O ex-chanceler do PSDB criticou o partido em recente entrevista, afirmando que encara com tristeza a ‘agonia’ do PSDB, que chegou a governar o país com Fernando Henrique Cardoso, mas que agora ‘não é confiável nem para oposição’.

Em conversa com o Jornal O Estado de S. Paulo, o primeiro tucano a defender o apoio a Luiz Inácio Lula da Silva na eleição, acha que o atual presidente cometeu erro ao afagar Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. “Na Venezuela, a imprensa não é livre, as eleições não são livres, a oposição é reprimida, o Judiciário é controlado. Se isso não é ditadura, o que é?”, questionou.

O ex-chanceler também foi questionado, sobre o atual momento do partido, que completou 35 anos em sua maior crise. Perdeu o governo de São Paulo, tem sua menor representação no Congresso e enfrenta debandada de prefeitos. Ele afirmou que a crise não aconteceu de repente.

“Essa crise não aconteceu de repente: foi preparada por quatro anos de ausência absoluta de oposição que um partido social democrata teria o dever de fazer a um governo que foi autoritário, reacionário e regressivo do ponto de vista social e ambiental”.

Além disso, criticou a postura da sigla em relação às atitudes de Bolsonaro. “O PSDB não só não fez oposição como em muitos momentos apoiou algumas das medidas mais nefastas do governo Bolsonaro”.

Questionado na entrevista sobre qual o direcionamento do partido, ele definiu. “É um partido de direita. Está na mesma confusão entre vazio político, clientelismo e distanciamento da base social, assim como outros partidos que povoam esse campo da direita. Com um agravante: o que os líderes do PSDB falam não é ouvido”, afirmou.

PSDB chama Aloysio de ‘ex-militante’

O PSDB reagiu às críticas de Aloysio Nunes Ferreira com uma nota sem assinatura. “Agradecemos ao ex-ministro, ex-senador e ex-militante do PSDB Aloysio Nunes Ferreira pelas contribuições em relação ao partido. Vamos levar em conta suas opiniões no processo de reconstrução no qual estamos empenhados”, diz o texto.

O presidente nacional do PSDB, Eduardo Leite, que é governador do Rio Grande do Sul, foi procurado pelo Estadão e preferiu não se manifestar. Ele não assinou o texto divulgado pela assessoria do partido.

Presidente da federação PSDB-Cidadania em São Paulo, o prefeito de Santo André, Paulo Serra, foi ainda mais contundente na declaração.

“Precisamos menos de teóricos desatualizados escrevendo sobre os nossos já conhecidos defeitos e mais de ação prática com disposição verdadeira para ajudar na reconstrução!”, disse Paulo Serra.

O prefeito de Santo André, que também é tesoureiro nacional do PSDB, fez questão de ressaltar que falava em nome da federação. Ele assumiu o comando do grupo na semana passada, com a missão de tocar as articulações para as eleições municipais de 2024 em São Paulo.

*Com informações Agência Estado

‘Diálogos tucanos’ em Mato Grosso do Sul

O Presidente nacional do PSDB e governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, participa de um evento para debater o futuro e reestruturação do partido em Mato Grosso do Sul. O encontro tucano acontece na manhã deste sábado (8).

O evento, denominado ‘Diálogos Tucanos’ está previsto para começar às 9h de amanhã, no diretório estadual do partido, localizado na Avenida Ministro João Arinos, 156, Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande.

Conforme a assessoria de imprensa nacional do PSDB, lideranças do partido serão ouvidas, ideias serão debatidas e informações regionais serão coletadas. E, ao final da rodada desses encontros pelo Brasil, o partido vai apresentar um seminário, com resultados consolidados de toda essa jornada.

“Eu tenho o papel de liderar para dentro do PSDB a discussão sobre as agendas do partido, o seu propósito, suas bandeiras. Esse será um momento de discussão e de alinhamento interno”, afirma Eduardo Leite.