Mesmo com decisão judicial proibindo o leilão que arrecadaria dinheiro para financiar a luta contra os índios na disputa por terra em Mato Grosso do Sul, os fazendeiros devem manter o ato, marcado para este sábado (7), a partir da 13 horas, na sede da  Acrissul (Associação de Criadores de Mato Grosso do Sul).

Os produtores rurais dizem que a ideia é unir a classe para o ato político e leiloar o gado e produtos agrícolas que já chegaram até a Acrissul. A informação é do presidente da associação, Francisco Maia.

Os produtores têm apoio de políticos ligados ao setor ruralistas. A deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB) afirmou que estará ‘ao lado dos fazendeiros para o que eles acharem melhor’, mesmo se isso passar pelo fato de que o leilão deve ser mantido.

Conforme Maia, o leilão é parte de um evento maior, que será a mobilização para um ato político. “O gado e os produtos vão estar aqui e o leilão vai acontecer, é só pagarmos a multa. O importante é a mobilização que é o evento de sábado. Os produtores precisam ter em mente que  ano que vem tem eleição e se nós não nos unirmos poderemos acabar prejudicados. A Marina Silva mesmo mal entrou e já está desrespeitando as nossas lideranças. Ano que vem, quem quiser ganhar eleição, vai ter que respeitar os líderes e também os produtores”, disparou.

De acordo com cálculos do presidente da Acrissul pelo menos 2 mil pessoas devem estar na associação nesse sábado, entre autoridades locais, estadual e federais e produtores de diversas  regiões do estado e do  do país.

“A partir de MS outros estados farão o mesmo. Vamos chegar a mil animais, que são os que estão com as guias de transporte pagas. Suspendemos a vinda de mais por conta de decisão da Justiça, senão passaria dos 3 mil. Além disso tem produtos agrícolas, milho, soja, itens de comércio, ferramentas, muita coisa voltada ao agronegócio, além de carneiros, patos, gansos e até galinhas”, frisou.

A deputada Mara Caseiro, que integra a bancada ruralista na assembleia, declarou que defende a mobilização e que vai apoiar os fazendeiros no que eles decidirem, inclusive se essa decisão for realizar o leilão, mesmo com ordem judicial contra.

“O recurso na Justiça já foi ingressado. Agora se não conseguirmos que seja julgado e liberado do leilão propriamente dito, não sei qual vai ser a decisão dos produtores, mas estaremos com eles no que acharem melhor”, ressaltou.

Sobre a mobilização, Mara entende que ela deve ser mantida, para dar continuidade às discussões de tudo o que foi conversado e acertado pela categoria desde o início.

“Vamos estar lá amanhã para participar dessa grande mobilização. Com ou venda de produtos, os produtores estarão na Acrissul. Toda doação das prendas, de galinha até gado PO (Pura origem) é de tirar o chapéu, porque mostra que apesar de ser um momento bastante preocupante, estamos vendo a classe produtora unida. Não para montar milícia, porque a nossa intenção não é matar ninguém, mas proteger a vida e cidadania de índios e não índios”, encerrou.

Suspenso

O leilão da resistência foi suspenso no último dia 4 de dezembro, por meio de uma liminar na Justiça. Movimentos sociais denunciaram a Procuradoria da República fortes suspeitas de que o leilão serviria para formação de milícias armadas para exterminar índios durante confronto por posse de terra. Caso a ordem judicial seja descumprida a Acrissul será multada em R$ 200 mil.

O leilão ganhou o nome de leilão da resistência depois de os os índios declararem ao governo federal que iria reagir caso as demarcações de terras em MS não fossem finalizadas. Em contrapartida, Maia foi à imprensa informar que se os índios iriam reagir, os produtores iriam resistir.