Deputada de CPI ruralista tenta censurar divulgação sobre ‘concorrente’
Mara Caseiro questiona palavra ‘genocídio’ em investigação
Arquivo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
Mara Caseiro questiona palavra ‘genocídio’ em investigação
Presidente da CPI do Cimi, aberta por interesse de ruralistas para investigar o Conselho Indigenista Missionário, a deputada estadual Mara Caseiro (PT do B) está tentando censurar outra CPI da Assembleia Legislativa, esta criada em reação à primeira e apoiada por lideranças indígenas. Em questão de ordem publicada no Diário Oficial da casa na sexta-feira (20), ela sugere que o uso da palavra ‘genocídio’ cria “um sentimento de ódio infundado” da opinião pública contra fazendeiros.
Os dois grupos de investigação parlamentares foram abertos este ano para apurar aspectos opostos do conflito entre índios e fazendeiros no Estado. A do Cimi quer saber se o grupo, ligado à Igreja Católica, incentiva ações de indígenas contra fazendeiros, enquanto a do Genocídio, criada logo em seguida após contestações públicas de grupos ligados aos interesses dos índios à primeira, investiga casos de violência – inclusive com morte – decorrentes da disputa por terras.
Encabeçada pelo PT, a CPI do Genocídio chama-se oficialmente “CPI da Omissão/ação do Estado nos casos de violência contra o povo indígena de Mato Grosso do Sul de 2000 a 2015″. Mara é vice-presidente deste outro colegiado.
Na questão de ordem, datada de 12 de novembro, Mara Caseiro diz que ligar ‘genocídio’ à CPI tem “o nítido objetivo de criar, artificialmente, na opinião pública, um sentimento de ódio infundado, face aos atores do setor produtivo rural”. E atribui a esta denominação “o nascimento de um movimento de ‘boicote’ internacional à produção agroeconômica do Estado de Mato Grosso do Sul, com evidentes prejuízos à ordem econômica e social e à própria segurança do Estado e do Brasil”.
Em seguida, a deputada aponta “fundado temor de que a inicialização dos trabalhos desta CPI, sem o aclaramento das dúvidas, contradições e ambiguidades, até aqui fomentadas, possam estimular novas exacerbações e desvios de difícil e até impossível reparação nos planos econômicos e sociais do Estado e da Nação”.
A deputada questiona se nos autos do processo da criação da CPI existe alguma “prova documental pré-constituída que indique a ocorrência no Estado de crime de genocídio, assim entendido como extermínio parcial ou total de grupo nacional, religioso ou étnico”. Em seguida, pede orientações para proibir a relação do termo à investigação, nas palavras dela, evitando “falso entendimento de que crime de genocídio está sendo apurado nesta instância parlamentar”.
No requerimento de abertura da CPI, o deputado estadual Pedro Kemp (PT) cita mortes de lideranças indígenas como Marçal de Souza, Marcos Verón, Oziel Gabriel e Semião Vilhalva, este morto recentemente durante o confronto entre índios e fazendeiros, na zona rural de Antônio João, a 402 quilômetros de Campo Grande, no dia 29 de agosto. Ele tinha 24 anos e morreu com um tiro na cabeça.
“Também é genocídio quando as comunidades ficam abandonadas, crianças morrem de desnutrição, na miséria extrema”, defendeu Kemp na ocasião. Na manhã deste sábado (21), o deputado e o colega de bancada João Grandão (PT), presidente da CPI do Genocídio, não foram localizados, por telefone, para falarem sobre a questão de ordem apresentada por Mara.
A CPI do Genocídio começou os trabalhos no começo do mês e tem previsão de ouvir, na próxima semana, o secretário da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), Silvio César Maluf. A CPI do Cimi também segue em curso, com reuniões e depoimentos semanais.
Mara tem encontrado resistência por parte de lideranças e grupos ligados a indígenas há vários meses – os mesmos que, em outras ocasiões, defenderam e provocaram a Assembleia Legislativa a abrir a CPI do Genocídio. No fim de setembro, por exemplo, durante discurso na tribuna da Assembleia Legislativa, ela ouviu gritos de “assassina” vindos da plateia.
Notícias mais lidas agora
- Empresário morre ao ser atingido por máquina em obra de indústria em MS
- Polícia investiga ‘peça-chave’ e Name por calúnia contra delegado durante Omertà
- Ex-superintendente da Cultura teria sido morto após se negar a dar R$ 200 para adolescente
- Suspeito flagrado com Jeep de ex-superintendente nega envolvimento com assassinato
Últimas Notícias
Rayssa Leal tira 9,1 na última nota, levanta a torcida e é tricampeã do Super Crown
Em sua primeira volta, Rayssa mostrou muita classe e técnica
Mulher aciona a polícia após ser agredida a socos e chutes por segurança de boate em Campo Grande
Caso aconteceu na madrugada deste domingo (15) e vítima foi até a delegacia registrar boletim de ocorrência
Câmara de Vereadores de Campo Grande não terá expediente na última semana do ano
Prédio passará por manutenções entre 24 a 31 de dezembro
Batayporã adiciona R$ 474,4 mil em contrato com empresa paulista para limpeza pública
Contrato foi fechado com a empresa A S N Ambiental LTDA, com sede em Lençóis Paulista, no Estado de São Paulo
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.