Após mudanças sem aviso, vereadores saindo da reunião e ausência de depoente, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Consórcio Guaicurus segue para a segunda semana de oitivas. Na segunda-feira (5), o grupo terá oitiva com o atual diretor-presidente da Agereg (Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos), José Mário Antunes da Silva.
Este será o segundo depoimento. No encontro, a Comissão buscará esclarecimentos sobre o serviço de transporte coletivo urbano de passageiros prestado pelas empresas de ônibus.
O encontro dos vereadores ocorre no plenarinho Edroim Reverdito, na Câmara de Campo Grande.
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Primeira oitiva
Ademais, na segunda-feira (28), a primeira oitiva ouviu a engenheira e mestre em Mobilidade Urbana, Lúcia Maria Mendonça Santos. A especialista se revoltou com a falta de ar-condicionado nos ônibus do Consórcio Guaicurus em Campo Grande.
Assim, criticou o serviço prestado aos usuários na Capital em oitiva da CPI. Profissional de Santa Catarina, Maria prestou depoimento por videochamada na CPI do Consórcio. “Se aqui em Florianópolis, que é frio, nós temos ar-condicionado, imagina vocês que vivem no pico do calor”, criticou.
Uma das suposições da especialista vai de encontro com os relatos de usuários do transporte: excesso de calor. Disse que a instalação dos equipamentos de conforto básico aos usuários não seriam “grande empecilho”. Considerando que o transporte público em Campo Grande é comandado por um grupo de empresas.
Na Casa de Leis, o projeto nº 11.636/2025 prevê “ar no busão”. A matéria é de autoria do vereador Landmark (PT).
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Oitiva aponta descaso
Ainda na oitiva, a especialista apontou o descaso evidenciado no transporte coletivo em Campo Grande. “Nós temos superlotação, temos atrasos em regularidade dos horários, temos má conservação dos veículos, tem falta de ônibus e descaso com as pessoas com deficiência”, listou algumas das características após análise do transporte da Capital.
Assim, Maria Lúcia reforçou que a legislação exige acessibilidade aos usuários. “Toda a frota tem que estar toda equipada com elevador. Isso é lei federal”, afirmou.
O Midiamax noticia série de reportagens sobre a realidade dos ônibus de transporte público em Campo Grande. Goteiras, superlotação, frota sucateada e falta de acessibilidade estão entre os principais desafios enfrentados pelos usuários do Consórcio Guaicurus.

Fiscalização
Ademais, a mestre disse que a falta de fiscalização impacta diretamente no valor das passagens. “Se tem falta de fiscalização, tem altos preços de passagem”.
Neste sentido, sugeriu que os fiscais atuem de forma prática no município, com locais alternados. “Não adianta ter fiscal para ficar no terminal. O fiscal tem que estar no ponto de parada do bairro, longe de onde estão as câmeras dos terminais”, disse.
Contudo, apontou que “evidentemente, também tem que ter fiscal no terminal, mas eles também têm que estar no trajeto dos ônibus”.
“Não adianta, evidentemente, que a gente tem que fazer um processo licitatório para contratar uma empresa. A gente tem que exigir dessa empresa”, disse.
“Bilheteria às cegas”
Além disso, a especialista também criticou o controle das bilheterias, que atualmente são de responsabilidade do Consórcio Guaicurus em Campo Grande. “Quando teve o advento da bilheteria eletrônica de modo geral, as prefeituras já perderam muito controle, porque todas as bilheterias eletrônicas são controladas pelos empresários”. Então, “a gente não tem nem acesso de quanto entra e de quanto gasta”, destacou.
O Consórcio insiste em apontar prejuízo financeiro e move ações judiciais na tentativa de aumentar o preço da tarifa dos ônibus. No entanto, os empresários de ônibus de Campo Grande são o verdadeiro exemplo do ‘mau negócio’ que rende milhões. Na verdade, bilhões.
Isso porque equipe técnica da prefeitura da Capital certificou auditoria contábil nas planilhas do Consórcio Guaicurus e atestou que a concessionária teve receita mais que bilionária de 2012 a 2019.
“Agora, vocês imaginam, se a bilheteria está na mão dos empresários, a gente não tem um quadro de fiscal que permita que a prefeitura fiscalize o sistema”, explicou as problemáticas.