Mato Grosso do Sul, cuja maioria dos eleitores votou em Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018, é também um dos estados do Brasil que mais descumprem regras de isolamento decretadas para diminuir a disseminação do coronavírus (Covid-19), de acordo com o que o Governo do Estado tem alertado.

Mesmo com o avanço da doença no País, o presidente lidera justamente a defesa do afrouxamento das restrições e é visto frequentemente em locais com aglomeração de pessoas, na contramão do que o seu próprio ministro da Saúde, o sul-mato-grossense Luiz Henrique Mandetta (DEM), orienta.

Em coletivas de atualização dos casos mais recentes, o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Resende, reforça a resistência dos moradores de MS em cumprirem o isolamento. Afirma, ainda, que a postura de agora pode refletir em aumento expressivo de infectados nas duas próximas semanas. São 113 confirmações de Covid-19 e quatro mortes pela doença.

Em meio a situação, a crise provocada pelo novo coronavírus extrapola há semanas o campo da saúde e os reflexos na economia. A relação entre Jair Bolsonaro e Mandetta começou a ruir depois de críticas do presidente a governadores e prefeitos que endureceram medidas de isolamento em meados de março – defendidas amplamente pelo ministro como forma de combate da doença.

A tensão política, que na semana passada quase culminou na demissão de Mandetta, continua nesta semana, depois que o ministro, em entrevista ao Fantástico, programa da Rede Globo, defendeu fala única e disse que, hoje, os brasileiros não sabem se escutam o presidente da República ou o ministro da Saúde.

Por sua vez, o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), minimiza relação entre eleitores de Bolsonaro, que defende o chamado isolamento vertical, e o descumprimento por parte dos sul-mato-grossenses.

“Existe um percentual menor do que a gente possa imaginar. Até porque, uma coisa é você escolhê-lo como presidente da República numa situação onde o País se encontrava, com o adversário que tinha no 2º turno. Outra é seguir orientação contrária ao que o ministro da Saúde, ciência e médicos falam”. Em 2018, o presidente recebeu 872.049 em Mato Grosso do Sul, o que representa 65,22%.

O que se vê, no entanto, segundo as estatísticas, é que Mandetta tem menos respaldo entre os conterrâneos, no que diz respeito ao cumprimento do isolamento, do que Bolsonaro.