Na véspera das eleições, candidatos à OAB avaliam campanhas eleitorais
Eleições acontecem nesta sexta-feira (20)
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Eleições acontecem nesta sexta-feira (20)
Na véspera das eleições que decidirão que grupo irá comandar a OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil) na seccional de Mato Grosso do Sul pelos próximos quatro anos, a categoria esteve envolvida em um processo eleitoral concorridíssimo, no qual pela primeira vez seis chapas disputam o alto escalão da entidade. Todavia, o pleito foi marcado por mudanças significativas nas lideranças e também por denúncias e pedidos de impugnação.
Nesta sexta-feira (20), estão habilitados a votar 7.775 advogados, de um total de 12.751 profissionais ativos. Somente em Campo Grande, maior colégio eleitoral do pleito, são 4.795 advogados. Com o fim de entender como os candidatos avaliam o período eleitoral, a reportagem buscou contato com os candidatos à presidência, que são Afeife Hajj (chapa 11), Mansour Elias Karmouche (vice-presidente da Ordem, na chapa 22) Jully Heyder (chapa 33), Luiz Renato Adler (chapa 44), Lázaro Gomes (chapa 55) e Júlio César (atual presidente da Ordem, na chapa 66).
O primeiro a registrar chapa, advogado Afeife Hajj, que tem atuação no interior do Estado, destaca aspectos positivos e negativos no período de campanha eleitoral. “O que houve de positivo é a democracia e uma boa articulação com os advogados do interior. Mas, de negativo houve muita coisa que nunca aconteceu antes. Houve pesquisas fraudulentas, em que o candidato que está em primeiro está sendo acusado de abuso do poder econômico, o que faz da eleição um processo desigualitário. Existem muitos candidatos dos políticos, dos poderes, enquanto eu sou candidato da advocacia sofrida. Nunca vi uma campanha tão injusta e com tanta discriminação contra um advogado do interior, quiseram induzir o eleitor por meio das campanhas”, relata Afeife.
Da mesma forma, Luiz Renato Adler também aponta aspectos positivos e negativos. “Internamente, tivemos uma campanha muito positiva, em que conseguimos harmonia, cumplicidade de ações em discussões que foram sensacionais. O nosso grupo foi o modelo de proposta de campanha, com debates jurídicos, e não com grandiosos eventos. A gente sempre buscou o debate, o conhecimento, em vez da publicidade. Agora, externamente, a campanha deixou muito a desejar. Faltaram debates, já que muitos candidatos se recusaram a participar, e isso enfraquece o pleito. Houve também muitos pedidos de impugnação. Vimos uma chapa que usou do abuso econômico e financeiro muito grande. E isso faz a Ordem deixar de ser exemplo, jé que a gente pede o não abuso do poderio econômico dos políticos. O balanço geral que faço é que esta campanha para a OAB-MS poderia ter sido marcada com propostas e sem denuncismos. Poderia ter sido melhor.
Impugnações
O advogado Jully Heyder, por outro lado, apontou que denúncias e pedidos de impugnação são, de certa forma, naturais e esperados. “As chapas vão chegando À reta final e vão surgindo esses problemas. Nós mesmos apresentamos uma impugnação contra a chapa 22, porque o candidato a presidente exerceu cargo incompatível com a advocacia, que é a questão de ser conselheiro do Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis). Existe uma regra eleitoral que exige que o advogado candidato exerça a advocacia nos últimos cinco anos, e como ele estava em cargo incompatível com a advocacia nos últimos 14 anos, ele não poderia sair candidato. Nem ter sido eleito para vice ele poderia. Mas enfim, as impugnações fazem parte do processo, temos que ter lisura, respeito a ética e esperamos que a comissão eleitoral avalie isso c imparcialidade.
“Na verdade, isso é um fato que não tem fundamento jurídico algum, não existe este impedimento. Eu sempre exerci a advocacia e meu papel no conselho foi trabalho voluntário, no qual nunca ganhei um centavo. Tenho confiança de que este argumento é um factoide sem fundamento nenhum”, diz em própria defesa o advogado Mansour Elias Karmouche, da chapa 22. “Eu acho que, neste processo, nós atingimos nosso objetivo que era levar mensagem para a advocacia de Mato Grosso do Sul. É um momento importante de transformação da nossa instituição, para mudarmos paradigmas adotados inclusive por gestões anteriores. Acho que isso foi bem compreendido. Levamos ideias propositivas e limpa, só impugnamos aquilo que defendemos, como o nepotismo, e fomos os mais atacados. mas, isso faz parte da democracia e espero que, no final, saiamos unidos e fortalecidos. Isso é o mais importante para reunir esforços e melhorar a categoria”, completa.
Pleito curto
O advogado Lázaro Gomes, que representa a chapa 55, destaca a importância do período eleitoral como exercício da democracia plena da OAB, mas também critica os candidatos que, segundo ele, recorreram a meios escusos para se promoverem. “Primeiramente, o período eleitoral é o exercício da democracia plena na entidade. Existe uma situação de desconformidade por parte de candidatos que abusam do poder econômico, que se utilizam de meios diversos do que prega a legislação, com o fim de obter vantagem, ferindo a isonomia. Nosso grupo entende que a advocacia é uma classe preparada que obviamente irá observar dessas condutas arbitrárias. Entendo que o pleito, embora muito curto, foi positivo. É de forma democrática que esperamos que a democracia jovem reconheça as nossas propostas e nosso intuito de trabalhar pela valorização e dignidade da advocacia militante”, disse.
Além de destacar números da gestão, o atual presidente da OAB e candidato a reeleição, Júlio César, também salientou o número de denúncias e impugnações. “Nossa gestão consolidou a democracia, onde pelo menos as nossas candidaturas vêm desenvolvendo uma atividade coesa. Infelizmente, houve várias representações e denúncia ao longo do percurso da campanha, mas enfim, esta não é a nossa forma de trabalhar. Tanto é verdade que não existe nenhuma representação ou denúncia por parte da chapa 66. Nós apresentamos apenas propostas, porque este é o apelo da Ordem: discutir proposta. Os advogados estão cansados de debates fora de questões que envolvem a categoria. Eu vejo como positiva a nossa posição e ela continuará sendo sempre independente, sempre mantendo diálogo franco, aberto e sincero, porque a OAB, no nosso tempo de presidência, chegou a números expressivos por conta da independência e o enaltecimento dos valores republicanos e da consolidação da democracia”, concluiu.
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