Para ele, deputados querem apenas garantir a reeleição

O deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) disse, nesta sexta-feira (18), em entrevista ao Midiamax que a reforma política virou uma Torre de Babel, com o texto sendo alterado todo dia em função dos parlamentares que querem garantir a reeleição.

“A gente vai lendo o texto e achando coisas novas. Ontem à noite fui reler, colocaram que os partidos políticos podem fazer bingos, rifas e loterias. Quer dizer, você vai colocar jogo no meio de política. Olha, eu vou lhe, contar, parece uma Babel. Cada um falando uma língua”, disse o parlamentar sul-mato-grossense.

A Torre de Babel é aquela construção mencionada na Bíblia que teria sido erguida com o objetivo de chegar ao céu. No entanto, de acordo com o livro sagrado, Deus desaprovou a obra e decidiu “confundir” as línguas dos homens para que eles não se entendessem, impedindo assim a continuidade da empreitada.

Mandetta disse que vai votar contra a proposta do distritão e do financiamento público de campanha. “A reforma é basicamente eleitoral, onde não se pensa nas próximas gerações, mas apenas nas próximas eleições”, criticou. “Meu voto não tem, nem para o distritão, nem para o financiamento público. Aí mudaram o texto anteontem. Agora, é distritão com mais legenda. Tudo sendo feito muito de improviso, um tema tão importante. É lamentável”.

“Distritão misto”

Pelo modelo “distritão”, que já foi aprovado na comissão especial que discute a reforma política, são eleitos os deputados e vereadores com maior número de votos. Hoje, os votos na coligação ou legenda são aproveitados para eleger candidatos que não necessariamente estejam entre os mais votados.

Já o modelo “distritão misto”, apresentada pelo líder do DEM, Efraim Filho (PB), surge como uma alternativa ao “distritão”, buscando conciliar características dos dois modelos, o atual e o “distritão”.

No modelo misto, os eleitores poderiam votar em candidatos ou no partido nas eleições para deputados estadual e federal e os votos obtidos pelos partidos seriam distribuídos entre os candidatos da legenda, de forma proporcional à votação de cada um.

Parlamentarismo

Entre os pontos criticados por Mandetta, está o fato de um político disputar mais de um cargo na mesma eleição. Ele avaliou também que a proposta em tramitação “não atinge o cerne do problema, que é esse presidencialismo de coalisão, que estamos vivendo”.

Defensor da inclusão de características do Parlamentarismo, o deputado sul-mato-grossense diz que o risco do sistema eleitoral atual é de eleger um presidente que não consiga governar por não ter apoio ou diálogo com o Congresso.

“Não se pode eleger um presidente da República e um Congresso, um separado do outro. Já pensou uma pessoa que não tem partido político, por exemplo, Bolsonaro, ganha a presidência do Brasil? Será que ele fica refém do Congresso? Ou a Marina, ou o próprio Lula radical, esse que está colocado?”