Política em 2024 teve protagonismo feminino com 1ª mulher eleita prefeita em Campo Grande
Em ano de eleições municipais, política em Mato Grosso do Sul também foi marcada por traições, atentados e até morte
Thalya Godoy –
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A política em Mato Grosso do Sul, neste ano, foi uma verdadeira ‘novela’. A trama, digna de obras de João Emanuel Carneiro (Avenida Brasil/A Favorita/Todas as Flores), envolveu político preso, assassinato, atentado e traições. Porém, o enredo também sofreu reviravoltas positivas, como o aumento – ainda que tímido – de mulheres eleitas como prefeitas nas eleições de 2024.
Entre as chefes do executivo, destaca-se a disputa eleitoral em Campo Grande. Pela primeira vez na história, a Capital viu o segundo turno ser disputado por duas mulheres.
Rose Modesto (União Brasil) e a prefeita Adriane Lopes (PP) deixaram para trás figurões da política e conquistaram a preferência dos eleitores. Já no interior, algumas gestões municipais foram marcadas por escândalos de corrupção e até mortes.
Confira os principais destaques da política em MS em 2024
Vereador preso
Em 3 de abril, o vereador de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB), foi detido em casa durante a terceira fase da Operação Tromper. Ele ficou na cadeia por 23 dias e foi solto com tornozeleira eletrônica. O parlamentar foi o primeiro a ser preso durante o exercício do mandato na Capital.
O tucano emendou licenças com atestados médicos e nunca mais participou de uma sessão na Câmara de Vereadores de Campo Grande. Após briga na Justiça, o oitavo suplente do PSDB, Gian Sandim, acabou assumindo a vaga de Serra durante a licença.
Serra é réu por chefiar um suposto esquema de corrupção em Sidrolândia, município a 70 km de Campo Grande, na época em que foi secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica. A sogra do tucano é a prefeita – não reeleita – Vanda Camilo (PP).
Escândalo de corrupção
Outra gestão municipal que foi alvo de escândalo de corrupção foi a de Terenos, município a 31 km de Campo Grande, comandada pelo prefeito Henrique Wancura Budke (PSDB) – reeleito nas eleições de outubro.
A investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) apontou suposta organização criminosa que fraudava licitações com participação de servidores municipais de Terenos.
O secretário de Obras e Infraestrutura de Terenos, Isaac Cardoso Bisneto, foi preso em 13 de agosto durante a Operação Velatus. Ele teve o pedido de liberdade negado pela Justiça no início de dezembro.
E ainda falando de interior…
Já em Anastácio, o ex-vereador Wander Alves Meleiro, conhecido como Dinho Vital, foi morto a tiros durante uma comemoração pelo aniversário da cidade, em 8 de maio. O caso comoveu a população do município a 138 km de Campo Grande, que fez passeatas pedindo por justiça.
A morte ocorreu após Dinho ter discutido com o ex-prefeito de Anastácio, Douglas Figueiredo. Dois policiais militares que faziam a segurança de Figueiredo atiraram contra Dinho Vital alegando legítima defesa. O sargento Valdeci Alexandre da Silva Ricardo e o cabo Bruno Cesar Malheiros dos Santos chegaram a ser presos.
O assassinato de Dinho acabou respingando na política de Anastácio. Douglas Figueiredo (PSDB), que era o pré-candidato para disputar a prefeitura, foi preterido no ninho tucano após o escândalo.
A aposta do PSDB acabou sendo o ex-secretário de saúde de Anastácio, Manoel Aparecido da Silva, conhecido como Cido, enquanto a candidata a vice-prefeita foi a própria mãe de Dinho Vital, a Maria Vital (PP). A chapa foi eleita com 6.396 votos.
Outro susto no interior de MS…
…foi o atentado contra a prefeita e, então candidata a reeleição de Jardim, Clediane Areco Matzenbacher (PP). Ela dormia no quarto com o marido, na madrugada do dia 29 de setembro – uma semana antes do primeiro turno – quando a residência foi alvejada com cinco tiros por uma dupla em moto. Ninguém ficou ferido. Em conversa com o Midiamax na época, Clediane contou que via motivações políticas por trás do atentado.
Ela ficou em segundo lugar na corrida eleitoral, perdendo para Guga (PSDB), que recebeu 50,07% dos votos válidos. A Progressista teve 30,55% dos votos válidos.
E falando sobre mulheres na política…
…Mato Grosso do Sul teve uma melhora na quantidade de mulheres eleitas como prefeitas em 2024. O Estado passou de cinco, em 2020, para 13 mulheres eleitas, neste ano, para comandar o executivo municipal.
Apesar de dobrar este número, o salto ainda é tímido, visto que representa apenas 16,45% dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, enquanto as mulheres correspondem a mais da metade do eleitorado do Estado.
