A vereadora Lourdes Moreira (MDB) usou o grande expediente da sessão desta terça-feira (16) da de para protesto. Após ter o microfone cortado durante a fala na sessão anterior, a parlamentar usou fita para tapar a boca e segurou uma placa: “É isso que vocês querem de uma vereadora?”, questionou.

A vereadora colocou fita na boca já durante o tempo concedido e passou os cinco minutos em silêncio. Assim, afirmou ao Jornal Midiamax que o ato foi ‘um protesto contra a censura' da última sessão.

Isso porque em 9 de maio, a vereadora usou o grande expediente para falar da venda do Estádio Municipal de Ponta Porã. Contudo, o presidente da Câmara, vereador Candinho Gabínio (PSDB), pediu o corte do microfone e som da Casa de Leis.

Além disso, pediu a cassação da palavra da vereadora. Na sessão do dia 9, a vereadora afirmou que o regimento da Casa de Leis foi ‘rasgado'.

“Ainda estamos buscando motivos da venda do Estádio . Pois todos sabemos, o regimento desta Casa de Leis foi rasgado na última sessão para que o projeto de lei que autoriza a venda do Estádio Aral Moreira fosse aprovado nessa Casa de Leis”, disse antes do microfone ser cortado.

Questionamentos sobre o projeto

“Esse já foi em uma terceira sessão, onde tinha um projeto sobre a venda do estádio Aral Moreira. A qual eu me coloquei ao contrário, porque esse projeto de lei não estava totalmente transparente”, explicou a vereadora. Ao Jornal Midiamax lembrou que o projeto seria votado em regime de urgência.

Contudo, Lourdes questionou a votação. “Consegui derrubar o regime de urgência, que estava feito fora do ritual do regime interno”, disse.

Além disso, afirmou que protocolou requerimentos sobre o projeto de lei do Executivo. “Fiz vários requerimentos solicitando qual o motivo da venda do patrimônio público, pois o projeto de lei contava que pode a venda, mas não constava o motivo. Então, entrei com requerimento, derrubaram meu requerimento”, explicou.

Também protocolou requerimento solicitando as cópias de ação judicial e a “relação das precatórias que a prefeitura alegava para venda do Estádio Aral Moreira. Derrubaram também meu requerimento”, lembrou.

Apesar dos requerimentos e discussões, o projeto foi aprovado por 14 votos favoráveis na Câmara de Ponta Porã.

Som cortado

Sobre o microfone cortado, Lourdes considerou ‘censura'. Nas ela criticou e protestou contra o ato. A vereadora garante que não houve conversa após a sessão. “Ele simplesmente virou a cara”, pontuou.

Porém, disse ao Jornal Midiamax que não é a primeira situação entre ela e Candinho. “Isso vem desde o ano passado. O vereador Candinho tem o controle emocional assim, meio complicado”, afirmou.

Segundo ela, antes de assumir a presidência, o vereador pediu a cassação do mandato dela. “Ano passado ele pediu a cassação do meu mandato, na época ele era secretário de governo do prefeito Hélio Peluffo. Pediu a cassação do meu mandato, porque eu mandei o vereador trabalhar”, lembrou.

Assim, destacou que agora enfrenta pedido de cassação da fala. “Houve cassação da minha fala e também o presidente Candinho falou que houve quebra de decoro para uma nova cassação”, contou.

Quebra do regimento

O presidente Candinho sustenta que a vereadora quebrou artigos do regimento. “Ela infringiu diversos artigos do regimento, a gente cortou a fala baseado nisso. Ela faltou com decoro em questão regimental, falou inclusive em rasgar regimento”, destacou.

Então, disse que a resposta imediata foi o corte de som. “Infringiu diversos artigos e aí a gente teve, infelizmente, que advertir por diversas vezes e tivemos que tomar essa atitude”.

“O som foi cortado, mas ela gritava tanto que achei que os sons continuaram ligados. Por isso que eu solicitei ao serviço de som que cortasse a luz do som, mas como ela gritava muito e a voz dela era muito alta, e o filho dela também estava no plenário gritando”, justificou.

No entanto, admitiu alteração no pedido de corte do microfone. “Eu acabei me alterando um pouquinho solicitando que o serviço cortasse o som, mas já tinha sido cortado e era ela que estava gritando”, explicou.

Por fim, Candinho disse que não houve conversa após a situação. “É tudo normal, é questão regimental mesmo, são questões dentro do plenário. Então a gente como presidente tem que tomar uma iniciativa e o vereador também dentro do que ele acha correto”, pontuou.

Ao Jornal Midiamax, vereador resumiu o ocorrido como ‘discussão acalorada'. “Ela teve um prazo, inclusive não entrou solicitando, pediu algumas informações regimentais que o setor jurídico está respondendo. Mas a fase é isso, uma discussão acalorada em tribuna, em sessão”, finalizou.