Da direita à esquerda, 13 partidos perderam filiados e ‘encolheram’ em MS
Debandada de filiados foi sintomática em partidos menores, que acusaram o golpe das mudanças na lei eleitoral, como o fim das coligações.
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Em 2020, ano de eleições municipais, quatro em cada dez partidos perderam filiados em Mato Grosso do Sul. Segundo estatísticas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 13 legendas encolheram no Estado, em comparação com o quadro de 2019.
As baixas afetaram partidos das mais diferentes correntes ideológicas. O Republicanos, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus e alinhado com pautas conservadoras, foi o que mais perdeu integrantes em Mato Grosso do Sul no ano passado – 1.917 pessoas. Assim, a legenda terminou 2020 com 15,5 mil eleitores filiados.
Mas o presidente estadual do Republicanos, Wilton Acosta contesta os números. Inclusive, ele afirma que o partido acionou a Justiça Eleitoral para questionar esta queda, que teria começado ainda em 2014. Outra hipótese levantada por Acosta aponta para o cancelamento de títulos dos eleitores filiados que não fizeram a biometria.
A saída de 1,9 mil membros do Republicanos segue na contramão da evolução de desempenho da legenda nas urnas. Em 2020, manteve suas duas cadeiras na Câmara de Campo Grande, bem como dobrou a bancada em Corumbá e conseguiu uma vaga no Legislativo de Dourados. Além disso, o Republicanos elegeu um vice-prefeito.
Ainda no espectro da direita, o PL foi o segundo partido com maior debandada de eleitores em um ano – 734. A sigla, que em nível nacional é um dos alicerces do chamado “Centrão” na Câmara dos Deputados, tem uma prefeitura em Mato Grosso do Sul, bem como um representante na Assembleia Legislativa – o deputado João Henrique Catan (PL).
Mudanças na lei catalisaram perda de filiados em partidos menores
No campo de centro-esquerda, o PV e o Cidadania acusaram as baixas mais significativas, de 283 e 273 filiados, respectivamente. O primeiro fechou 2020 com 5 mil membros no Estado; o segundo, com 7,2 mil.
O presidente estadual do PV, Marcelo Bluma, atribui a queda à mudança na legislação eleitoral que pôs fim às coligações nas candidaturas proporcionais. Segundo ele, partidos maiores e com cargos nas administrações públicas atraíram filiados que não teriam a mesma estrutura e poderio financeiro nas siglas menores.
“A política brasileira é extremamente fisiológica, não acontece no campo do programa, das ideias. Majoritariamente, ela é clientelista. Então, o partido no poder atrai muita gente. Na última semana do prazo de filiações nós perdemos muita gente”, avaliou.
No comando do diretório estadual do Cidadania, Ricardo Maia dos Santos tem opinião parecida. Além disso, analisou que a saída de lideranças do partido – como Luiza Ribeiro e Professor Gilvano, que foram para o PT – também contribuiu para a leva de desfiliações.
“Foi uma coisa mais pontual, questão de formação de chapa. Ter que fazer chapa pura influenciou no interior. A gente tem uma dificuldade em constituir em municípios menores, onde a gente tinha vereadores que saíram para ir para o partido do prefeito”, comentou.
PSD e Democratas ampliaram bases no Estado
De fato, partidos mais consolidados em Mato Grosso do Sul registraram saltos no número de membros entre 2019 e o ano passado. O PSD – com quatro prefeitos, dez vices e 83 vereadores eleitos em 2020 – ganhou 3 mil filiados e chegou a 10,3 mil integrantes.
O Democratas, que fez 14 prefeitos, 19 vices e 125 vereadores, ganhou 2,4 mil novos membros e, por isso, agora tem 18,4 mil pessoas em seu quadro.
Por outro lado, o PSL, tido como “nanico” até Jair Bolsonaro (hoje sem partido) catapultar a sigla nas eleições de 2018, filiou 2,9 mil integrantes no ano de sua primeira eleição municipal com novo status. Assim, a legenda hoje conta com 7,8 mil membros.
MDB (46 mil) e PT (34,2 mil) têm o maior número de eleitores filiados em Mato Grosso do Sul, seguidos pelo PSBD (32,7 mil).
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