JBS irrigou campanhas ao governo com dinheiro oficial e no caixa 2, diz delação
Em 2014, valor oficial foi de R$ 11 milhões
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Em 2014, valor oficial foi de R$ 11 milhões
Responsável pela delação que está chacoalhando Brasília, e também o mundo político em Mato Grosso do Sul desde esta sexta-feira (19 ), quando a liberação do conteúdo trouxe o nome de dois ex-governadores e do atual, a JBS tem forte presença no agronegócio e também nas contribuições nas campanhas eleitorais sul-mato-grossenses. Os dados levantados junto ao Tribunal Superior Eleitoral mostram evolução considerável nos investimentos da empresa ao longo dos anos, considerando apenas o chamado caixa 1, dinheiro oficializado. Os depoimentos de Wesley e Joesley Batista revelam, também, que, as contribuições clandestinas, no chamado caixa 2, podem ter sido ainda maiores.
Só na última campanha para o governo, em 2014, os candidatos que foram para o segundo turno, receberam doações oficiais da empresa próximas de R$ 11 milhões. Desse montante, R$ 10,5 milhões foram para a campanha vencedora, de Reinaldo Azambuja (PSDB), e outros R$ 212 mil para Delcídio do Amaral, então no PT, derrotado na corrida pelo Parque dos Poderes. Além disso, foram doados, na campanha eleitoral de três anos atrás, R$ 180 mil para o Partido dos Trabalhadores.
Essa campanha teve custo total para os dois candidatos do segundo turno de cerca de R$ 50 milhões, segundo os dados oficiais.
A JBS, dona de sete frigoríficos de carne bovina e apontada como a principal compradora de animais dos pecuaristas do Estado, também fez doações na campanha de 2010, na reeleição de André Puccinelli (PMDB). Nessa disputa, a doação foi de R$ 1,5 milhão para o peemedebista, de R$ 1 milhão para Zeca do PT, além de R$ 1,5 milhão para o diretório do PMDB e outro R$ 1 milhão para o comitê central da campanha do PT. Ao todo, em 2010, foram R$ 5 milhões doados pela JBS. Ou seja, o valor dobrou entre uma campanha e outra.
Na campanha de 2006, quando Delcídio do Amaral disputou com André Puccinelli, não aparecem doações oficiais da JBS, segundo as pesquisas no sistema do Tribunal Superior Eleitoral. O Tribunal não disponibiliza dados anteriores.
E no caixa 2 ?
Esses valores, como já escrito, envolvem apenas as doações oficiais. O conteúdo da delação premiada dos donos da JBS indicam que, no chamado caixa 2, o volume pode ter sido bem maior. Em seu depoimento, Joesley Batista citou o ‘investimento’ de mais de 600 milhões nas campanhas de 1,8 mil políticos no País, uma parte razoável disso de forma clandestina, seja em dinheiro vivo, seja usando esquemas fraudulentos, como fornecimento de notas frias por empresas indicadas pelos políticos beneficiados.
O irmão de Joesley, Wesley Batista, que revelou aos investigadores da Lava Jato as informações sobre Mato Grosso do Sul, falou claramente do uso desse esquema também por aqui. Segundo ele, Zeca do PT chegou a pegar, pessoalmente, o valor de R$ 1 milhão, na campanha de 2010. Essa informação está no vídeo com o depoimento do empresário. No documento liberado pelo STF aparece a informação de que Zeca pegou, por fora,R$ 2 milhões, em espécie.
Na de 2014, segundo o depoimento de Wesley, a JBS fez adiantamento de R$ 12 milhões para Delcídio do Amaral, que seriam pagos quando ele fosse eleito, em forma de incentivo fiscal ao grupo. O dinheiro, conforme a delação, foi pago com notas frias e em dinheiro.
Só esse valor citado para Delcídio supera os quase R$ 11 milhões informados à Justiça Eleitoral.
Ainda conforme o empresário, houve um combinado com os dois candidatos de que quem vencesse a disputa pagaria essa dívida com a J&F, holding que contra os negócios do grupo. “Como ele não foi eleito, e foi o Reinaldo,o Joesley falou, ó, a conta do Delcídio é sua”, afirma o empresário no vídeo gravado pelos procuradores da Lava Jato. Quando a Zeca do PT, Wesley declarou “ele próprio pegou dinheiro, ele próprio”. Quanto a Reinaldo Azambuja, o delator afirma que o acerto foi feito com anuência dele, para que quem vencesse pagasse o ‘andiantamento”.
Durante o governo de Reinaldo Azambuja, houve assinatura de um termpo de concessão de incentivo fiscal à JBS, prevendo renúncia fiscal de R$ 1 bilhão até o ano de 2028. Em nota à imprensa ontem, Reinaldo negou irregularidades e disse que o termo assinado por ele foi estritamente no limite da lei. Sobre dinheiro de campanha, o governador disse que recebeu R$ 10,5 milhões da JBS, vindos do diretório nacional do PSDB, e informados à Justiça Eleitoral.
Zeca do PT de Delcídio do Amaral também negaram irregularidades. O STF (Supremo Tribunal Federal), onde tudo tramita, encaminhou ao STJ pedido de abertura de inquérito contra Reinaldo e Puccinelli. No caso de Zeca do PT, que é deputado federal, a investigação é no próprio Supremo.
Veja aqui íntegra do vídeo com as declarações de Wesley Batista:
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