Aragão também criticou método das delações

O nome do novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, passou praticamente desapercebido durante a cerimônia de posse, já que a chegada do ex-presidente Lula e o discurso ácido da presidente Dilma Rousseff (PT) marcaram o evento. Mas Aragão, já iniciou sua jornada no Governo Federal marcando território.

Em entrevista concedida ao Jornal Folha de São Paulo, o ministro deixou claro que não gostou do vazamento de informações no âmbito da Operação Lava Jato e mandou um recado à cúpula da Polícia Federal.‘PF poderá ser trocada’, avisa o novo ministro da Justiça após 'vazamento'

“Cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Não preciso ter prova. A Polícia Federal está sob nossa supervisão”, disparou Aragão, que também fez duras críticas à enxurrada de delações premiadas.

Para ele, o método de ‘extração’ das colaborações dos investigados se assemelha à ‘extorsão’. Apesar disso, ele negou intenção de influenciar o desenrolar da Lava Jato, mesmo sendo a PF parte importante da operação.

“Não quero nem falar em tortura. Mas no mínimo é extorsão de declaração. Se a gente tolera que o grandalhão vai para cadeia enquanto não resolve abrir a boca, então o pequeno pode ir para o pau de arara”, disparou.

Ainda durante sua entrevista, o novo ministro revelou já trabalhou com Sigmaringa Seixas, ex-deputado petista e advogado, e que é amigo pessoal do ex-presidente do PT, José Genuíno e também do líder tucano na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (PSDB-SP).

“Venho do Ministério Público e sei quão caro é a independência funcional. Não que eles (polícia) tenham independência funcional, a polícia é um órgão hierárquico, muito diferente do Ministério Público. Mas não posso mexer com a atividade fim da polícia. Seu planejamento só me interessa na medida que tenho que me preparar para seu impacto político”, disse Aragão à Folha.