Longas jornadas de trabalho, veículos sucateados, superlotação e alto nível de estresse foram alguns dos problemas relatados por ex-funcionários do Consórcio Guaicurus durante oitivas em CPI, nesta quarta-feira (11).
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Wesley Moreli, conhecido como ‘Príncipe do Consórcio Guaicurus’, trabalhou como motorista e manobrista no transporte coletivo até alguns anos atrás. Ele relatou problemas sobre elevadores. Perguntado sobre o equipamento — que já foi alvo de vários questionamentos anteriores na CPI — o ex-funcionário confirmou que não conseguiu embarcar cadeirantes porque o elevador não funcionava.
Ele também confirmou que chegou a ficar rodando com ônibus com elevador quebrado até que surgisse outro para a troca. “Chegou um ponto em que não aguentei mais e tive que pedir afastamento porque as condições estavam bem desumanas”, recordou.
A saga dos motoristas com elevadores quebrados não é nova. O Midiamax conversou com um ex-motorista do Consórcio Guaicurus, que pediu para não ser identificado. Ele trabalhou para a empresa em dois períodos, a primeira vez no início dos anos 2000 e a segunda vez entre 2010 e 2013.
Motorista teve que carregar cadeirante no colo

O ex-funcionário relembrou a época em que fazia a linha em um bairro e se deparou com um cadeirante que, rotineiramente, usava ônibus para ir ao centro de Campo Grande. O antigo motorista corroborou com outros relatos do depoimento, como as condições precárias de serviço e a longa jornada de trabalho.
Neste dia, o elevador parou de funcionar. Comovido com a situação, o ex-motorista conversou com o passageiro e o carregou no colo para colocá-lo dentro do ônibus.
“Cadê o elevador? Tudo estourado. Eu peguei ele no colo, coloquei no ônibus, depois peguei a cadeira e coloquei no ônibus. E depois para descer na praça? Putz, vai eu e até o pessoal ajudou a descer a cadeira com cada um de cada lado. Nós somos ser humano, a gente tenta ajudar”, recorda.
Superlotação
Durante a oitiva, Wesley também atestou a superlotação nos ônibus, dizendo que os veículos andam até com gente “saindo pelo teto”. Inclusive, teria recebido ordem de um encarregado para “colocar [gente] até não caber mais”.
Em outras oitivas, servidores da Agetran e Agereg negaram a superlotação. Um deles é Janine de Lima Bruno, que admitiu prestar serviços ao Consórcio antes de dirigir a Agetran. O ex-diretor negou os níveis de lotação altíssimos dos veículos.
Vale lembrar que o atual diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito de Campo Grande), Paulo da Silva, admitiu que não multa ônibus do Consórcio Guaicurus por superlotação.
Bilhetagem
Ex-fiscal de bilhetagem, Gabriel Santos deu relato na CPI apontando questões trabalhistas. Contudo, pontuou que presenciou falha das ‘catracas’ que marcam os passageiros que usam o transporte.
“Possíveis omissões intencionais também, porque ali você verifica. Talvez eles omitiam as informações para as Agências”, alegou Coringa após o relato.
Além disso, informou que a superlotação também ocorre dentro dos pontos de PegFácil em Campo Grande. Inclusive, que colocam em risco a vida dos usuários. “Já aconteceu uma vez na cerca que tem para entrar no PegFácil, um passageiro quase ser atropelado por ônibus ali. Cercas estão velhas, quebradas”, apontou.

Impunidade
Presidente da Comissão, Lívio Leite (União), informou que as falas não se enquadravam na investigação. “Um objeto que não é pertinente à CPI. Senão fica só uma exposição”, disse sobre o relato inicial da testemunha.
Vale lembrar que Renato Assis Coutinho, diretor de Estudos Econômico-Financeiros da Agereg, chegou a apresentar até slides na CPI. Então, o ex-funcionário reforçou a relevância dos relatos.
“Acho no mínimo estranho que expor a qualidade do trabalho, que a gente tinha lá, não seja útil para a CPI. Acho que isso seja um ponto central, porque se o Consórcio faz isso com os próprios funcionários, quem dirá que eles estão se importando com os clientes, os passageiros”, destacou.
Logo, disse que os relatos expõem que “as empresas têm uma certa impunidade, eles não fariam isso se tivesse algum tipo de fiscalização”. Gabriel e Wesley informaram que foram contratados por uma das empresas e que as movimentações trabalhistas ocorriam entre as outras que atuam no Consórcio.
Carga horária extensa, calor excessivo e falta de suporte por parte da empresa também foram vivenciados pelo ex-funcionário. “As pessoas passavam mal lá dentro”, relatou sobre as cabines de cobrança da tarifa.
Por fim, disse que as empresas não trabalham em prol dos usuários. “Definitivamente, o Consórcio não está se importando com o serviço prestado”.
Após os relatos, os vereadores informaram que devem oficiar o MPT-MS (Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul) sobre as condições trabalhistas das empresas que compõem o Consórcio.
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