“Não há dúvida de condução”

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse que a presidente afastada, Dilma Rousseff, errou “na condução da política econômica”. Ele também considera Dilma a principal responsável por sua queda da Presidência.

Questionado se a maior responsabilidade pela perda do poder cabia à presidente afastada, Haddad respondeu: “É evidente que, sempre, o chefe do Executivo responde mais do que os outros. Mas não podemos perder de vista o contexto também. […] Acho que a oposição também jogou contra o país”.

Ao fazer uma avaliação do governo Temer, Haddad disse que “os sinais são muito contraditórios” e deixaram as pessoas “atônitas” em poucas semanas. “Ainda não está clara qual é a agenda do governo. E isso é ruim, porque um país em crise não pode vacilar. Um país em crise tem de saber o que fazer.”

Em entrevista ao SBT, Haddad declarou que “não há dúvida que houve erro de condução na política econômica no governo Dilma”. Afirma que alertou a então presidente sobre equívocos na política monetária. Considera que ela se errou ao manter congelado por longo tempo o preço da gasolina: “Foi um erro administrar preços públicos, por exemplo. Não era o caso de administrar preços públicos”.

Para Haddad, o desastre da política econômica do governo Dilma prejudicou São Paulo. “Sim, mas sem dar calote em ninguém”.

O prefeito é crítico da política monetária da gestão de Alexandre Tombini, que será substituído por Ilan Goldfajn na administração Temer. “Eu acredito que o Banco Central errou e vem errando na condução da política monetária.”

 

Haddad considerou uma vitória ter renegociado a dívida da Prefeitura de São Paulo com a União. Mas a recessão inviabilizou o aporte de recursos federais que ele prometeu na campanha eleitoral de 2012 e que esperava obter no governo Dilma.

“Veio menos da metade do previsto no período. Dos R$ 8 bilhões conveniados, nós estimávamos, no primeiro mandato, conseguir no mínimo R$ 3 bilhões. Conseguimos R$1 bilhão. É pouco, podíamos ter conseguido mais. (…) Depois da reeleição, começa o período de recessão. Isso inviabilizou a remessa de recursos federais para cá e para todo o Brasil.”

Haddad defendeu o conjunto de ações da política pública de mobilidade que aplicou em seu governo, como ciclovias, faixas de ônibus exclusivas, diminuição da velocidade no trânsito e fechamento de avenidas para lazer.

“Nós aumentamos a fiscalização para reduzir os acidentes. Isso, sim. Isso é dever do poder público. Uma das filas mais expressivas do SUS (Sistema Único de Saúde) é a de cirurgia ortopédica, fruto de acidentes de trânsito. Então, as pessoas querem melhorar a saúde e não querem melhorar a vida urbana? É uma contradição. Nós seguimos recomendação da ONU. A Organização Mundial da Saúde recomenda para todas as cidades que moderem a velocidade máxima. Porque melhora a velocidade média, como nós demonstramos, e reduz drasticamente o número de acidentes.”

A respeito da candidatura à reeleição, afirmou: “Estou confiante de que eu vou conseguir explicar o muito que nós fizemos por São Paulo. Se isso vai ser suficiente, quem manda é o eleitor. (…) Não vale a pena uma troca de rumo. O rumo está correto. São Paulo nunca esteve tão bem do ponto de vista das suas finanças, do ponto de vista da sua legislação urbanística, do ponto de vista de seus investimentos. Eu quero ter a chance de provar essa tese. Agora, vou ter a humildade de acatar qualquer que seja o resultado”.