A última sessão ordinária da Câmara de foi marcada por fala do vereador Osmar Ajala, que ‘confessou' na Casa ter comprado votos. Segundo áudio obtido pelo Jornal Midiamax, o vereador diz ‘paguei para votar em mim', ao falar na tribuna, no último dia 19.

O comentário causou estranheza para quem estava presente na sessão e aos eleitores que ficaram sabendo do pronunciamento na cidade, distante 270 quilômetros de Campo Grande.

Em áudio da sessão, o vereador fala abertamente sobre a compra e venda de votos. “Por que que eu tô aqui, por que nós estamos aqui? É pelo voto”, começou o discurso.

“Muitos que criticam de asfalto, daqui para Miranda, cadê os vereadores, cadê isso, cadê aquilo? É um cara que eu paguei, um dos caras que eu paguei para votar em mim, pô. Vai cobrar de que jeito? Se o cara vende o voto?”, disse durante a sessão.

O vereador ainda continua no mesmo assunto e disse que ainda existem ‘muitos eleitores bons'. No entanto, propôs um cenário de nova eleição para os colegas.

“Se tiver uma eleição aqui amanhã, se cada vereador aqui de nós tiver que ter 150 votos, a gente tem. O que precisamos, correr atrás de mais 150 para se eleger, aí é a questão que eu falo é onde a porca torce o rabo. O que precisa, infelizmente o maldito dinheiro”, disse.

Confira trecho em que o vereador fala sobre compra de votos:

Sessão parlamentar

Ao Jornal Midiamax, o vereador de Bodoquena disse que a fala se deu “devido ao momento em que vivemos aqui críticas e injustiça de alguns”. Contudo, afirmou que faltaram palavras da fala da sessão.

“Na minha fala faltou a palavra ‘trabalho'. É de onde pago os meus votos recebidos. Sempre repudiei essa prática”, disse ao contextualizar.

O presidente da Câmara, vereador Emerson Garrucha (PSD), disse que o caso está com o jurídico da Casa de Leis. Por sua vez, a assessoria jurídica informou que as falas não podem gerar processo administrativo.

“O processo administrativo, o processo ético parlamentar, ele se dá em razão de infração político administrativo. Então não é todo e qualquer ato do vereador que pode ser investigado”, afirmou o jurídico da Câmara de Bodoquena.

A Câmara negou, ainda, ter a obrigação de denunciar a suposta admissão do crime eleitoral durante a sessão à Justiça Eleitoral. “O ato de improbidade seria de competência do Judiciário, do Ministério Público processar”, finalizou.

As sessões da Casa de Leis acontecem às 19h na segunda-feira e são transmitidas pelo Facebook. Porém, a transmissão de 19 de junho não consta na rede social oficial da Câmara de Bodoquena.

O presidente da Câmara destacou que o vídeo não foi retirado e apontou um suposto problema técnico. “Não foi retirada [a sessão], me parece que no dia deu um problema no servidor, mas foi transmitida normal e temos os áudios em MP3 salvo em nossos arquivos”, justificou.