Deputado faz indicação de revogação da “Lei das Bets”
Parlamentar quer garantir que esta modalidade de apostas seja proibida no Brasil
Schimene Weber –
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O deputado estadual Pedro Kemp (PT) fez indicação, que deverá ser apreciada por seus pares da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul na sessão de quarta-feira (13), para a revogação da Lei nº 14.790/2023, com o objetivo de garantir a proibição desta modalidade de apostas no Brasil.
De acordo com o parlamentar, “as famílias brasileiras estão sofrendo as consequências das chamadas ‘bets’ e de jogos conhecidos como ‘tigrinho’, que causaram o aumento do endividamento e diminuição de recursos para itens básicos, bem como do adoecimento mental e até mesmo o suicídio de pessoas que entraram no ciclo das dívidas insanáveis, incluindo problemas com os chamados agiotas”.
O parlamentar considera “urgente a ação do Congresso Nacional no sentido de apropriar o seu papel e revogar as leis que estão em vigência e que atraíram tantos problemas para o país”.
A indicação deverá ser apresentada à Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados, na pessoa da deputada Daiana Santos; à Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados, na pessoa do deputado Danilo Forte; à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal, na pessoa do Senador Paulo Paim; e à Comissão de Assuntos Econômicos, na pessoa do Senador Valderlan Cardoso.
PGR aciona Supremo contra bets
O procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, entrou com ação direta de inconstitucionalidade (ADI) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra as legislações que permitiram a “exploração e a divulgação indiscriminada de sistemas de apostas virtuais baseadas em eventos esportivos” – popularmente conhecidas como sports bets ou bets que atuam por meio de eventos de jogos online.
“Além das leis federais, a ação pede a inconstitucionalidade do conjunto de portarias editadas pelo Ministério da Fazenda que regulamentam a modalidade de apostas de quota fixa. Essa modalidade consiste em sistema de apostas em torno de eventos reais ou virtuais em que é definido, no momento da efetivação da aposta, quanto o apostador poderá ganhar no caso de acerto”, justifica a PGR.
Na ação apresentada ao STF, Gonet argumenta que a legislação das bets “fere direitos sociais à saúde e à alimentação, direitos do consumidor, de propriedade, da criança e do adolescente, do idoso e da pessoa com deficiência”, e que, além disso, entra em “linha de choque com princípios da ordem econômica e do mercado interno e com o dever do Estado de proteção da unidade familiar”.
Ainda segundo o procurador, essas legislações não seguem as restrições constitucionais previstas para propagandas de produtos que colocam em risco a saúde das pessoas.
A Lei nº 13.756/2018 instituiu essa modalidade de apostas, ao mesmo tempo em que indica para onde parte dos recursos devem ser destinados. No entanto, segundo a PGR, não regulamenta as apostas virtuais.
“Esse novo mercado surgiu sem critérios de proteção dos usuários do serviço e do mercado nacional, circunstância agravada pelo fato de os sites e operadores estarem, muitas vezes, sediados em outros países, ou seja, a legislação brasileira não incide, dificultando o controle e a fiscalização, bem como a tributação da atividade”, detalha a procuradoria.
Já a Lei nº 14.790/2023 foi instituída com o objetivo de amenizar os impactos sociais negativos deste novo mercado. Gonet, no entanto, avalia que isso não foi feito de forma suficiente. Nesse sentido, ele solicitou pedido cautelar para suspender algumas normas que teriam, como consequência, a proibição das bets.
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