Transporte público em Campo Grande é definido por ineficiência e descaso, diz Luiza Ribeiro

Vereadora por Campo Grande disse que há irresponsabilidade empresarial do Consórcio

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Vereadora Luiza Ribeiro (PT) | (Divulgação, CMCG)

O Consórcio Guaicurus mudou a diretoria, mas o objetivo ainda é o mesmo: reajuste da tarifa de ônibus em Campo Grande. O novo diretor-presidente, Themis Oliveira, cobrou o aumento da passagem nesta terça-feira (7). Para a vereadora Luiza Ribeiro (PT), o serviço de transporte oferecido pelas empresas é definido por ineficiência e descaso.

“As palavras que devem adjetivar a prestação de serviços de transporte feita pelo Consórcio à Campo Grande são: ineficiência, irresponsabilidade empresarial, descaso com o interesse público e uma promiscuidade entre os interesses do Consórcio contratado e os da Prefeitura contratante”, afirmou a parlamentar.

Ao Jornal Midiamax, a vereadora afirmou que está acompanhando as manifestações do novo representante do Consórcio. “Sinceramente, respeito muito o novo Diretor, Themis de Oliveira, mas sabemos que o Consórcio não mudará sua forma de conduzir as relações dessa concessão”.

Para ela, a concessão “está marcada pelo reiterado descumprimento do que consta pactuado no contrato e total desprezo à cidade que o contratou para ter um transporte coletivo eficiente e necessário para o desenvolvimento econômico e social”.

Neste sentido, disse que a contratação dos serviços “está, literalmente, prejudicada pela postura oportunista do Consórcio. Sei que as palavras parecem duras, mas é mera impressão”, lamentou.

Isenções milionárias

Além disso, vale ressaltar que o Consórcio Guaicurus recebeu mais de R$ 42 milhões em subsídios no ano passado e o valor pode aumentar em 2025. Apesar de operar com parte da frota sucateada e descumprir o contrato, o Consórcio Guaicurus já acumula isenção milionária para 2025.

última renovação ocorreu em junho de 2023, quando 71 novos veículos foram entregues. Contudo, o número era insuficiente para retirar de circulação todos os ônibus acima da validade.

Na última sessão do legislativo municipal de 2024, em 19 de dezembro, a Câmara de Vereadores da Capital renovou a isenção do ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) ao Consórcio Guaicurus até o fim de 2025. Luiza destacou que “esses subsídios e a isenção do ISSQN nunca foi objeto do contrato (inclusive da licitação)”.

Assim, apontou que a solução seria deixar de lado a concessão. “A solução: acabar com a forma concessionada, que não melhora o serviço e irriga as empresas de recursos sem qualquer lastro legal. Implantar o sistema tarifa zero que já está comprovado ser melhor para funcionamento do transporte coletivo de CG”.

Para isso, lembrou que a isenção é garantida em diversas cidades brasileiras. “São mais de 150 cidades brasileiras com o sistema tarifa zero e o transporte tem sido muito mais eficiente”, disse.

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Ônibus do Consórcio Guaicurus (Henrique Arakaki, Arquivo Midiamax)

Ameaça de reajuste

O novo chefe do Consórcio Guaicurus, Themis Oliveira, disse que a empresa quer o reajuste da tarifa do transporte coletivo em Campo Grande. Para isso, o diretor-presidente apontou que outras capitais aumentaram o valor da tarifa de ônibus. Contudo, ao invés do número indicado por ele — de que mais de 14 capitais haviam reajustado os valores — apenas sete confirmaram aumento em 2025.

Oliveira disse que o aumento vai acontecer em Campo Grande. “Se vocês olharem, no Brasil inteiro, na maioria das capitais, em mais de 14, já reajustaram o transporte coletivo”, pontuou.

Balanço realizado pelo Jornal Midiamax aponta que sete capitais brasileiras anunciaram reajuste até esta terça-feira (7). Ou seja, o número citado pelo chefe das empresas que comandam o transporte público em Campo Grande não demonstra a realidade.

Mais que o dobro

Entre tantos pedidos, os empresários do ônibus pedem indenização milionária, revisão do contrato, mais subsídios e aumento da tarifa técnica – valor complementado pelo município – de R$ 5,95 para R$ 7,79.

O percentual de reajuste em cima da tarifa técnica é de mais de 30%, mais que o dobro do reajuste apresentado por outras capitais. Até o momento, o maior reajuste apresentado é de Florianópolis. A tarifa na ‘Ilha da Magia’ foi de R$ 6 para R$ 6,90, com 15% de reajuste.

São Paulo apresentou reajuste de cerca de 13%, passando a cobrar de R$ 4,4 para R$ 5 dos passageiros. No entanto, a cidade estava há quatro anos sem reajustar a tarifa de ônibus.

Outras capitais que reajustaram a tarifa do transporte coletivo em 2025 são: Rio de Janeiro (de R$ 4 para R$ 4,70), Belo Horizonte (de R$ 5,25 para R$ 5,75), Salvador (de R$ 5,20 para R$ 5,60), Natal (de R$ 4,50 para R$ 4,90) e Recife (de R$ 4,10 para R$ 4,30).

Apesar de laudo pericial ter apontado lucro de R$ 68,5 milhões nos primeiros sete anos de concessão – de 2012 a 2019 –, o Consórcio Guaicurus move uma verdadeira ‘enxurrada’ de ações na Justiça.

Excelente?

Em novembro de 2024, a Agetran (Agência Municipal de Trânsito) classificou o serviço de transporte público em Campo Grande como “bom e excelente”. Porém, usuários manifestaram indignação com o conteúdo do relatório.

Um dos comentários mais curtidos na postagem do Jornal Midiamax sobre o relatório nas redes sociais ironizou: “Esses agentes literalmente não andam de ônibus”. Outro comentário reforçou a crítica: “Nossa, pensa num conforto, manda os donos irem trabalhar de ônibus já que é tão confortável”, declarou uma usuária.

Houve também espaço para comentários sarcásticos sobre o estado das vias urbanas. “Sim, são perfeitos. Combinado com o asfalto digno de uma Autobahn alemã, o conforto é inexplicável”, escreveu um internauta.

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