ONU exige esclarecimentos sobre mortes de meninas em operação no Paraguai

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos cobrou esclarecimentos sobre as mortes das duas meninas de 11 e 12, durante o confronto da última quarta-feira (2), em uma fazenda em Yby Yaú, na fronteira entre Concepcion e Amambay, que faz fronteira com o Mato Grosso do Sul. Segundo o representante da ONU […]

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O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos cobrou esclarecimentos sobre as mortes das duas meninas de 11 e 12, durante o confronto da última quarta-feira (2), em uma fazenda em Yby Yaú, na fronteira entre Concepcion e Amambay, que faz fronteira com o Mato Grosso do Sul.

Segundo o representante da ONU (Organização da Nações Unidas) para a América do Sul, Jan Jarab, o Paraguai “deve investigar sem demora e com imparcialidade” a morte de duas meninas durante uma operação realizada esta semana pela FTC (Força Tarefa Conjunta) contra a guerrilha do EPP (Exército do Povo Paraguaio).

“Este é um acontecimento gravíssimo que acabou com a vida de duas meninas que o Estado devia proteger, como parte de sua obrigação de garantir os direitos humanos de todas as meninas, meninos e adolescentes do país”, lamentou Jan Jarab , em documento do  do escritório regional da ONU para os Direitos Humanos, com sede em Santiago do Chile.

O representante da ONU afirmou  que recebeu “informações perturbadoras” sobre tentativas de manipular evidências do fato ocorrido e considerou “crucial que as normas internacionais de direitos humanos sejam levadas em consideração durante a investigação.

Especificamente, ele explicou que é particularmente importante ter em mente o “Protocolo de Minnesota”, em referência ao Manual das Nações Unidas sobre a Prevenção Efetiva e Investigação de Execuções Extralegais, Arbitrárias ou Sumárias.

O representante de Direitos Humanos da ONU na América do Sul destacou que a investigação deve apurar as responsabilidades diretas no incidente, mas também todo o nível hierárquico envolvido na operação, bem como a possível alteração do cenário dos acontecimentos.

Desde que foram confirmadas as mortes das duas meninas, que são filhas de membros do EPP, o governo paraguaio tem sofrido pressões nacionais e internacionais sobre o caso. Há denúncias de que membros da FTC chegaram a vestir roupas camufladas nas duas criança para tentar justificar a ação. O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que chegou a posar para fotos com membros da FTC no local do confronto, tem sofrido fortes críticas.

Até o último sábado as autoridades paraguaias vinham afirmando que não eram crianças e sim adolescentes. Entretanto documentos fornecidos por parentes comprovaram  que as vítimas tinham entre 11 e 12 anos. Os corpos também foram exumados e foi constatado diversos ferimentos provocados por tiros de armas de uso das forças policiais paraguaias.

A CEP (Conferência Episcopal do Paraguai)  juntou-se aos setores que reconhecem haver dúvidas quanto à atuação do Governo contra o EPP, em que foram assassinadas duas meninas. Também condenam a violência de qualquer um dos dois setores, mas exigem esclarecimentos sobre os fatos, lembrando a obrigação do Governo de proteger a vida.

Por meio de nota divulgada hoje, o CEP expressa em primeiro lugar a “pena pela perda de vidas humanas, que neste caso significou a morte violenta de duas meninas de 11 e 12 anos” e destacam que “a Igreja reafirma o valor supremo de vida humana ”, lembrando que“ a vida e a dignidade da pessoa humana não estão subordinadas a nenhuma justificação ou causa superior ”.

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