A trama seria entre Delcídio,  Dilma e Cardozo

Diogo Ferreira, assessor do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), confirmou informações do parlamentar sobre suposta tentativa da presidente Dilma Rousseff de obstruir a Operação Lava-Jato da Polícia Federal. A trama teria a participação de Delcídio, de Dilma e do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, atual advogado-geral da União.

A trama teria a participação de Delcídio, de Dilma e do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, atual advogado-geral da União. Também participariam dos planos os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Francisco Falcão e Marcelo Navarro. A nomeação de Navarro para o STJ, feita no ano passado, serviria para que ele votasse em linha favo rável a réus e investigados nos julgamentos de habeas corpus de executivos de empreiteiras presos pela operação, Ferreira disse que não esteve com a presidente da República ou com os ministros, mas que ouviu histórias contadas pelo senador.

Ao tratar sobre o episódio, Ferreira disse que em um determinado fim de semana, Delcídio lhe disse ter tido um encontro particular com Dilma “a qual lhe pedira, na ocasião, que obtivesse de Marcelo Navarro o compromisso de alinhamento com o governo para libertar determinados réus importantes da Operação Lava-Jato”.

“Segundo o senador Delcídio do Amaral, a presidente Dilma Roussef falou expressamente em Marcelo Odebrecht; que o depoente ficou encarregado de fazer contatos corn Marcelo Navarro e usava o aplicativo WhatsApp para essa finalidade; que o depoente oferece a relação de mensagens que trocou com Marcelo Navarro e se recorda de uma, em 20/7/2015,  uma segunda-feira, em que transmite a ele pedido do senador de que viesse a Brasília para uma reunião; que, ao que se recorda, essa mensagem foi enviada logo depois do fim de semana em que o Senador encontrou a Presidente da República; que o Senador Delcídio Amaral disse ao depoente, pela menos duas vezes, que o então ministro José Eduardo Cardozo lhe disse que Marcelo Navarro era ligado a Joaquim Falcão, o qual também estava alinhado com o governo federal”, informa a delação de Ferreira.

Em seguida, Ferreira admite que não participou de nenhuma reunião: “O depoente, como assessor, não participava de reuniões entre autoridades” e que uma vez Delcídio pediu ao ministro Cardozo os números dos pedidos de habeas corpus relativos a ex-diretores da Petrobras presos na Lava-Jato e que seriam analisados pelo STJ. Depois Delcídio lhe disse que seriam analisados pelo STJ. Depois Delcídio lhe disse que “havia a intenção de obter de Marcelo Navarro prestação jurisdicional favorável aos pacientes nesses habeas corpus”.

“Em uma ocasião, ao que se recorda o depoente, depois do encontro do Senador com a Presidente Dilma Rousseff, Marcelo Navarro, quando deixava o gabinete do Senador Delcídio do Amaral, disse, ao despedir-se: “Não se preocupe, está tudo entendido”; que depois da posse de Marcelo Navarro o assunto nao foi mais comentado”, informa o documento.

Lula, Bumlai e Esteves Ferreira endossou as informações do parlamentar sobre suposta tentativa de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de obstruir a Operação lava-Jato. Ferreira implicou o banqueiro Andre Esteves, a família do pecuarista José Carlos Bumlai e o senador.

Segundo Diogo, Lula teria tentado embaraçar a operação Lava-Jato ao coordenar esquema para pagar á família de Nestor Cerveró, ex-diretor de Internacional da Petrobras, para que ele não fizesse delação. Os pagamentos foram bancados pelo pecuarista Bumlai e por seu filho Maurício Bumlai, intermediados por Delcídio e orquestrados por Lula, disse Diogo

O delator disse que não participou de conversas com Lula, mas apenas “ouviu dizer” que o esquema foi feito por ele. Ferreira também citou o banqueiro André Esteves, mas disse não conhecer o executivo.

Segundo o delator, em mais de uma ocasião Delcídio lhe disse que Lula manifestava preocupação corn a Lava-Jato, “especificamente com sua incisividade”. Em determinada ocasião, entre abril e maio de 2015, Delcídio “comentou com o depoente que participou de uma reunião” com Lula no hotel Golden e Royal Tulip, em Brasília, e que “o ex-presidente manif festou preocupação com a hipótese de Nestor Cerveró vir a fazer acordo de colaboração premiada”.

Ferreira disse ter ido ao menos três vezes a São Paulo buscar dinheiro com a família Bumlai para comprar o silêncio de Cerveró. O dinheiro foi entregue ao o advogado Edson Ribeiro, que defendia Cerveró, disse o delator.

Sobre Esteves, Ferreira disse que Delcídio lhe comentou em algumas ocasiões “que André Esteves tinha preocupação com uma possível colaboração premiada de Nestor Cerveró por conta de algo relacionado com embandeiramento de postos de combustíveis e negócios na África”.

Ele disse ter participado de reunão com Delcídio e Riberio na qual o senador afirmou que Esteves “seria o ‘plano B’” para pagar os honoráros do advogado.

“Em 14/10/2015, Edson Ribeiro trocou mensagens com o depoente, também com autodestruiçao programada [das mensagens de celular], mas fotografadas, em que Edson Ribeiro cobra uma conversa com pessoa referida como A.E., que o depoente confirma ser André Esteves, e pede que o auxílio financeiro seja retomado; que o depoente respondeu, por orientação do do Senador Delcídio do Amaral, com indicação de que as agendas eram difíceis de alinhar, mas que estava organizando o encontro, e que estavam dispostos a ajudar; que o depoente esclarece que a intenção do Senador era não fazer o encontro de André Esteves com Edson Ribeiro, mas que era verdade que André Esteves estava disposto a prover auxílio financeiro; que entrega, na ocasião, registros de trocas de mensagens pertinentes ao objeto do depoimento, uma delas, de Mauricio Bumlai, em aúdio”, informa a delação de Diogo Ferreira.