Após fechamento da rodovia federal por moradores de Dourados, a Câmara Municipal realiza nesta sexta-feira (21), às 19h, a audiência pública “BR 163: Concessão, Inadimplência e seus Impactos”. Concessionária prometeu melhorias, mas ainda não começou a implantá-las.
A iniciativa é do vereador Cemar Arnal (PP) e do deputado estadual Junior Mochi (MDB), que destacam a importância de discutir o tema e buscar soluções urgentes. Na última sessão, o parlamentar foi até a tribuna criticar o descaso da concessionária.
“Eu sou usuário da 163 e vejo a situação que ela se encontra. A empresa cumpriu apenas 18% da duplicação prevista, deixando de honrar os compromissos assumidos. Precisamos cobrar a execução das melhorias pactuadas e entender quais serão as contrapartidas da empresa na nova proposta de contrato”, explicou o vereador.
Segundo o parlamentar, a relevância da audiência se dá pelo impacto direto da rodovia na mobilidade urbana de Dourados, causado, inclusive, consequências consideradas graves, como o acidente que causou a morte de duas crianças recentemente e gerou protestos da população.
“A BR-163 passa na margem da cidade e corta alguns bairros, como o Campo Dourado e o 4º Plano, que precisam de melhorias como um viaduto, sem contar as vias laterais que precisam ser construídas e acessos”, ressalta Arnal.
O deputado Junior Mochi, também conclama a população no debate. “A sociedade civil, lideranças comunitárias e usuários da BR-163 precisam comparecer para cobrar soluções. A rodovia é essencial para o desenvolvimento do Estado e não pode continuar sendo um cenário de acidentes e descaso”, pontuou.
Falta de segurança
A BR-163/MS é administrada por concessão desde 2014, quando empresa responsável venceu a licitação e assinou um contrato por 30 anos. O compromisso inicial previa a duplicação total da rodovia em cinco anos. No entanto, até 2018, apenas 150,4 km foram duplicados, o que representa 18% da extensão total de 845,4 km. Desde então, nenhuma nova duplicação foi realizada.
Os principais problemas apontados pelos usuários da rodovia incluem a falta de duplicação e melhoria da infraestrutura, pedágios com valores considerados elevados, alto índice de acidentes e mortes e deficiência na manutenção da pista e na sinalização.
A concessão da rodovia também é alvo de questionamentos também pelos elevados investimentos realizados, sem a devida execução das obras. Desde 2014, a concessionária captou R$ 3,99 bilhões em financiamentos junto ao BNDES e à Caixa Econômica Federal, mas investiu apenas R$ 1,87 bilhão na rodovia.