CPI: Simone critica estratégia de uso da CoronaVac e diz que liberação deveria ter garantia
Ministério autorizou aplicação de doses estocadas em março, o que provocou falta de CoronaVac em todo o País
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Em discurso na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia nesta quinta-feira (20), a senadora Simone Tebet (MDB-MS) criticou a estratégia do Ministério da Saúde de autorizar a aplicação de todo o estoque da CoronaVac. O ex-ministro Eduardo Pazuello está sendo ouvido novamente hoje.
Em março, a pasta, na época comandada pelo general de Exército, autorizou os municípios de aplicar todas as doses armazenadas de imunizantes contra a Covid-19. Com dificuldades na fabricação, a distribuição atrasou e prejudicou o calendário de aplicação da segunda dose em todos os estados.
“Era uma estratégia interessante e até necessária, mas se tivéssemos certeza de que não faltariam doses para a segunda aplicação como aconteceu no meu estado de Mato Grosso do Sul”, afirmou.
No início do mês, Mato Grosso do Sul chegou a ter 30 mil pessoas com a segunda dose atrasada. Levantamento da CNM (Confederação Nacional dos Municípios) mostra que faltaram doses para a segunda aplicação da vacina contra a Covid-19 em 74,4% dos municípios do Estado.
“Mentiras”
No início de sua fala, Simone disse que Pazuello garantiu um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) para mentir. “Vossa Senhoria pediu um HC para poder dizer o que quiser e omitir. Não foi para ficar calado, foi para poder mentir sem medo, sem peso na consciência”, asseverou.
Enquanto justificava a atuação da CPI, que deveria seguir a ordem cronológica de investigação partindo da União e depois para estados e municípios, a senadora protagonizou um bate-boca com o ex-ministro.
O general tentou um aparte, mas a emedebista pediu respeito. “Peço ao senhor que não me interrompa, não seja mal-educado”, disparou. Pazuello limitou-se a pedir desculpas.
Simone contou que uma funcionária está internada com Covid-19 e em seguida disse estar na CPI representando as famílias que perderam entes queridos para a doença causada pelo novo coronavírus.
“Estou com uma funcionária no hospital, ela viveu na minha casa, ajudou a criar as minhas filhas. Agora está lá e me dizem que os antibióticos não estão fazendo efeito”, lamentou.
“Essa CPI é um grito de indignação. Por isso estou aqui, mesmo sem ser sembro, para poder gritar em nome dessas famílias”, prosseguiu.
Mais críticas
A senadora criticou a atuação do governo federal nas negociações de compras de vacinas da Pfizer. A farmacêutica vinha ofertando desde agosto de 2020, mas só assinou contrato em março deste ano.
“Não foi feito o possível. Não é concebível que não se possa sentar para discutir. Existem medidas especiais para situações como essa, a lei permite. A Pfizer era a única que poderia salvar o Brasil, e não estou falando apenas de vidas, mas também de empregos”, ponderou.
Por fim, Simone criticou a estratégia da chamada “imunidade de rebanho”, defendida por apoiadores do governo. “Esse raciocínio torpe de imunidade de rebanho eu tenho certeza que o senhor [Pazuello] não pensaria assim. Não existe omissão de inocentes. Por isso essa CPI é a mais importante da história do Brasil e tem que dar uma resposta à altura”, finalizou.
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