A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Consórcio Guaicurus pode ter usado currículo de especialista para dar início aos trabalhos na primeira oitiva. O nome de Maria Lúcia Torecilha aparece em divulgação da Câmara de Campo Grande para abertura das sessões de oitiva. Contudo, a depoente foi outra e a doutora em Geografia Humana negou ter sido convidada pela Comissão.
“Meu nome saiu como debatedora neste assunto, porém não houve nenhum convite de qualquer ordem para que eu participasse do evento. Acho que foi um equívoco”, relatou Maria Lúcia ao Jornal Midiamax.
Maria Lúcia Torrecilha, doutora em Geografia Humana, comentou sobre o transporte público na Capital. Maria é especialista em política ambiental e projetos de desenvolvimento urbano. Docente na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a doutora disse que não houve convite. Contudo, o nome dela e especialidade foram amplamente divulgados em suposto ‘enriquecimento’ da CPI quando ainda organizavam as oitivas.
Nem e-mail, nem ligação
“Não fui convidada, até chequei meu e-mail. Não me mandaram mensagem, ligaram”, lamentou. Maria Lúcia disse que, apesar de reservada, não é grande desafio encontrá-la. “Era só ligar para UFMS”, informou uma das alternativas de contatos que estavam disponíveis.
A doutora em Geografia Humana, especialista em política ambiental e projetos de desenvolvimento urbano, disse que recebeu questionamentos sobre a suposta ‘falta’ na CPI. “Eu jamais fugiria de um debate”, ressaltou.
Assim, pontuou que até o momento não recebeu esclarecimentos da Comissão que investiga o transporte público sobre a situação.

Confusão
A primeira oitiva da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Consórcio Guaicurus começou com a troca de especialistas em 28 de abril. A primeira especialista que prestaria depoimento, professora doutora Maria Lúcia Torrecilha, titular da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), passou por substituição.
A alteração não consta em comunicado no site da Câmara de Campo Grande. Assim, Lúcia Maria Mendonça Santos, engenheira e mestre em Mobilidade Urbana, participou da oitiva por meio de videochamada, já que mora em Santa Catarina.
Os nomes também estavam misturados na folha entregue aos vereadores. Lúcia Maria apareceu como Maria Lúcia Mendonça Santos. A troca de especialistas gerou confusão entre os vereadores, que, em diversos momentos, se referiram a Lúcia Maria como Maria Lúcia.
Além disso, anunciada com transmissão pública, não houve transmissão em tempo real nas redes sociais oficiais da Câmara de Campo Grande.
O presidente do colegiado, vereador Dr. Lívio Leite (União Brasil), pediu a medida. Não houve comunicação entre os colegas de comissão. Isso porque, naquela oitiva, alguns vereadores falaram que estavam ao vivo nas redes sociais.
A falta de organização gerou constrangimento até para a testemunha. Em determinado momento da oitiva, Lúcia Maria tentou confirmar se a reunião era fechada. Aparentemente, a testemunha não fora avisada que os encontros e oitivas da CPI são abertas ao público e à imprensa, inclusive com a possibilidade de transmissão pelas redes sociais.
Currículo
Após a graduação, Maria Lúcia seguiu para especializações. “Na pós-graduação já comecei com planejamento urbano, que é minha área de identificação. Eu me aproximei dessa área porque é uma questão vocacional e também que eu gosto muito de estudar cidades”, comentou.
Aos 26 anos, iniciou a carreira de professora na rede superior de ensino. Logo, seguiu para o mestrado e adentrou o doutorado pouco tempo depois.
Na França, conseguiu o título de doutora. “Estudei a fronteira, cidade de fronteira, estudo de caso Pedro Juan Caballero e Ponta Porã. Fui estudar três fronteiras da França, uma com a Alemanha, com a Bélgica”, lembrou.
Entre uma pesquisa e outra, Maria Lúcia trabalhou na Prefeitura de Campo Grande e auxiliou outras gestões em projetos de organização urbana. “Tenho quarenta anos de ensino, mas na UFMS quinze anos já, quase quinze anos. Então, sempre tentando investigar essas questões ligadas ao planejamento urbano”.
A doutora apontou que o mundo se urbanizou. Assim, “a maior parte das pessoas principalmente no Brasil, em torno de 80% das pessoas moram nas cidades. As cidades, elas têm que absorver esses problemas de todos e têm que dar uma destinação com maior qualidade de vida para as pessoas”, destacou.
Atualmente, Maria Lúcia integra o corpo docente da Faeng (Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia) da UFMS. Apesar do currículo extenso e contribuições a fazer sobre o transporte público em Campo Grande, acabou tendo o nome deixado de lado na CPI do Consórcio.
O que diz o presidente da CPI
Procurado pela reportagem, o presidente do colegiado, vereador Dr. Lívio (União Brasil), se limitou a dizer que os ofícios são enviados de acordo com os requerimentos encaminhados pelos gabinetes. Ou seja, não deu detalhes se há uma conferência entre o que é divulgado e o que foi enviado. “Nós mandamos as comunicações de acordo com os requerimentos”, informou.
O parlamentar explicou que fazem um “pré-agendamento” com a testemunha, em que o procurador liga, informa a pessoa do convite para participação na CPI e pergunta se há disponibilidade para o dia e horário. Posteriormente, a testemunha recebe a comunicação formal por meio de ofício sobre a CPI.
No caso das duas especialistas, a vereadora Luiza Ribeiro (PT) apresentou os requerimentos. A reportagem procurou a parlamentar, mas até o momento não obteve resposta sobre a possível falta de entrega do convite. O espaço segue aberto para manifestações.
Maria Lúcia comenta trajetória profissional, confira:
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