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Política

Ônibus sem limpeza e multa só para carros: relembre as oitivas da 2ª fase da CPI do Consórcio

Diretores, servidores e ex-diretores da Agetran e Agereg foram ouvidos
Dândara Genelhú -
cpi consorcio oitivas
CPI do Consórcio Guaicurus. (Foto; Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

A segunda fase da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Consórcio Guaicurus encerrou-se oficialmente. Em oitivas, servidores da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) comentaram sobre atuação das agências na fiscalização do transporte coletivo em . Depoimentos admitiram que os ônibus não são multados por superlotação e falta de limpeza dos coletivos, e até movimentações atípicas nas contas do Consórcio marcaram esta fase.

Logo, ficou ressaltada a fragilidade das agências em Campo Grande, que deveriam fiscalizar o serviço prestado pelo Consórcio aos usuários. O presidente da Comissão, vereador Lívio Leite (União), destacou que a Agetran e Agereg deveriam estar atentas ao contrato de concessão.

A primeira oitiva realizada pelos vereadores contou com a presença da engenheira e mestre em Mobilidade Urbana Lúcia Maria Mendonça Santos. A especialista se revoltou com a falta de ar-condicionado nos ônibus do Consórcio Guaicurus em Campo Grande. Em 28 de abril, criticou o serviço prestado aos usuários na Capital em oitiva da CPI.

Os vereadores Coringa (MDB), Luiza Ribeiro (PT) e Maicon Nogueira (PP) integram a Comissão, relatada por Ana Portela (PL).

A primeira oitiva da Comissão contou com mudanças sem aviso, vereadores abandonando reunião e falta de transmissão das entrevistas.

5 de maio

O Consórcio Guaicurus não apresentou fluxo de caixa dos últimos 13 anos sobre as atividades do transporte coletivo em Campo Grande. A alegação é do diretor-presidente da Agereg, José Mario Nunes da Silva, em oitiva de 5 de maio.

No mesmo dia, José admitiu que não existem fiscais nos bairros. O representante afirmou que os fiscais não atuam nas comunidades para avaliar o serviço prestado pelas empresas do Consórcio, responsáveis pelo transporte público em Campo Grande.

Usuários dos ônibus das empresas bilionárias relatam diariamente desafios no transporte público da Capital. Goteiras, portas que não funcionam, falta de acessibilidade e superlotação estão entre as reclamações sobre a frota velha do Consórcio.

Contudo, José Mario considera o total de veículos suficientes para atender os usuários campo-grandenses.

Apesar da alegação, afirmou que o serviço prestado não é bom. Aos vereadores, o diretor da Agereg respondeu se o Consórcio Guaicurus presta bom serviço aos usuários: “Não presta, todos nós sabemos, tem muito a se melhorar”.

7 de maio

As empresas responsáveis pelos coletivos da Capital pagam o sistema que ajudou na elaboração do relatório de desempenho. O documento apontou o conforto dos ônibus de Campo Grande como excelente. Assim, o financiamento do sistema HUB SIG-SIT pela concessionária foi revelado em oitiva de 7 de maio.

Após questionamentos dos membros da Comissão, o auditor-chefe de Planejamento do Time Auditoria da Agetran, Giuseppe A. P. Bitencourt, admitiu a falha do documento em retratar a realidade.Um indicador inútil, porque todos os ônibus são obrigados a sair de fábrica com os elevadores. Sempre vai dar 100%”, comentou sobre a pesquisa.

12 de maio

Na oitiva de 12 de maio, depoente revelou que os ônibus do Consórcio Guaicurus teriam sido higienizados pela última vez em Campo Grande há três meses. Ou seja, não há manutenção de limpeza dos veículos que transportam crianças, idosos, trabalhadores e adolescentes da Capital. É o que aponta o fiscal aposentado Luis Carlos Alencar Filho.

Além disso, o aposentado disse que existem 3,3 milhões de passageiros mensais do transporte coletivo. Então, com frota sucateada e superlotação diária, o Consórcio Guaicurus tem apenas um ônibus para cada 7,6 mil passageiros.

Isso porque as empresas com lucros bilionários possuem 460 ônibus para atender à demanda de 3,3 milhões de usuários por mês em Campo Grande.

Nesta oitiva, revelaram que, em menos de cinco meses, o Consórcio Guaicurus acumulou 1.726 infrações com o município. Então, o auditor-chefe da Auditoria da Agetran, Henrique de Matos Moraes, prestou depoimento na CPI do Consórcio e apontou os principais motivos de autuação das empresas: ônibus atrasados e ‘fantasmas’.

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Paulo admitiu que não multam Consórcio por superlotação. (Helder Carvalho, Midiamax)

14 de maio

Em 14 de maio, a oitiva foi tumultuada. O atual diretor-presidente da Agetran, Paulo da Silva, participou de oitiva na CPI do Consórcio Guaicurus, marcada por interrupções e longos períodos de espera para respostas.

No início da audiência pública, o diretor-presidente ficou em silêncio sobre nomes de servidores. Enquanto isso, aguardou equipe da Agetran informar os nomes em ‘cola’ para responder aos vereadores.

Além disso, foi nesta oitiva que Paulo da Silva admitiu que não multa ônibus do Consórcio Guaicurus por superlotação. Contudo, disse que a Agência penaliza veículos de passeio com mais passageiros do que a capacidade em Campo Grande.

