O discurso do pastor e vereador Sérgio Nogueira (PP) agora também é alvo de denúncia do deputado federal Geraldo Resende (PSDB). Nesta quarta-feira (22) o parlamentar de Mato Grosso do Sul entrou com uma representação na Comissão de Ética do Legislativo municipal e outra no MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

Nas duas peças protocoladas, o deputado federal ressalta que, os ataques preconceituosos contra a honra e dignidade do Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afetam, em sua totalidade, a população LGBTQIA+ do Município de Dourados, do Estado do Mato Grosso do Sul e do Brasil.

Ainda segundo Resende, a manifestação do vereador, que esclarece deixar de ser solidário à toda uma população, em razão da opção sexual de seu governante, por supostamente estar preocupado com seu companheiro, além de inverídica, “transmite a informação de que o Governador gaúcho nada vem fazendo para amenizar os efeitos causados pelas tragédias ocorridas em seu Estado, também causa repulsa”.

“O motivo elencado pelo vereador para deixar de contribuir com o socorro das vítimas é de cunho preconceituoso, considerando que Eduardo Leite é homossexual, a manifestação do Edil em comento é homofóbica e, portanto, criminosa”, fundamenta o deputado.

Antes de Resende, outra denúncia já havia sido feita na Comissão de Ética, pelo vereador Diogo Castilho (PSDB). Segundo ele, a fala de Nogueira não pode ficar sem nenhuma resposta. “Por mais que os vereadores tenham imunidade durante os pronunciamentos na tribuna, é preciso ter respeito com as pessoas e arcar com o que se fala”, disse Castilho.

Entenda o caso

Com histórico de pronunciamentos polêmicos na tribuna da Câmara de Dourados, o pastor e vereador Sérgio Nogueira (PP) se envolveu em uma nova polêmica. Ao fazer críticas sobre à administração do governador do Rio Grande do Sul, em relação às enchentes que assola as cidades gaúchas, Nogueira acabou fazendo ataques pessoais a Eduardo Leite (PSDB).

No seu pronunciamento, feito na sessão ordinária do dia 13 de maio, o vereador que também é líder do prefeito de Dourados na Câmara, disparou contra o seu ex-colega de partido, uma vez que há até pouco tempo ele estava filiado ao PSDB (Partido da Social Democracia).

“Foi falado aqui por alguns vereadores de mandar dinheiro ao Rio Grande do Sul. Cadê esse governador do Rio Grande do Sul? Há cinco anos e quatro meses esse governador do PSDB, que enfrentou no governo dele algumas enchentes, desmoronamentos e colocou agora para 2024 uma quantia ínfima, irrisória”, disse o vereador.

Entretanto, além das observações sobre a suposta ineficiência do governador gaúcho, Nogueira, disse não irá fazer nenhum depósito na conta divulgada pelo Rio Grande do Sul. “Um governador que agora entra nas redes sociais e pede PIX! Manda um PIX, na conta do Governo do Estado. Aliás, um governador do PSDB, né?”

“Grande governador, o senhor não receberá um PIX meu. Posso mandar para APAE, Pestalozzi, para as instituições, para os gaúchos sérios, mas ao senhor não. O senhor está preocupado com o seu primeiro-damo, aí no seu governo”, disse durante a sessão, em referência ao médico Thalis Bolzan, marido de Eduardo Leite.

“Me processa”

O pronunciamento do vereador ganhou maior repercussão nessa sexta-feira (19), quando é comemorado o Dia Internacional de Luta Contra à LGBTfobia ao ser reproduzido nas redes sociais.

“É um absurdo. Já não é a primeira vez que ele comete homofobia. Ele é o autor da polêmica onde o mesmo sugeriu que colocassem todos os gays em uma ilha, e depois de 10 anos, voltassem pra ver se iria ter reproduzido”, comentou uma internauta ao lembrar de outro pronunciamento do vereador em setembro de 2014.

“Eu como vereadora tenho vergonha de ver tanta hipocrisia em um momento de tanta dor no Rio Grande do Sul. Independente do governador ser ou não ser gay, tenho acompanhado o tanto que o governador tem lutado pelo seu povo, com muita dedicação e competência”, disse a vereadora Tânia Cristina (PSDB).

Segundo a colega de parlamento, quando disse que ele poderia ser processado por isso, Nogueira teria respondida de forma irônica: “Me processa”.  “Lamentável e desnecessário um comentário tão frio e maldoso de alguém que foi eleito pelo povo. Sem palavras para tanta falta de humanidade”, ressalta Tânia Cristina.