No programa “Roda Viva”

Para a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), é preciso que se mude a prerrogativa de foro adotada hoje no país. Para ela, a medida não é compatível com a República.

— Não é algo compatível com a República. Embora saiba que é muito importante que a gente pense qual o melhor sistema — opina ela, para continuar:

— Reconheço e aprendi com alguns ex-presidentes que quando se está no cargo, não necessariamente vai haver impugnação. Depois que se sai, ou mesmo estando no cargo, pode ser que alguém questione alguma coisa e vai para um juiz que, também encantado com o fato de poder afastar o presidente da república, imagino isso, poderia ser o juiz responsável e competente para isso. Acho que nós temos que pensar em outra forma, que seguramente não é a prerrogativa de foro, na minha opinião.

Ainda segundo Cármen Lúcia, que falou no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, nesta segunda-feira à noite, a sociedade precisa mudar como um todo para que tenhamos um estado verdadeiramente ético. Segundo ela “ser honesto com o outro é dever que a gente tem”.

– Para mim é ética ou caos. Não é escolha. Mas precisamos que a sociedade também seja ética e tenha consciente que ela não pode ficar reclamando de um servidor que não o é, enquanto ele fura a fila do cinema, atravessa a grama na praça pública onde tem placa proibindo (o ato). Precisamos de ética na sociedade como um todo. Precisamos de transformação na sociedade no sentido de nos comprometermos e nos responsabilizarmos. Não podemos cobrar do outro o que não fazemos.

A ministra falou ainda numa reforma no judiciário para que haja mais celeridade na condução dos processos. Segundo ela, a demanda hoje é muito maior e que o caminho seria a desjudicialização.

Ao ser questionada sobre o fatiamento da Constituição durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a ministra afirmou que haverá uma resposta do judiciário.

– Empurrar para as calendas sem dar resposta não há possibilidade. Assim que os relatores liberarem, tenho todo interesse em dar celeridade à pauta.