O presidente do Diretório Estadual do PT (Partido dos Trabalhadores), Vladimir Ferreira, cobrou coerência sobre as bandeiras da legenda e defendeu indígenas de Mato Grosso do Sul. “Durante os seus 43 anos de existência o PT sempre foi defensor da demarcação das terras indígenas”, destacou o presidente do partido.

Assim, disse que a demarcação “nada mais seria do que uma pequena reparação de tudo que já foi expropriado dos povos originários, terra, vidas e sua cultura”. Em nota, o presidente do partido criticou as falas do deputado estadual Zeca do PT contra a retomada de terras feita por indígenas.

Para o presidente, o “deputado questiona de forma veemente e incoerente com relação a sua própria história e a do Partido dos Trabalhadores, o direito de luta e resistência dos povos indígenas e também dos trabalhadores sem terra”.

Ele disse que a elite agrária tem outros instrumentos para pressionar os governos e ter acesso aos orçamentos. Contudo, “infelizmente ao povo trabalhador, resta outras formas de luta, como por exemplo a ocupação de terras para pressionar o poder público a enfrentar o problema da concentração de terras no Brasil”.

Então, ressaltou que “na vida e na política é preciso ter coerência”. A nota lembrou que a área Tekora Laranjeira Nanhanderu está em posse de um companheiro do PT.

No entanto, afirmou que o fato “não pode fazer com que mudemos de posição em defesa dos direitos dos indígenas de recuperar seu território tradicional”. Além disso, apontou que o Governo do presidente criou o Ministério dos Povos Indígenas para enfrentar uma ‘dívida histórica que o Estado Brasileiro tem com essa população'.

Governo do país

Vladimir destacou que “mesmo o governo sinalizando para garantir aquilo que já é previsto na constituição brasileira, é necessário a mobilização e a luta para que esse processo seja acelerado”. Assim, apontou que “ocupações fazem parte dessa tática de pressão dos movimentos organizados”.

Por fim, o presidente do PT-MS lembrou de “anos de opressão dos governos Temer e Bolsonaro, aprofundando a exclusão e aumentando demandas diversas no Brasil, sendo a questão da terra uma das principais”. Então, afirmou que “cabe ao nosso governo pôr fim à opressão dos trabalhadores e trabalhadoras, e não condenar suas formas de luta e resistência”.

Além disso, Vladimir lembrou que desde o pronunciamento do Zeca do PT, considerado por ele como ‘desastroso', “vários movimentos e lideranças, se posicionaram de forma contundente contra a referida manifestação do Deputado Zeca. Reafirmo que o posicionamento do Deputado Zeca, é um posicionamento isolado e equivocado, e de forma alguma representa o que o PT historicamente defende e que o governo do Presidente também”.

Zeca do PT

O deputado estadual Zeca do PT condenou a ocupação de indígenas em terras produtivas no interior de Mato Grosso do Sul. Então, recebeu repúdio do Conselho de MS e da Assembleia de Mulheres Guarani e Kaiowá de MS.

Durante o grande expediente da quinta-feira (9), o deputado afirmou que “é uma barbaridade o que estão fazendo com o companheiro Raul e sua fazenda em Rio Brilhante”. Assim, pontuou que “não se tem nenhum estudo antropológico definido para dizer que é terra indígena”.

O deputado comentou sobre a situação. “Dois ônibus com aproximadamente 80 indígenas derramados lá, agora trancaram o portão, ocuparam a sede da fazenda de 800 hectares”. Segundo ele, os indígenas estão “proibindo Raul e sua família de tirar de lá, aproximadamente 7 mil sacas de que foram colhidas. E pior, proibindo consequentemente de plantar o milho”.