Durante reunião com lideranças indígenas das aldeias Bororó e Jaguapiru, que durou mais de duas horas, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, disse que Dourados  irá se transformar em exemplo de combate ao estupro de crianças indígenas e de mulheres. “Peço perdão à Raíssa por não ter chegado antes e evitado tudo isso”, disse a ministra, referência ao estupro, seguido de morte,  da menina Raíssa da Silva Cabreira, de 11 anos, em uma pedreira desativada na Aldeia Bororó.

“Não vim aqui para tirar fotos. Hoje não é um dia de festa, de comemorar nada. Hoje é um dia de choro porque não conseguimos salvar aquela menina de 11 anos que foi violentada e depois assassinada”, afirmou Damares, convocando o prefeito Alan Guedes (PP) a unir forças em defesa de uma política de combate à violência contra crianças e mulheres indígenas.

“Viemos aqui para dizer que acabou para os agressores”, discursou a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, sem esclarecer como pretende colocar em prática sua promessa. Antes do seu pronunciamento, a ministra ouviu duras críticas dos caciques das aldeias Bororó, Gaudêncio Benites e da Jaguapiru, Izael Morales, que afirmaram estarem cansados de palavras bonitas e discursos vazios.

“Quero dizer para senhora ministra, que esta não é primeira vez que esse tipo de violência acontece. Temos muitas e muitas Raíssas que já morreram e ninguém fez nada. Infelizmente precisou acontecer tudo de novo para que vocês viessem aqui falar essas palavras bonitas que nós agradecemos, mas que não passam de palavras. Queremos mudança de verdade. Tudo isso basta”, afirmou o cacique da Aldeia Bororó, Gaudêncio.

Fazendo coro de reclamação contra o descaso das autoridades, o líder da Aldeia Jaguapiru também disparou contra o abandono. “Nossas crianças estão sendo usadas como mercadorias nas aldeias”, denunciou Izael, ressaltado que ninguém olha para as mães que sofrem. “São muitos discursos bonitos, tantas conversas, mas continuamos no mesmo lugar e ninguém faz nada”, lamentou o cacique, que a exemplo do seu colega da Bororó, nas segurou as lágrimas e chorou.

Casa da Mulher nas aldeias

A deputada Rose Modesto (PSDB), que organizou o encontro com a ministra, o prefeito Alan Guedes e outras autoridades parlamentares, se comprometeu a conseguir emendas para construir a Casa da Mulher em Dourados. “Tem que ser nas proximidades das aldeias para garantir atendimento às moradoras da Jaguapiru e Bororó”, disse a parlamentar, que pediu a doação de uma área ao prefeito de Dourados.

Na visita a Dourados, a ministra Damares estava  acompanhada pela Secretária Nacional de Políticas para as Mulheres, Cristiane Britto, pela Coordenadora da Secretaria da Mulher na Câmara, Celina Leão, a presidente da Associação de Magistrados Brasileiros, Renata Gil, a senadora Soraya Thronicke, das deputadas Bia Cavassa, Paula Belmonte, da Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres, Luciana Azambuja.

Encontro aconteceu no Teatro Municipal de Dourados para discutir políticas indígenas em Dourados, após estupro e assassinato da menina Raíssa,  de 11 anos