Os deputados estaduais de Mato Grosso do Sul vão enviar ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, uma moção de repúdio, após ele declarar não querer o inclusivismo. O termo da teologia foi usado em referência às crianças com deficiência nas escolas. A moção de repúdio foi apresentada pelo deputado Pedro Kemp (PT) e aprovada com 11 votos favoráveis e quatro contrários. 

Ribeiro defendeu em entrevista que algumas crianças com deficiência estudem em salas de aulas separadas do restante dos estudantes. “Nós não queremos o inclusivismo, criticam essa minha terminologia, mas é essa mesmo que eu continuo a usar”, disse o ministro.

Segundo Kemp, a declaração de Milton Ribeiro é no mínimo ofensiva. “É uma declaração discriminatória e vai na contramão da política nacional do Plano Nacional de Educação e da Constituição Federal que determina que as crianças com deficiência sejam atendidas pela rede regular de ensino”.

Capitão Contar (PSL) gravou um trecho da entrevista do ministro e colocou para os demais deputados ouvirem. “Ele fala que não existia a estrutura para os alunos terem atenção adequada”, comentou o deputado, dizendo que Ribeiro se refere ao passado.

Coronel David (sem partido) afirmou que a teorização de Kemp é correta, porém, entende que a fala do ministro foi retirada do contexto. “Entendo que a palavra inclusivismo teve mais polêmica do que ele quis dizer. Mas, precisamos admitir que o estado brasileiro ainda não tem estrutura para tratar os alunos da educação especial”.

Por sua vez, Neno Razuk (PTB) disse ter ficado indignado com a entrevista. “Me fogem as palavras, a revolta que me causa ouvir isso. O trecho colocado pelo colega foi curto. Eu sinto o preconceito, eu tenho filho especial, eu me senti ofendido”.

Razuk afirmou que o ministro deveria ter soluções. “Esse ministro ao invés de trazer soluções, ao invés de buscar a maneira para amparar as pessoas com filhos especiais, vem com pensamento retrógrado. Estou revoltado, essa fala não tem defesa”.

Barbosinha (DEM) disse que o termo inclusivismo mencionado pelo ministro não é usado em políticas públicas. “O termo não consta em dicionários, não encontro a expressão. O ministro precisa ter domínio da língua portuguesa e utiliza de forma inadequada a expressão ‘atrapalhar’”.

Conforme a deputada Mara Caseiro (PSDB), ela entende a intenção do ministro, mas a maneira como ele se colocou foi equivocada. “Entendo a intenção dele, que é fortalecer as Apaes e as instituições que atendem as pessoas com necessidades especiais, mas a maneira como ele se colocou, a gente tem que tomar cuidado”. 

Os deputados que votaram contra a moção foram os seguintes: Coronel David, Capitão Contar, João Henrique Catan (PL) e Evander Vendramini (PP). Vendramini e Catan afirmaram que a entrevista foi tirada de contexto, por isso, se posicionaram contra. Os demais parlamentares não votaram.