Renomado, advogado conseguiu inocência de cliente com carta psicografada

Ocorre nesta segunda-feira (6) a missa de 7º dia do advogado , conhecido por, entre outros casos, ter usado carta psicografada para defender um homem acusado de assassinar a própria esposa. A vítima foi a ex-miss , Gleide Dutra de Deus, morta com um tiro na garganta em março de 1980.

O marido, João Francisco Marcondes Fernandes de Deus, principal suspeito, acabou absolvido com auxílio de apresentação de cartas psicografadas por nada mais nada menos que Chico Xavier, nas quais a vítima dizia que tudo não passou de acidente, livrando o marido da culpa por sua morte.

De acordo com o que está registrado e guardado em local especial no TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), no dia 1º de março de 1980, quando o casal chegou em casa após jantar com amigos e a mãe da vítima, o tiro foi disparado. A ideia inicialmente era de o grupo ir para outra festa, mas a sogra de João mudou o plano e quis ficar em casa.

O mesmo foi feito por Gleide minutos depois, por isso ele seguiu para a residência com intenção de deixá-la. Contudo entrou no imóvel junto com a mulher para pegar sua arma a qual tinha por ser tesoureiro da agência de crédito. Foi então que tudo ocorreu.

Os amigos que aguardavam o retorno de João no carro ouviram o disparo, seguido por pedidos de socorro do homem. Ele levou a ex-miss ao hospital, mas depois de algum tempo internada ela não resistiu. Diante do caso, promotor Francisco Pinto de Oliveira Neto denunciou o acusado para ser julgado pelo Tribunal do Júri.

O marido deu sua versão de tiro acidental, disse que ao colocar o revolver na cintura, sem querer disparou, a esposa estava sentada na cama. Dois anos depois o juiz Armando de Lima remeteu o processo ao Tribunal do Júri, por entender tratar-se de homicídio doloso, aquele em que o réu tem a intenção de matar.

Depois de debates judiciais entre acusação e defesa, a Turma Criminal do TJMS anulou a sentença de pronúncia e o processo foi remetido para outro juiz, o então juiz Dr. Nildo de Carvalho.

No primeiro júri realizado, os jurados reconheceram, por unanimidade, que o réu não teve a vontade de matar, sendo absolvido. Após a acusação recorrer, foi determinado novo júri e, no segundo julgamento popular, já em 1990, João Francisco foi acusado por homicídio culposo, ou seja, sem a intenção de matar.

A defesa, onde atuou o advogado Ricardo Trad usou duas cartas psicografadas por Chico Xavier, nas quais a vítima inocentava o marido, e ainda, segundo testemunho de enfermeiros que a atenderam no hospital antes de morrer, a vítima teria inocentado o marido. Pelo homicídio culposo, o réu não chegou a ficar preso porque a pena de um ano já havia prescrito.

Morte

Após sete dias internado, Ricardo Trad morreu no dia 31 de janeiro devido a um aneurisma na aorta abdominal. Ele chegou a passar por cirurgia, mas seu estado de saúde não apresentou melhora. A missa de 7º dia ocorre às 19h desta segunda-feira na igreja São José, na Capital.