Ex-prefeito também disse não ter contato com Aquino

Ex-prefeito de e ex-correligionário de André Puccinelli (PMDB), Nelsinho Trad (PTB) garantiu nesta quarta-feira (17) não ter R$ 1 milhão e nem qualquer parte deste dinheiro ‘sobrando' para doar ou emprestar ao tradicional aliado político. “Não vou dar uma resposta baseada em ‘se'. Eu não tenho esse dinheiro”, respondeu ao ser questionado se ajudaria o ex-governador caso tivesse o dinheiro.‘Não tenho esse dinheiro', diz Nelsinho sobre ajudar André com fiança

Nelsinho também negou qualquer relação com o ex-assessor dele, Rodrigo Aquino, que foi apontado pela defesa como ‘gestor de negócios' de André Puccinelli. “Desde que terminei meu mandato como prefeito, em 2012, não converso com o Rodrigo”, disse.

Na verdade, no entanto, Aquino foi chefe de gabinete de Trad e, bem depois de 2012, coordenou a campanha de Nelsinho Trad em 2014 ao governo de MS.

Questionado sobre como teriam feito campanha juntos em 2014, já que não se falavam, Nelsinho desmentiu que Aquino não trabalhou para ele. “Somos amigos, claro, ele me serviu e tenho respeito ao trabalho dele. Mas desde 2012 não nos falamos, não mantive contato de trabalho. O Rodrigo foi diretor da Emha e meu chefe de gabinete”.

Não é verdade. Durante a campanha de 2014, Rodrigo Aquino respondia ativamente pelo então candidato Nelsinho Trad, conforme diversas matérias publicadas na imprensa local, por exemplo.

Doações para Nelsinho Trad

Nelsinho não gostou de ser questionado pela reportagem sobre a eventual possibilidade de ser intimado a depor nas investigações da Operação Máquinas de Lama nem sobre a suposta proximidade com o atual ‘gestor de negócios' de Puccinelli. “Por que vocês estão querendo me arrastar para isso? Para esta operação?”, reagiu o ex-prefeito de Campo Grande.

Entre os doadores diretos de campanha de Nelsinho em 2014, estão a JBS, que mais encaminhou dinheiro ao candidato, somando R$ 3.260.000,00. Na lista, também aparecem João Baird, com R$ 630.000,00; H2L Equipamentos, com R$ 600.000,00; Proteco Construções, com R$ 386.000,00; HBR Medical, com R$ 179.500,00 e Rodolfo Pinheiro Holsback, com R$ 170.000,00; todos implicados nas investigações da Polícia Federal, num total de R$ 5,2 milhões doados.

 

Gestor de negócios pessoais

Aquino possui impedimento de contato com o ex-governador e sua casa foi alvo de busca e apreensão na quarta fase da Operação Lama Asfáltica, que apura desvio de R$ 145 milhões dos cofres estaduais.

O ex-diretor do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul foi indicado pela defesa de André Puccinelli (PMDB) como gestor de negócios pessoais do ex-governador. O dado está na petição que requereu uso de bens bloqueados para quitar a fiança de R$ 1 milhão.

Despacho do juiz Fábio Luparelli, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, ressaltou haver dúvida sobre contrato de prestação de serviço, por faltar assinatura de Puccinelli, mantendo proibição de contato entre os investigados em decisão publicada nesta terça-feira (16).