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Delcídio prometeu ação de Dilma, Renan e Lobão, diz filho de Cerveró

Bernardo contou aos procuradores da República

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Bernardo contou aos procuradores da República

Em depoimento à Procuradoria Geral da República em 19 de novembro, o ator Bernardo Cerveró – filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró – revelou detalhes das reuniões que teve com o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) antes de gravar uma conversa com o ex-líder do governo no Senado.

No documento – ao qual a TV Globo teve acesso com exclusividade – Bernardo contou aos procuradores da República que o parlamentar petista teria citado os nomes da presidente Dilma Rousseff e dos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Edison Lobão (PMDB-MA).

Em uma das reuniões, ressaltou o filho de Cerveró, Delcídio prometeu fazer uma “movimentação política” para obter um habeas corpus para o ex-diretor da Petrobras. Cerveró foi preso em janeiro ao desembarcar no aeroporto internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, acusado de envolvimento no esquema de corrupção que atuava na estatal do petróleo.

Segundo Bernardo, o ex-líder do governo assegurou que a presidente da República iria auxiliar no caso de Cerveró. De acordo com o relato do filho do ex-diretor, Delcídio foi irônico ao prometer a intervenção da chefe do Executivo.

“Dilma vai ajudar, não sei se por filantropia ou porque a água chegou até o pescoço”, contou Bernardo, relatando trecho da conversa com o senador petista.

Bernardo ponderou aos procuradores que teve a impressão de que se tratava de um “blefe” de Delcídio.

“O depoente [Bernardo Cerveró] teve a impressão de que esse comentário era um blefe do senador e que 95% dos comentários dele eram blefes”, diz trecho do depoimento.

O filho de Cerveró justificou que, mesmo assim, continuava conversando com o senador porque “5% (das promessas) podiam ser reais”. A essa altura, Bernardo já suspeitava do envolvimento de Delcídio com o esquema de corrupção que atuava na Petrobras.

Renan e Lobão

Bernardo Cerveró também contou aos procuradores da República que, no dia 1º de fevereiro, se reuniu com o ex-líder do governo no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, onde Delcídio estava hospedado. No encontro – realizado 18 dias depois da prisão de Cerveró – o senador teria, conforme o depoimento, sugerido que a família do ex-dirigente da petroleira procurasse  Renan Calheiros e Edison Lobão.

De acordo com Bernardo, Delcídio sugeriu os nomes do presidente do Senado e do ex-ministro de Minas e Energia porque Cerveró “teria trabalhado com essas pessoas”.

Questionado pelos investigadores sobre como Delcídio poderia “concretamente” ajudar Cerveró a sair da cadeia, Bernardo disse que o senador petista tinha “entrada” no Supremo Tribunal Federal (STF) e “esteve com Dilma e lideranças”, sempre tentando sinalizar que “poderia haver melhoria da situação de Nestor Cerveró a partir desses contatos políticos”.

Bernardo admitiu que tinha esperanças de que o então líder do governo no Senado conseguisse, sozinho ou com mais políticos, convencer um ou mais juízes a conceder um habeas corpus ao pai dele.

Em nota, a assessoria de Renan afirmou que o presidente do Senado “reitera que suas relações com as empresas públicas nunca ultrapassaram os limites institucionais”.

“O senador [Renan Calheiros] já prestou os esclarecimentos necessários, mas está à disposição para novas informações, se for o caso. Renan acrescenta ainda que nunca autorizou, credenciou ou consentiu que seu nome fosse utilizado por terceiros”, diz trecho do comunicado.

A assessoria de Delcídio informou que o senador do PT está “focado” exclusivamente na defesa dele e que qualquer esclarecimento será dado por ele somente em juízo.

Responsável pela defesa de Lobão, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro disse que a sugestão do senador do PT é “absolutamente fora da realidade”.

“Essa sugestão do senador Delcídio do Amaral é absolutamente fora da realidade. Se o senador Edison Lobão tivesse qualquer influência no Judiciário, ele não estaria respondendo a quatro inquéritos. O senador Lobão é muito recatado com relação ao Judiciário. Delcídio estava fazendo uma série de bazófias, ele teve o dom de fazer coisas sem nexo”, afirmou o advogado ao G1.

O G1 também procurou a assessoria da Presidência da República, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

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