Primeira mulher eleita prefeita em Campo Grande
Esta lista inclui a disputa em Campo Grande que, pela primeira vez, teve duas mulheres no segundo turno. A prefeita Adriane Lopes (PP) acabou reeleita na disputa contra Rose Modesto (União Brasil) ao receber 222.699 (51,4%) dos votos válidos.
Durante a corrida eleitoral, vale lembrar que até Nicole Bahls entrou na campanha para apoiar a prima conservadora Adriane Lopes. A modelo publicou um vídeo nas redes sociais pedindo votos para a prefeita e revelou que cresceram juntas no Paraná.
No dia da vitória, em 27 de outubro, a progressista prometeu que a gestão continuará focada em áreas prioritárias. “A população da nossa cidade reconheceu que dois anos e meio é pouco tempo, mas que os avanços já iniciaram e agora é dar continuidade no trabalho. A partir de segunda-feira retomar os avanços, trabalhar pela saúde, infraestrutura e tudo aquilo que a gente ouviu e entendeu nesse tempo tão importante, numa eleição tão difícil, tão disputada”, afirmou no dia da reeleição.
Articuladora da direita
Já nos bastidores, a maior vencedora foi a senadora Tereza Cristina (PP). A política se posicionou como a articuladora da direita ao derrotar poderosos, ex-poderosos e até Bolsonaro para eleger a primeira prefeita da história de Campo Grande.
A lista dos ‘atropelados’ por Tereza Cristina inclui desde antigos aliados, como o ex-governador Reinaldo Azambuja e seu articulador Sérgio de Paula, que tentaram emplacar Beto Pereira (PSDB) ao invés de apoiar o projeto da senadora, até o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro.
Bolsonaro preferiu apoiar o candidato tucano e deixou sua ex-ministra da Agricultura sozinha em Campo Grande. A jogada marcada como traição acabou rachando a direita em Mato Grosso do Sul e tirando do jogo várias candidaturas do PL no interior do Estado.
Eleições de 2024
Nas eleições em outubro, o recado dos eleitores nas urnas foi de renovação. Apenas 31 dos 79 prefeitos foram reeleitos para a próxima legislatura e a mudança nas gestões chega a 62%. Assim, 48 prefeitos compõem novo quadro.
Já em Campo Grande, mais do que a metade dos vereadores devem dar adeus à Casa de Leis a partir do próximo ano. Entre os 29 parlamentares, 15 devem estrear ou retornar ao legislativo municipal a partir de 1º de janeiro de 2025.
Entre os projetos, destaca-se a reforma administrativa da Prefeitura Municipal de Campo Grande, aprovada em dezembro sob protestos de alguns setores diante da proposta de extinção das pastas de cultura, mulher e juventude.
A solução encontrada pela prefeita Adriane Lopes foi reformular o projeto enviado à Casa de Leis e criar três secretarias-executivas para alocar essas áreas. Já entre as novidades, está a criação da Secretaria Municipal da Casa Civil e a Secretaria Municipal de Articulação Regional.
Assembleia
Já na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), o ano foi marcado por eleição da Mesa Diretora – que manteve a mesma composição – e mais de 430 projetos de lei, somados a ofícios, audiências públicas e reuniões de comissões.
Segundo o presidente da Mesa Diretora, o deputado estadual Gerson Claro (PP), o trabalho na Casa de Leis durante o ano atendeu a demandas populares e de categorias dos servidores públicos.
“Entre os destaques do ano, posso mencionar o avanço em pautas relevantes, como o apoio aos servidores da Polícia Penal, da qual tive a honra de ser autor da emenda de criação da categoria [em 2021]. Também destaco a Lei do Pantanal, que foi fruto de amplos debates e representa nosso compromisso com a proteção ambiental”, afirma o deputado.
O parlamentar relembra que foram aprovadas leis encaminhadas pelo Tribunal de Justiça e outras iniciativas visando estabilidade política, econômica e social no estado. Contudo, pontua que o Legislativo também rejeitou algumas propostas “que não atendiam às necessidades do Mato Grosso do Sul”.
“Olhando para 2025, debates desafiadores estarão presentes, como a terceirização na saúde e a questão da pesca, que envolve o campo turístico e pescadores profissionais. A Assembleia continuará sendo o espaço de construção de consensos, ouvindo todas as partes e tomando decisões que garantam um futuro próspero para nosso estado e para as próximas gerações”, projeta.
De olho nas prefeituras…
Em ano de eleições municipais, o Governo de Mato Grosso do Sul investiu em se aproximar das 79 prefeituras ao anunciar o “Programa MS Ativo – Municipalismo”. O projeto foi divulgado, em abril, com a promessa de distribuir R$ 1,5 bilhão entre os municípios de Mato Grosso do Sul.
O programa foi estruturado em três fases, pensando no investimento em áreas como infraestrutura, educação, saúde e inclusão social. O governo ainda lançou a meta ambiciosa de asfaltar todas as ruas do Estado até o fim do mandato.
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