Do montante, R$ 253 milhões são dívidas deixas pela gestão do PMDB

Quase 100 dias após assumir o Governo do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), apresentou o relatório feito nas contas deixadas por seu antecessor, André Puccinelli (PMDB). O resultado é um rombo de R$ 450 milhões, entre dívidas com fornecedores, previdência e montante necessário para conclusão de obras, dentre elas o Aquário do Pantanal.

“O que foi nos passado é que todas as obras que ficassem inacabadas ficariam com dinheiro correspondente para o termino. Não foi o que encontramos”, revelou o governador, prometendo que a partir de agora não vai mais falar sobre o passado, ou a herança deixada por Puccinelli.

A auditoria feita por Reinaldo aponta que o ex-governador deixou R$ 143 milhões de dívidas de pessoal, valores descontados da folha dos servidores e que deveria ser usado para pagamento de empréstimos consignados e com encargos trabalhistas.

Outros R$ 110 milhões foram herdados de dívidas com fornecedores. Segundo o tucano, o antigo governo deixou de pagar prestadores de serviços de limpeza e manutenção, além de contratos de publicidade e convênios de terceirizados. Em alguns casos, revelou Azambuja, o valor a ser pago às empresas foi liquidado e cancelado, deixando os prestadores como credores do Estado.

“Esse calote de R$ 253 milhões, parte o governo já assumiu”, afirmou Reinaldo, citando o pagamento dos empréstimos consignados para deixar ‘negativado’ o servidor, e os encargos trabalhistas repassados à Ageprev/MS (Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul).

Obras

No balanço apresentado pelo governador também estão R$ 578,8 milhões em obras deixadas pela antiga gestão. Deste total, R$ 222,5 milhões são de empreendimentos viários, como pavimentação de rodovias, outros R$ 182,7 milhões de empreendimentos civis e mais R$ 173 milhões de infraestrutura urbana.

“Vamos concluir todas. Não vai ficar nenhuma inacabada”, prometeu Azambuja, pontuando pelo menos 80% dos empreendimentos deixados por Puccinelli serão concluídos até 31 de dezembro de 2015.

Ao todo são 301 obras herdadas pela gestão tucana, que ainda demandam R$ 192,3 milhões para serem concluídas. Valor que, segundo Reinaldo, foi prometido pelo ex-governador, mas não foi encontrado pelo atual governo.

Finanças

O governador revelou ainda que a gestão de Puccinelli implantou um novo sistema contábil-financeiro de gerenciamento das contas estaduais no dia 31 de dezembro de 2014, que acarretou problemas para a equipe tucana.  

Outra questão apresentada pelo tucano, foi o não cumprimento das metas estabelecidas pelo PAF (Programa de Ajuste Fiscal), medida que permite uma repactuação anual com a União referente à negociação das dívidas dos Estados.

Mato Grosso do Sul não conseguiu cumprir algumas metas, o que acarretou multa de R$ 24,8 milhões. Para não pagar esse valor, Reinaldo se disse obrigado a assumir parte da dívida de seu antecessor, no valor de R$ 34 milhões, montante que foi transferido para o exercício fiscal de 2015.

Responsabilidades

Azambuja afirmou ainda que o resultado apresentado nesta terça-feira (7), serão encaminhadas para os órgãos de controle externo, como o TCE (Tribunal de Contas do Estado), para serem somados ao que foi repassado pela equipe de transição governamental.

Reinaldo descartou aumentar impostos para recuperar as finanças e arcar com os compromissos financeiros encontrados por seu governo. “Temos que equilibrar as contas entre receitas e despesas. Comprar melhor, contratar melhor e não criar novos tributos”, finalizou.

O ex-governador André Puccinelli foi procurado pela reportagem em seu novo endereço de trabalho profissional, mas não foi encontrado para comentar o assunto. A secretária afirmou que o peemedebista estava viajando. 

Saúde

Ainda durante o evento, o governador prometeu reforçar, até o final de 2015, a segurança pública estadual com a formação de 1,9 mil agentes, entres policiais militares, civis e bombeiros.

Outra promessa feita por Azambuja foi a instalação de 10 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no município de Ponta Porã, para atender pacientes da fronteira, bem como uma reestruturação na saúde pública da região.

O governador afirmou ainda que aguarda liberação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) dos recursos para retomada da construção do Hospital Regional de Três Lagoas, e voltou a dizer que, enquanto o governo não encontrar verba para tocar a unidade de Dourados, o Estado vai locar um hospital para atender pacientes de 32 municípios com a demanda da chamada média complexidade.