Prefeitura não fiscaliza, transporte ruim e subsídio: confira opinião dos vereadores sobre greve

Parlamentares defenderam revisão do contrato ou que o Consórcio Guaicurus abandone o serviço

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Alírio Vilassanti, André Luís, Zé da Farmácia e Camila Jara: vereadores criticaram Consórcio. (Fotos: Izaias Medeiros/CMCG)

Vereadores de Campo Grande lamentaram a greve dos motoristas de ônibus nesta quarta-feira (18). Os trabalhadores do Consórcio Guaicurus querem reajuste salarial de 16%, mas a concessionária alega não ter caixa.

Presidente da Comissão de Transporte e Trânsito, Alírio Vilassanti (União) disse que a paralisação prejudica os serviços públicos, como a saúde, e o comércio. Ele defendeu que a prefeitura use parte dos recursos da Cosip (Contribuição de Serviço de Iluminação Pública) para manter o subsídio da tarifa e impedir novo aumento aos usuários.

“Estou propondo o remanejamento de parte da Cosip para que os usuários não sejam prejudicados com um novo aumento e até, se for caso, a diminuição do valor da tarifa. Entendo que a prefeita tem que priorizar uma solução para o problema com urgência, inclusive antecipando a reunião do Conselho de Regulação que definirá a tarifa prevista para o dia 24. Tudo que foi proposto pelo executivo para auxiliar o sistema de transporte coletivo, a Câmara aprovou”, elencou.

Já o presidente da Comissão de Mobilidade Urbana, André Luís Soares (Rede), apontou que até mesmo a Câmara não vem fiscalizando o transporte público e a prefeitura não está tendo o mesmo rigor.

“Fico envergonhado e frustrado com o que está acontecendo. Pedi na primeira sessão do ano passado a abertura de uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito], mas nem o Executivo e nem o Legislativo querem resolver. A depreciação do transporte está acontecendo e a prefeitura parece não dar prioridade, não trata o problema como deveria”, comentou.

Membro do mesmo colegiado, o vereador José Jacinto de Luna Neto, o Zé da Farmácia (Podemos), defendeu que o Consórcio entregue a concessão se não tem mais condições de operar o serviço.

“Tem como dar o aumento aos motoristas sem aumentar a tarifa. É absurdo quase dobrar a tarifa, de R$ 4,40 para R$ 8. O Consórcio tem força suficiente para dar esse reajuste sem mandar a conta para o usuário, que já sofre com um transporte ineficiente. Ou esse Consórcio dá conta ou vai embora, porque eles já têm aporte da prefeitura e do governo”, opinou.

A deputada federal eleita e vereadora Camila Jara (PT), que também compõe a comissão de Mobilidade, disse que o contrato de concessão precisa ser revisto e defendeu até tarifa zero.

“Existe necessidade de fazer uma alteração contratual em relação aos quilômetros rodados e ao número de passageiros. Essa alteração contratual não foi executada por parte do município. Quem depende do transporte público todos os dias sabe o quanto a tarifa zero poderia melhorar a qualidade de vida de todos”, afirmou.

Greve no transporte coletivo

Com 100% dos trabalhadores parados, profissionais do transporte coletivo de Campo Grande vão se reunir para decidir se a paralisação de hoje vai virar greve por tempo indeterminado. Eles cobram retomada nas negociações salariais com o Consórcio Guaicurus.

“Hoje é um protesto para chamar atenção do Consórcio, vamos chamar assembleia e votar edital de greve por tempo indeterminado. Esperamos que com essa paralisação a empresa retome a conversa com a gente”, pontua Demétrio Freitas, presidente do STTCU.

De acordo com ele, na semana passada, o sindicato foi informado que o Consórcio Guaicurus não se reuniria mais com a categoria para rodada de negociação. Em dezembro, a empresa ofereceu reajuste salarial de 6,5% aos trabalhadores, no entanto, deixou de lado outros benefícios.

Nenhum dos veículos do transporte coletivo da Capital saiu da garagem e cerca de 1.500 trabalhadores estão na garagem da Jaguar Transportes Urbanos, onde farão assembleia.

Os ônibus do transporte coletivo de Campo Grande devem voltar às ruas na próxima quinta-feira (19), segundo o sindicato. A paralisação desta quarta-feira está ligada à reivindicação de reajuste salarial de 16% da categoria. A negociação vem desde dezembro do ano passado.

Consórcio quer passagem a R$ 8

Anualmente avaliado em novembro, o Consórcio Guaicurus considera que o reajuste da passagem do transporte público de Campo Grande pode chegar a R$ 8. Atualmente, a tarifa custa R$ 4,40 aos passageiros, mas, de acordo com o diretor-executivo do consórcio, Robson Strengari, o novo preço considera diversos fatores, como a alta do combustível e INPC (Índice Nacional de Preço ao Consumidor).

“O estudo ainda não foi concluído e a Agereg que decide, mas o reajuste chega em torno de R$ 8. Ainda temos nesse mês a negociação de reajuste salarial de funcionários, temos assuntos em andamento para mudanças”, afirma.

O que diz a prefeitura?

Em meio à paralisação dos trabalhadores do transporte público, a Prefeitura de Campo Grande afirmou que aguarda relatório que avalia o que seria percentual aceitável de reajuste da tarifa. O Consórcio Guaicurus, empresa que administra a frota de ônibus da cidade, pede aumento da passagem de R$ 4,40 para R$ 8.

“O reajuste da tarifa está sendo cautelosamente estudado, e o poder executivo tem feito todo o possível para continuar subsidiando as gratuidades para estudantes, idosos, pessoas com necessidades especiais e seus acompanhantes”, informou o Município por meio de nota. 

No texto, a Prefeitura pontuou as últimas aplicações de recursos no transporte na cidade, por exemplo, convênio com o Governo do Estado, que passou a subsidiar o serviço desde o ano passado. Também, repasse de verbas federais para que o Consórcio custeasse gratuidades para idosos entre janeiro e outubro de 2022, com valores a repassar mensalmente para cobrir as gratuidades.

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