Pular para o conteúdo
Política

Deputados repudiam omissão da União para solucionar conflito no campo

"Silêncio do Governo Federal"
Arquivo -

“Silêncio do Governo Federal”

Deputados estaduais foram à tribuna da Casa de Leis e se alternaram em apartes, durante a sessão plenária desta quinta-feira (16), para repudiar o silêncio do Governo Federal diante do conflito histórico entre indígenas e produtores rurais, que resultou esta semana na morte de um guarani-kaiowá, na divisa da fazenda Yvu com a reserva indígena Tey Kuê, em , município localizado à 283 km de . Pelo menos seis pessoas ficaram feridas, como ressaltaram os parlamentares.

“Já se passaram 48 horas do ocorrido [morte do indígena Clodioudo Aguile Rodrigues dos Santos] e não foram tomadas providências sérias para apurar o que houve”, afirmou Pedro Kemp (PT). Ele fez uma retrospectiva do conflito no campo e das mortes já contabilizadas nas disputas pela terra. “E a culpa é da omissão do Estado Brasileiro, do Governo Federal e do Judiciário, que amarra os processos [de demarcações de terras] quando há judicialização”, analisou. O deputado cobrou mais empenho da bancada federal por Mato Grosso do Sul, para que pressione o Governo Federal a encaminhar soluções emergenciais.

Kemp ponderou que não cabe à Assembleia Legislativa deliberar sobre assuntos relacionados à questão indígena, mas o Parlamento tem sido atuante ainda assim. “A competência é do Governo Federal, mas já fizemos muito aqui; já realizamos uma reunião histórica com 20 autoridades do Governo Federal, representantes dos índios e dos produtores e construímos uma proposta, mas a comitiva foi embora, o processo ficou parado e a proposta no papel”. Kemp se referiu à utilização do Fundo Estadual para Aquisição de Terras Indígenas (Fepati), que deve ser capitalizado. “Não quero que o Estado repare uma injustiça cometendo outra, por isso temos que pressionar o Governo para que haja uma solução e não tenhamos mais mortes”, disse.

Amarildo Cruz (PT) lembrou que o conflito no campo se arrasta há muitos anos, mas precisa ser prioridade institucional. “Nós nos sentimos impotentes para resolver, porque cabe à União, mas a ação tem que ser urgente para evitar confrontos”, afirmou. Beto Pereira (PSDB) criticou o que qualificou como “inércia do Governo Federal” nos assuntos relacionados à questão indígena e ao direito à propriedade. Cabo Almi (PT) ressaltou que os conflitos têm sido recorrentes. “Sabemos que não é fácil de resolver, mas não podemos achar que mortes e agressões são coisas normais; isso está muito errado”, afirmou. Coronel David (PSC) repudiou a agressão contra policiais militares, que acompanharam equipe do Corpo de Bombeiros à reserva em Caarapó. “Todos merecem ter a segurança preservada, mas não podemos concordar com a forma cruel, e com tamanha brutalidade, com que foram recebidos os policiais militares na aldeia”.

A deputada Mara Caseiro (PSDB) lembrou que duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) se dedicaram a apurar fatos relacionados à violência contra os povos indígenas e à possível participação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) na incitação para a invasão de propriedades rurais. “Não sei mais a quem me reportar, porque para mim ficou muito clara a participação do CIMI na incitação dos indígenas e agora temos mais uma vida perdida”, disse a deputada, que presidiu a CPI do CIMI na Casa de Leis. Ela cobrou providências da Igreja Católica contra a entidade.

João Grandão (PT) voltou a enfatizar que o Governo do Estado tem responsabilidade de coibir a violência contra os indígenas. Ele presidiu a CPI que investigou a Ação/Omissão do Estado nos casos de violência praticados contra indígenas entre os anos de 2000 e 2015 em Mato Grosso do Sul, e apresentou voto em separado. “Além da questão fundiária, faltam políticas públicas efetivas, infraestrutura e há ausência do Estado, em uma situação que pode até ser caracterizada como genocídio ou, no mínimo, como massacre”, disparou. Ele apresentou Moção de Repúdio, aprovada hoje e assinada conjuntamente por Kemp, Amarildo e Almi, contra a violência que vitimiza os índios em todo o Estado.

Eduardo Rocha (PMDB), que preside a Comissão de Desenvolvimento Agrário e Assuntos Indígenas da Casa de Leis, defendeu a discussão institucional e informou que pretende visitar a área do conflito. “Esse é um assunto que não devemos politizar, porque tanto índios, como produtores e como fazendeiros, são todos povo brasileiro”, disse. “Vamos buscar fazer uma visita ao local e verificar no que podemos ajudar”, completou.

Zé Teixeira (DEM) disse que os produtores precisam se defender diante de agressões sofridas e invasões. Segundo ele, falta ordem e pulso firme do Governo Federal, e essa ausência intensifica o clima de disputa, que já é tenso na região Sul do Estado. “Estamos passando por um momento da maior vergonha do regime democrático brasileiro”, disse. Para o deputado, os produtores estão desamparados do Poder Público. “É claro que lamentamos uma morte, lamentamos muito, mas o índio morreu porque invadiu uma terra que não era dele, e se fez isso cometeu um crime, previsto na Constituição”, disse. Zé informou que o ministro da Defesa, Raul Jungmann, virá ao Estado nesta sexta-feira (16/6) para vistoriar o local. Desde quarta-feira, estão em Caarapó agentes da Força Nacional para auxiliar as Polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal. Comitiva de deputados federais, membros do Comissão dos Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara Federal, também foram à região.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Ex-namorada de Davi Brito manda indireta após término: ‘Livramento’

Vaticano divulga primeiras imagens de Papa Francisco no caixão

Funeral do papa Francisco será realizado sábado, anuncia Vaticano

Riedel declara luto de três dias em MS pela morte do Papa Francisco

Notícias mais lidas agora

Vaticano divulga que Papa Francisco morreu por AVC e insuficiência cardíaca

Arcebispo Dom Dimas celebra missa em ação de graças pela vida e pontificado do Papa Francisco

Papa Francisco

‘Mensagem que ressoará para sempre’, diz indígena de MS que esteve com o Papa Francisco

câmara projetos salário projetos

Câmara de Campo Grande vota Banco de Negócios e outros quatro projetos após feriadão

Últimas Notícias

Brasil

STF julga integrantes do ‘núcleo 2’ do golpe, ex-assessores de Bolsonaro

Julgamento está marcado para esta terça-feira na Primeira Turma

Transparência

Com audiência marcada na Justiça, Sejusp turbina contrato e repassa R$ 3,3 milhões à Compnet

Com reajuste, Compnet passa a receber R$ 59,8 milhões para fornecer sistema Sigo para MS

Polícia

Policial aposentado é executado a tiros em frente à sua casa perto da fronteira com o MS

Pistoleiro chega a pé e atira com uma espingarda calibre 12 mm

Cotidiano

Bolsa Família: beneficiários com NIS final 4 recebem parcela de abril nesta terça-feira

Em Mato Grosso do Sul, 201.654 famílias recebem o Bolsa Família