Após ser criticado pela oposição por procurar o ‘centrão' em busca de apoio, o movimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi avaliado nesta terça-feira (5) como amadurecimento político necessário a ser realizado caso o presidente ‘baixe a guarda'. O posicionamento é do ex-senador de Delcídio do Amaral, do partido de Roberto Jefferson (PTB), que se mostrou aliado do presidente nos últimos dias.

“É natural essa busca porque estamos em uma situação de emergência, é preciso união nacional. Mas é preciso baixar a guarda. As pessoas precisam entender que governo de coalizão não é nenhum palavrão. Todo mundo na história deste país governou com coalizão. Qualquer país com Democracia sólida e madura reflete na estrutura do Executivo partidos que fazem parte da base. Não é nenhum palavrão, nenhuma coisa absurda”, comentou ao Jornal Midiamax.

Delcídio defende que o apoio do chamado ‘centrão' é essencial para este momento de pandemia e também político. O Planalto precisa garantir a aprovação de medidas, principalmente na área econômica, após a crise do e também ter uma boa base com a abertura de um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) com base nas declarações do ex-ministro de que Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal, para poder barrar um eventual processo de impeachment.

“Vivemos uma tempestade perfeita em meio à crise política, econômica e do coronavírus porque ainda existe um caminho, senão teremos uma crise sem precedentes. É preciso buscar uma base congressual para enfrentar esse novo momento. Então, é saudável manter conversas com o PTB, MDB, PSL, todos os deputados. Não que avalie como positivo esse movimento, apenas necessário”, opinou.

Delcídio comparou a situação do Brasil à situação política de Israel. “É uma situação que eu conheço bem. Eles fizeram um acordo histórico entre primeiro ministro e oposição. Ou seja, são lideranças políticas do mundo inteiro passando por situações necessárias, traumáticas, para fazer frente À essa situação do novo coronavírus”.

Em Israel, uma declaração divulgada em conjunto em abril, o Likud, de Netanyahu, e o Partido Azul e Branco, de Gantz, assinaram um acordo para a formação de um governo de união, depois de três eleições em menos de um ano nas quais nem o bloco da direita, do primeiro-ministro, nem o bloco de centro, do opositor, obtiveram maioria no Parlamento para governar sozinhos. Os dois vão se revezar na chefia do governo.

Apoios

Nesta semana, Bolsonaristas de Mato Grosso do Sul como o deputado estadual Coronel David e o deputado federal Luiz Ovando (PSL) defenderam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que tem sido apoiado e também tem buscado se aliar a partidos do ‘centrão', grupo de parlamentares menos conhecido por suas bandeiras e mais por se aliar a governos diferentes, independentemente da ideologia. Para ambos, o presidente ‘precisa governar'.

Críticos da gestão de Bolsonaro apontam que a busca por este apoio e também dos chamados ‘políticos profissionais' poderiam derrubar o discurso político usado na campanha de não alinhamento a corruptos e membros da política tradicional brasileira.