Azambuja gastou bem menos no mesmo período

Uma auditoria feita pelo governo de Reinaldo Azambuja (PSDB) levou o grupo de André Puccinelli (PMDB) a prisão. Até agora o Ministério Público Estadual solicitou prisão por conta de suspeita de desvio em duas rodovias, mas a auditoria entregue pela gestão tucana revela suspeita de desvios de R$ 11,8 milhões em obras.

A auditoria foi prometida por Azambuja no início da gestão, mas demorou um pouco a ser entregue. Antes de entregar o atual governador e sua equipe tomaram conhecimento da discrepância dos gastos atuais se comparado ao de Puccinelli e pode ter criado coragem para repassar as informações para as autoridades competentes.

Em julho de 2015 Reinaldo apresentou uma diferença de R$ 34,1 milhões de gastos se comparada a sua gestão com a de Puccinelli na manutenção de rodovias pavimentadas e não pavimentadas. A diferença refere-se a um comparativo com gastos de Puccinelli de janeiro a junho de 2014 com o de Azambuja no mesmo período, mas em 2015. Puccinelli gastou R$ 60.205.916,11 com manutenção, enquanto Azambuja R$ 26.043.425,71 no mesmo período.

Na manutenção de rodovias pavimentadas Puccinelli pagou R$ 28.491.922,76 e Azambuja R$ 12.541.995,55, somando diferença de R$ 15.949.927,21. Já na manutenção de rodovias que não são pavimentadas o gasto do gestor passado foi de R$ 31.713.993,35, enquanto o sucessor investiu R$ 13.501.430,16, chegando a uma diferença de R$ 18.212.563,19.

As empresas de João Amorim, que também está preso na Lama Asfáltica, estão entre as que apresentaram diferença. Nos primeiros meses de 2014 Puccinelli pagou mais que o dobro para a Proteco Construções Ltda., R$ 7,3 milhões contra R$ 3,5 milhões desembolsados por Azambuja.

A diferença foi a mesma apresentada em outra empresa, de propriedade do genro de João Amorim, Luciano Dolzan. A LD Construções recebeu R$ 1.306.279,12 de André Puccinelli e um pouco mais da metade de Azambuja, R$ 686.784,80.

Prisão

Ontem o juiz Carlos Alberto Garcete decretou a prisão por mais cinco dias do ex-deputado Edson Giroto, Elza Cristina Araújo dos Santos, João Alberto Krampe Amorim dos Santos, Maria Wilma Casanova Rosa (ex-adjunta da secretaria de Obras de Puccinelli), Maxwell Thomé Gomez, Rômulo Tadeu Menossi, Wilson Cabral Tavares (ex-secretário de Obras) e Wilson Roberto Mariano de Oliveira. Eles já estavam presos e continuaram nas celas. Átila Garcia Gomes Tiago de Souza foi o único que escapou da nova prisão.

Na primeira vez que decretou a prisão o juiz ponderou que o material apresentado pelo Ministério Público justificava o pedido de prisão: “Há farta documentação a indicar, prima facie, que, possivelmente, consolidou-se uma organização criminosa com objetivo de auferir vantagens ilícitas em contratos administrativos de obras e serviços com o Estado de Mato Grosso do Sul, consistente em falsificações de medições e outras ações escusas que objetiva receber por serviços não realizados ou realizados de forma insuficiente”, justificou.

Garcete declarou ainda que  a prisão temporária dos representados era fundamental para a conclusão das investigações. “A prisão temporária dos investigados é imprescindível, diante do possível direcionamento e manipulação da prova oral dos investigados, aliado à criação de óbices para a coleta de novos dados (art. 1º, I, da Lei n. 7.960/89), de modo que a medida permitirá que os representados sejam ouvidos, separadamente, acerca dos fatos, sem que tenham como combinar eventual versão e assim conseguirem mascarar a realidade dos fatos, consoante o art. 191 do CPP, além de garantir a segurança física e psicológica das testemunhas que já colaboraram, e colaborarão nas investigações”.