receita de R$ 1.277.051.828,21 (um bilhão, duzentos e setenta e sete milhões, cinquenta e um mil, oitocentos e vinte e oito reais e vinte e um centavos) de 2012 a 2019 – somente os oito primeiros anos do contrato. Os técnicos chegaram aos valores a partir de balanços enviados pelas próprias empresas de transporte.
Conforme documento oficial da Agereg, os lucros do Consórcio Guaicurus só aumentaram. “Mantendo-se em um nível linear entre os períodos de 2016 a 2018, excetuando o exercício financeiro de 2019 com baixa, porém, mesmo registrando baixa em suas receitas [em 2019], o Consórcio auferiu lucro para o período, melhor que o exercício imediatamente anterior”.
Apesar de lucrar milhões explorando o transporte público em Campo Grande, perícia autorizada pela Justiça revelou que, desde 2015, a idade média dos ônibus que circulam nas ruas ultrapassou a média de 5 anos, determinada pelo contrato. Em vez de utilizar os recursos para melhorar os serviços, o laudo pericial apontou ainda que o número de ônibus nas ruas só diminuiu. “Evidente que o Consórcio sempre possuiu condições de adimplir o contrato de concessão”, diz documento da Agereg.
Frota crítica
De alçapão voando a elevador emperrado, em 2024 o Jornal Midiamax registrou diversos momentos desafiadores vividos por quem depende do transporte público, contrariando, totalmente, a informação de que “o serviço do Consórcio Guaicurus é excelente para conforto, acessibilidade, pontualidade, qualidade da frota e pessoal a serviço”.
Acessibilidade é de longe um dos pontos a melhorar quando o assunto é transporte coletivo. Isso porque são frequentes as reclamações de usuários que dependem do elevador para embarcar e desembarcar dos ônibus alegando que ficaram “presos” na condução ou não puderam subir, porque a escada estava emperrada.
Em janeiro de 2024, por exemplo, o auxiliar administrativo, Nelson Corrêa, de 63 anos, não conseguiu desembarcar de um ônibus na Avenida Júlio de Castilho devido ao elevador que havia estrago.
Também em janeiro, um passageiro registrou goteiras em um dos ônibus que presta serviço à população. Nas imagens é possível notar um furo no teto do ônibus 3265 da linha 051, que faz trajeto entre o Terminal Bandeirantes e o Shopping Campo Grande. Na época, ele até ironizou dizendo que estava “refrescante”.
Lotação também é algo diário nas conduções. Nos horários de pico, então, as conduções se transformam em grandes – e abafadas – latas de sardinha.
Em uma das situações relatadas, eram 5h30 quando os passageiros se aglomeravam para entrar na linha 080 (Terminal Aero Rancho / Terminal General Osório).
Consórcio ‘escapou’ de CPIs
Nos últimos 10 anos, a criação de uma comissão para a investigação do Consórcio Guaicurus — contrato e serviços prestados — foi pautada pelo menos sete vezes na Câmara de Campo Grande. Uma por uma, as tentativas ficaram de lado nos trabalhos legislativos. Assim, as empresas ‘escaparam’ de comissão própria para investigar a situação precária do transporte coletivo na Capital.
No mesmo recorte temporal, o Midiamax noticia séria de reportagens sobre a realidade dos ônibus de transporte público em Campo Grande. Goteiras, superlotação, frota sucateada e falta de acessibilidade estão entre os principais desafios enfrentados pelos usuários do Consórcio Guaicurus.
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