Conforme Paulo, o número de multas acumuladas pelo Consórcio Guaicurus em Campo Grande chega a 17,6 mil. Apenas em 2025, são cerca de 600 multas por mês.

19 de maio

O ex-diretor da Agetran, Janine de Lima Bruno, disse desconhecer acidentes na Rui Barbosa após a instalação de corredores de ônibus. “Não me recordo de ter acidentes”, afirmou na CPI em 19 de maio.

Além disso, disse que o “trânsito melhorou muito ali”. Em 2024, levantamento do Jornal Midiamax apontou que ao menos 20 acidentes ocorreram naquele trecho após a instalação.

21 de maio

O ex-diretor da Agereg, Odilon de Oliveira Júnior, revelou que o Consórcio Guaicurus repassou investimentos milionários para uma empresa que não compõe o grupo responsável pelo transporte coletivo em Campo Grande.

Em oitiva de 21 de maio, disse que investigação da Agência teria constatado repasse de R$ 20 milhões para as empresas, que somam histórico de reclamação dos usuários.

LEIA – Com 8 denúncias diárias, CPI recebeu mais de 580 reclamações sobre o Consórcio Guaicurus

26 de maio

Já em 26 de maio foi a vez do ex-diretor da Agereg, Vinícius Campos, prestar depoimento. Ele disse que o Consórcio Guaicurus não deve entregar ônibus novos tão cedo. Na CPI do Consórcio, comentou sobre a ordem do município de Campo Grande para troca imediata de 98 veículos velhos.

“É uma situação muito difícil, vi que deram uma ordem para retirar 98 ônibus das ruas e vão repor esses 98 como? Vocês acham que o Consórcio vai comprar 100 ônibus amanhã? Não vai”, afirmou na CPI.

Ademais, Vinícius Campos disse que “nada vai mudar” no transporte coletivo em Campo Grande. Na oitiva, ele ganhou referência de “advogado do Consórcio” após defender as empresas que controlam o transporte coletivo na Capital.

“A verdade é essa: esse contrato é inviável. Tanto para o Consórcio quanto para o município. Ambas as partes estão insatisfeitas, podem fazer os TAGs que forem, não vai ser melhorado”, afirmou.

Logo, disse que “não vai ter ônibus com ar-condicionado, não vai vir ônibus zero, não vai vir”. O advogado defendeu as empresas: “eles não têm dinheiro, não têm fluxo de caixa para isso”.

28 de maio

Lembra das movimentações anormais do Consórcio Guaicurus citadas na oitiva de 21 de maio? Elas foram atestadas pelo diretor de Fiscalização e Auditoria Contábil da Agereg, José Corsine da Silva. Na oitiva de 28 de maio, ele afirmou na CPI do Consórcio Guaicurus que os repasses seguem em apuração. Assim, Corsine apontou R$ 31 milhões em repasses atípicos.

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CPI Consórcio Guaicurus. (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

3 de junho

As últimas duas oitivas da segunda fase da CPI do Consórcio Guaicurus caminharam para a mesma conclusão: a frota velha mantida pelas empresa nas ruas ajuda no aumento da tarifa e defasagem dos usuários. Diretores econômicos da Agereg prestaram depoimento em 3 de junho.

Questionado sobre a qualidade da frota impactar no preço da passagem, Luciano Assis Silva, diretor de Estudos Econômico-Financeiros da Agereg admitiu: “indiretamente, sim”.

Na segunda oitiva do dia, Renato Assis Coutinho — também diretor de Estudos Econômico-Financeiros da Agereg — atestou que a qualidade do transporte interfere na evasão dos usuários. “A qualidade interfere na evasão de passageiros, sim. Mensurar isso já é um pouco mais difícil”, afirmou aos vereadores. Por fim, admitiu que, após exoneração a pedido, começou a trabalhar para as empresas que comandam o transporte público. 

Próxima fase de oitivas

Assim, nas próximas oitivas, a CPI do Consórcio Guaicurus ouvirá gerente, diretores e sócio das empresas que comandam o transporte coletivo em Campo Grande. Logo, na segunda-feira (9), abrem oficialmente a terceira fase das investigações e questionam dois servidores do Consórcio.

Nesta quarta-feira (4), os vereadores realizaram reunião fechada para definir as oitivas. Integram o grupo: Lívio Leite (União) como presidente, Ana Portela (PL) como relatora, Luiza Ribeiro (PT), Coringa (MDB) e Maicon Nogueira (PP).

“Essa fase é para escutar o Consórcio, basicamente, funcionários, dirigentes”, destacou o presidente da Comissão, Lívio Leite (União). Ademais, afirmou que todas as oitivas vão começar às 13h. “A gente está prevendo que essas vão demorar um pouco mais, então vamos sempre começar às 13h”, disse.

Oitivas previstas

9 de junho

  • Paulo Vitor Brito de Oliveira – Gestor da área de bilheteria do Consórcio Guaicurus

11 de junho

  • Clevisson Gamarra de Arruda – ex-funcionário do Consórcio
  • Wesley Conrado Morelli – ex-funcionário do Consórcio

16 de junho

  • João Rezende – ex-diretor-presidente do Consórcio Guaicurus;
  • Robson Luiz Strengari – Ex-Gerente-Executivo do Consórcio Guaicurus;

18 de junho

  • Themis Oliveira – Diretor-Presidente do Consórcio Guaicurus
  • Paulo Constantino – Sócio-proprietário do Consórcio Guaicurus

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