As lideranças indígenas das duas principais aldeias da Reserva Federal de , Bororó e Jaguapiru, estiveram na Câmara de Dourados nesta quarta-feira (15). Durante encontro com o presidente do Legislativo, Laudir Munaretto, eles pediram apoio na implantação de programas de incentivo ao esporte, lazer, educação e a qualificação profissional nas aldeias.

As atividades devem ser voltadas para os jovens. No entendimento do cacique da aldeia Jaguapiru, Izael Morales, a presença do poder público, através de ações sociais e programas governamentais, é fundamental para levar mais proteção e perspectivas de melhores condições de vida à comunidade. Outra demanda apresentada pelas lideranças está relacionada ao aumento do policiamento dentro das aldeias.

“Precisamos da participação dos vereadores e da prefeitura para levar melhorias para as aldeias. Infelizmente, a violência, o uso de drogas e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas ainda são uma triste realidade dentro da comunidade, principalmente entre os mais jovens”, justificou o cacique.

Já o cacique da aldeia Bororó, Gaudêncio Benites, destacou que a violação dos direitos da criança e do adolescente é atualmente uma das maiores preocupações das lideranças da Reserva Indígena de Dourados.

Segundo Gaudêncio, é necessária uma atuação contundente e imediata do poder público dentro das aldeias de Dourados para que casos semelhantes ao que aconteceu com a menina Raíssa de 11 anos — que foi violentada e jogada de um penhasco em agosto — não ocorram novamente.

Para o cacique, uma das ações emergenciais que precisa ser colocada em prática é a ampliação do Cras (Centro de Referência em Assistência Social), incluindo a destinação de mais funcionários e a criação de equipes votantes. Ele também pediu a reativação do Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil).

“Temos problemas crônicos dentro da reserva que estão diretamente ligados à falta de oportunidades. O Cras desempenha um papel importante na comunidade e precisa ser prestigiado para ter um atendimento mais amplo. Hoje são apenas quatro funcionários para atender as duas aldeias”, explicou Gaudêncio.

Após ouvir as demandas das lideranças, Laudir Munaretto enfatizou que a Câmara de Vereadores vai estabelecer um novo canal de diálogo com a Prefeitura de Dourados para que as melhorias necessárias para a comunidade indígena do município possam ser implementadas o mais breve possível. “Sabemos da problemática e das dificuldades existentes na comunidade indígena. É uma realidade que precisa ser enfrentada e que necessita do apoio de todos”.