Para deputada, indicados são “fundamentais” 

Começam, nesta terça-feira (13), oitivas da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do (Conselho Missionário Indígena) na Assembleia Legislativa. Com hoŕario agendado para 14 horas, serão ouvidos, no Plenário Júlio Maia, sociólogo e jornalista Lorenzo Carrasco e o jornalista Nelson Ramos Barretto. De acordo com a presidente da CPI, deputada Mara Caseiro (PTdoB) as oitivas iniciais servirão para fundamentar os rumos da investigação.

Para o secretário executivo do Cimi, Cléber César Buzatto, os nomes – sugeridos pelo deputado Marquinhos Trad (PMDB) – reforçam que há uma visível parcialidade no objetivo da CPI. “A convocação dessas duas pessoas só demonstra exatamente aquilo que já prevíamos, que a CPI é uma tentativa de instrumentalizar os deputados para atacar os direitos indígenas”, explica o ativista.

Segundo Buzatto, tanto Lozenzo Carrasco como Nelson Ramos Barretto são conhecidos pelo perfil anti-indígena e por esta razão têm perfil técnico questionável. “O Carrasco tem diversos estudos não-reconhecidos pela comunidade acadêmica, teses totalmente falaciosas que são sempre utilizadas por defensores do agronegócio. O Baretto vai na mesma linha”, descreve o secretário.

Mas para a presidente da CPI, os nomes indicados são fundamentais para o andamento das investigações. “São pessoas que estão estudando isso há alguns anos e que inclusive participaram de algumas demarcações e perceberam que dentro dessas organizações havia interesses que não eram os primários, que é a melhoria da qualidade de vida dos indígenas. Então essas pessoas são prova viva de que tem algo de escuso nessas organizações”, explica Caseiro. “O Marquinhos foi muito feliz com a indicação. O livro dele (de Lorenzo Carrasco), a gente lendo percebe que há essa conspiração para impedir o desenvolvimento do país”, diz.

Oitivas

Além de Lozenzo Carrasco e Nelson Ramos Barretto, também foram convocados o antropólogo Edward Luz e o atual reitor da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), padre Gildásio Mendes dos Santos, que será chamado para explicar a relação da instituição com o Cimi além de fornecer outras informações. Ainda não foi determinada data para os dois depoimentos.

Para Cléber César Buzatto, a indicação de Edward Luz demonstra que não haverá imparcialidade nas oitivas. “Espero que o padre Gildásio, que já foi do Cimi, mantenha uma postura de isonomia. Mas o Edward foi, inclusive, expulso da ABA (Associação Brasileira de Antropologia) e dedica seu tempo a veicular notícias falaciosas pelo Facebook. É uma pessoa carimbada, à serviço do agronegócio, e está sendo usado também nesse instrumento de ataque aos povos indígenas”.

De fato, em seu perfil do Facebook, Edward assume a postura contrária ao Cimi. “Esta iniciativa da Dep. Mara Caseiro de ingressar com pedido de CPI para investigar o CIMI deve estar atemorizando até o mais empedernido dos militantes engajados do Indigenismo radical, afinal as evidencias são Fortes: “Além de documentos comprovando o financiamento de invasões, serão anexados vídeos e cartas onde os próprios indígenas relatam a ação do CIMI e discordam do processo de invasão de terras”!!! SE SEGURA BANCADA DO INDIGENISMO MEDIEVAL… A CASA ESTÁ COMEÇANDO A CAIR PROCÊ CIMI!!!”, postou o antropólogo no início de setembro.

A deputada Mara Caseiro não descartou que sejam convocados perfis técnicos do Estado – professores doutores das universidades que estudam a questão indígena – para deporem na CPI. “Vamos ouvir sim pessoas de Mato Grosso do Sul, porque o que queremos é buscar a verdade, doa a quem doer”, afirma. Até a publicação da reportagem, o deputado Marquinhos Trad não atendeu as ligações.