Contrários à PEC veem ‘retrocesso’ com redução da maioridade
Ativistas criticaram a aprovação do projeto nesta terça na Câmara
Arquivo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
Ativistas criticaram a aprovação do projeto nesta terça na Câmara
Ativistas contrários à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 171, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos, classificam como ‘retrocesso’ o projeto, aprovado no final de março pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados. Eles participaram, nesta terça-feira (9), de uma audiência pública convocada pelas comissões permanentes de Direitos Humanos e Assistência Social e do Idoso, na Câmara de Campo Grande, e já organizam frentes para pressionar pelo fim da proposta.
“[A aprovação da redução] acirra o processo de criminalização da pobreza. A delinquência não nasce com a criança, é a nossa sociedade que cria isso. Uma sociedade que quer colocar milhares de adolescentes dentro do sistema penitenciário”, afirma o professor Paulo César Paes, doutor e pesquisador da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
A PEC estava engavetada no Congresso desde 1993 e foi chancelada pela CCJ por 42 votos a 17. Com isso, uma comissão especial foi criada para debater a proposta por 40 sessões. Antes de vigorar, no entanto, ela deve ser aprovada em duas votações em plenário, tanto na Câmara, como no Senado.
Para o professor, os parlamentares agitam de má fé ao “criminalizar a pobreza”. “O investimento vai para a estrada, para o agronegócio, mas não chega para o adolescente. Essa mídia, junto com os deputados, cria mitos e a gente acaba engolindo. Os adolescentes não são tão perigosos quanto os adultos. A mídia irresponsável que utiliza dessa comoção para tomar uma atitude, que é a pior possível. Os adolescentes foram abandonados pela sociedade, sofreram negligência, e hoje cometem crimes”, completou.
O debate reuniu, além de docentes, sociólogos, movimentos sociais, representantes dos poderes Executivo, Legislativo e entidades de defesa dos direitos humanos. Foi definida, ainda, a criação de uma Frente Parlamentar Mista para tentar barrar a proposta, com articulação junto aos deputados federais e senadores sul-mato-grossenses.
“Queremos fortalecer a posição contrária ao projeto. Existe uma decisão do presidente da Câmara dos Deputados [Eduardo Cunha] em acelerar o processo de votação desse projeto. Nos preocupamos com a posição do presidente e de uma parte dos deputados federais”, disse o deputado estadual Pedro Kemp, integrante da Comissão de Trabalho, Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.
Educação – Já o defensor público da Infância e Juventude de Campo Grande, Eugênio Luiz Damião, defendeu um maior investimento em educação para tirar jovens das ruas, proporcionando inclusão social. Segundo ele, encarcerar o adolescente não é a solução, já que o sistema prisional brasileiro é “caótico e falido”.
“O último presídio inaugurado em Brasília, no começo de 2014, custou R$ 35 milhões. Isso dá para construir 17 centros de educação para crianças de quatro meses a cinco anos. Equivale a quatro escolas de período integral, cada uma com 800 alunos, no ensino fundamental e médio. Aquele presídio tirou a vaga de 3,6 mil alunos de 7 a 17 anos, em período integral, com escola de qualidade”, comparou.
“A gente tem que evitar que eles vão para esse mundo [do crime], pois o trabalho de recuperação é difícil. Mas esse trabalho existe, pois tem pessoas que estudam como fazer isso”, defendeu o cientista social Elias Borges.
Pesquisa – Levantamento feito pelo Instituto Data Folha, em abril deste ano, apontou que 87% dos brasileiros são a favor da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Os que são contras a mudança somam 11% e outros 2% não sabem ou são indiferentes. Para Kemp, no entanto, os dados refletem a superficialidade dos debates acerca do tema.
“Pesquisas refletem a falta de aprofundamento no debate. Muitas pessoas têm opinião formada a partir daquilo que é veiculado pela mídia. Precisamos ganhar a opinião pública. Não é uma audiência pública para nos convencermos, mas para que possamos fazer um trabalho na escola, no ambiente de trabalho, para convencermos outras pessoas de que a redução da maioridade penal não vai trazer melhoria alguma. Pelo contrário. Acreditamos que pode agravar a situação de jovens que vivem em situação de vulnerabilidade social”, defendeu.
Notícias mais lidas agora
- Chuva chega forte e alaga ruas da região norte de Campo Grande
- Há 13 anos, casa no bairro Santo Antônio é decorada por Elizabeth com enfeites únicos de Natal
- Pais são presos após bebê de 2 meses ser queimado com cigarro e agredido em MS
- VÍDEO: Moradores denunciam mulher por racismo e homofobia em condomínio: ‘viadinho’
Últimas Notícias
Câmara aprova fim da cobrança de roaming entre países do Mercosul
O texto segue para análise do Senado
Rompimento de fibra ótica deixa serviços de prefeitura em MS fora do ar
Prefeitura de Corumbá ficou com serviços fora do ar nesta quinta
Natal: instituto identifica itens da ceia com peso abaixo do anunciado
A Operação Pente Fino Natal fez a verificação entre 25 de novembro e 6 de dezembro
Programa de conservação de áreas verdes em Campo Grande é implementado
Criação de parcerias para serviços inerentes à manutenção e conservação de parques
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.