Pessoa da plateia teria proferido frase carregada de preconceito

A sessão ordinária realizada na noite desta segunda-feira (6) na Câmara de Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande, foi marcada por polêmica. Após intenso debate sobre um projeto de lei que teve acalorados discursos e intensas manifestações da plateia, o parlamentar Aguilera de Souza (PMDB) teria sido vítima de racismo.

Indígena da etnia Guarani Ñandeva, ele foi um dos 15 parlamentares que votaram favoráveis à aprovação do Projeto de Lei encaminhado pelo Executivo que prevê a concessão dos serviços de saneamento para a Sanesul (Empresa de Saneamento do Estado de Mato Grosso do Sul).

Ao final da polêmica votação, que dividiu não apenas as opiniões dos legisladores, mas também do público presente, uma das pessoas sentadas na plateia teria dito, em tom pejorativo, que “até o índio votou a favor”. Quem denunciou o caso foi o vereador Madson Valente (DEM), que avaliou ter sido a frase proferida carregada de preconceito.

Em seguida Aguilera manifestou-se de forma rígida, a ressaltar ter sido eleito pelo povo, motivo pelo qual afirma ter plena segurança da autoridade e autonomia que o cargo no Legislativo municipal lhe confere.

Como nenhum dos vereadores conseguiu apontar com segurança quem cometeu o ato considerado racista, o presidente da Câmara, Idenor Machado (PSDB), solicitou à Procuradoria Jurídica da Casa de Leis que recorra ao sistema de vídeo-monitoramento do Palácio Jaguaribe na tentativa de identificar a pessoa suspeita do crime. Ao fim da sessão, o parlamentar que teria sido vítima de racismo afirmou que irá registrar queixa na Polícia Civil.

Professor universitário, Aguilera de Souza é o primeiro vereador índio da história de Dourados. Eleito em 2012 com 1.419 votos, ele mora na Aldeia Jaguapiru, na Reserva Indígena. Logo após a eleição municipal em que conquistou uma das 19 vagas em disputa na Câmara, ele já havia sido vítima de ofensas em redes sociais.