“Da noite para o dia, acordamos com esse problema”. A fala é do diretor do Sindicato Rural de Campo Grande, Ronan Salgueiro, sobre o aumento de impostos promovido pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB), em especial a da cobrança de alíquota do Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário do Estado de Mato Grosso do Sul).

Em votação realizada nesta quarta-feira (13), a ALMS (Assembleia Legislativa) aprovou o aumento não só do Fundersul – o que pode representar até 70% de elevação na cobrança de alguns setores – mas também do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre a gasolina, saltando de 25% para 30% a alíquota.

“Antes do projeto tramitar na Assembleia, não houve conversação do executivo com a classe produtora e nem com a sociedade, isso foi imposto”, frisa Ronan, que completa. “Precisamos de maior transparência no andamento do Fundersul, pois não sabemos onde exatamente está sendo investido, o produtor não sabe se existe um planejamento”.

De acordo com o representante do setor, o que mais protestou contra a votação realizada nesta quarta, o aumento de impostos vai na contramão do que foi pregado durante às eleições de 2018 e do que vem sendo trabalhado nacionalmente.

“Qualquer aumento de tributação vem contra o que a presidência da República vem preconizando. Hoje, Mato Grosso do Sul não é um Estado competitivo e qualquer aumento vai diminuir ainda mais nossa competitividade, e atrasar muito mais o Estado”, explica.

Ronan ainda admite saber que o Estado está com as contas no vermelho, porém aponta que o aumento de tributos da cadeia produtiva não é a solução, trazendo apenas mais custos para a produção e encarecimento dos produtos que chegam a mesa da população.

Votação na ALMS

Na votação de hoje, a Assembleia Legislativa aprovou o pacote de aumentos apresentado pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) por 15 a 5 em primeiro turno. No segundo, o placar se repetiu e não houve alteração de votos.

Quatro deputados não votaram – Renato Câmara (MDB), Herculanos Borges (Solidariedade) e Gerson Claro (PP), além do presidente Paulo Corrêa (PSDB). Os deputados que votaram contra nos dois turnos foram João Henrique Catan (PL), Coronel David (PSL), Pedro Kemp (PT), Capitão Contar (PSL) e Cabo Almi (PT).