Coligação pede explicação de candidato que declarou ter R$ 6,5 milhões

Caso teria ocorrido em Ponta Porã

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Caso teria ocorrido em Ponta Porã

O candidato a prefeito de Ponta Porã, Hélio Peluffo (PSDB), da coligação “Juntos Reconstruindo Ponta Porã”, foi acionado na Justiça Eleitoral, por supostamente estar guardando mais de R$ 6 milhões em casa, em espécie. Sua defesa confirma a ação, mas nega o fato questionado e afirma que é apenas um erro de registro de informações.

A ação foi ingressada por uma das coligações adversárias, que tem como candidato Chico Gimenez (PMDB), da coligação “Unidos pela Ponta dos Nossos Sonhos”. De acordo com o sistema de registro de candidaturas – Divulgacand, na relação de bens de Peluffo, aparece um registro de R$ 6.650.000,00, como dinheiro em caixa e em espécie – moeda nacional, além de outros bens.

Segundo o advogado da coligação acusada, Fábio Caffarena, isso foi um erro de registro. “Isso foi um erro de prestação de informações que está sendo retificado. Foi um erro na prestação de bens da receita federal, sem nenhum tipo de ocultação, mas um excesso de informação. O correto seria contar esse valor, mas que não é de espécie em caixa e sim dinheiro em espécia, aplicações financeiras, empréstimos a terceiros e aporte a empresas. Tudo isso está sendo encaminhado a justiça eleitoral ainda nesta quinta-feira (29), inclusive o pedido de retificação desses dados”.

A defesa explicou que a ação foi ingressada no último dia 27 e a defesa já foi feita nessa quarta-feira. Ele alega que tudo isso é questão política. “Já foi feita uma contestação e esta imputação falsa. Evidentemente o candidato não possui R$ 6 milhões e meio em casa, de forma alguma. Eles utilizaram a declaração de imposto de renda do candidato quando eles deveriam ter utilizado por base os bens que ele efetivamente possui. Ainda nesta quinta, iremos entrar com pedido de retificação desses dados para que seja especificado corretamente, na 52ª zona eleitoral de Ponta Porã”.

“O processo está em segredo de justiça a nosso pedido, por conter dados fiscais. Sem duvida isso é questão política nesta reta final de campanha. Com relação a informação de que foi pedido para que o valor fosse depositado em 24h não procede por que o fato em si não é verdade”, ressalta o advogado.

O advogado ainda relata que foi veiculado na cidade a informação de que a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Ponta Porã teria assinado a ação juntamente, o que foi negado pela Ordem. Eles inclusive divulgaram uma nota esclarecendo o fato. Confira a nota na galeria.

Segundo o site Porã News, os autores da ação consideram que o candidato tem uma verdadeira fortuna em casa e ainda sugerem uma hipótese de como é guardada: debaixo do colchão. Isso – argumentam – afronta vários princípios constitucionais, a dignidade da Justiça Eleitoral, a consciência popular e a segurança jurídica do processo eleitoral.

Diante do fato de Peluffo ter declarado também uma aplicação financeira de R$ 2 mil 557,53 na Caixa Econômica Federal, os advogados questionam a capacidade gerencial do candidato: “Tal monta {os R$ 6 milhões 650 mil}, aplicada na poupança (renda média de 0,65%/mês), renderia nada menos que R$ 43 mil 225, mais que o dobro do salário de um juiz ou promotor de Justiça”.

Em seguida, a coligação recorrente supõe ser grande a possibilidade de que esses recursos foram mantidos fora de aplicações financeiras por motivos obscuros, “já que ninguém, em sã consciência, deixaria de ganhar mais de R$ 40 mil/mês em rendimentos”. Outra “coerência inexplicável” citada pelos advogados da coligação refere-se aos riscos que Peluffo expôs a própria família ao guardar esse dinheiro em sua casa, observando que Ponta Porã é uma cidade de fronteira seca e marcada por crimes de grande violência.

O site diz ainda que a ação pontua o fato de Peluffo ter precedentes que podem reforçar a suspeição sobre a guarda doméstica dessa fortuna. O candidato tucano foi secretário de Obras na gestão do prefeito Flávio Kayatt (PSDB) e, por atos nesse período, responde a uma ação de improbidade administrativa, acusado de integrar um esquema que teria desviado mais de R$ 2 milhões, e outra demanda do Ministério Publico envolvendo-o na venda irregular de lotes no Assentamento Itamarati.

A reportagem tentou contato com alguém da coligação do PMDB, para falar do caso, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.

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